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The Walking Dead – 1×03 Tell It to the Frogs

Por: em 16 de novembro de 2010

The Walking Dead – 1×03 Tell It to the Frogs

Por: em

Muitos dirão que Tell It to the Frogs é o episódio mais chato até então, o mais parado, onde nada aconteceu, onde zumbis foram escassos, e sobre o qual os vidrados nas HQ’s dirão que a série não presta. Mas querem saber a verdade? Foi o melhor exibido até agora!!

O que mais se comenta entre os fãs de seriados é que um show que se baseia em um mundo habitado por zumbis não tenta chamar atenção colocando um desses seres em cada cena, dando sustos, matando gente. Levamos sustos, eles são nojentos, existem cenas ótimas de suspense muito bem dirigido? Existe, mas se você ainda estava em dúvida sobre o que The Walking Dead se tratava, Tell It to the Frogs esclareceu muito bem. É sobre as vidas daqueles sobreviventes e como eles lidam com os zumbis. O ritmo mais lento e taxado de cansativo por muitos é a marca mais famosa do canal AMC. Seja Breaking Bad, Mad Men ou a recém cancelada Rubicon, todas elas tem esse mesmo ritmo, o que não é significado para uma série ruim. É apenas questão de gosto, e isso, não se discute.

Após assistir o episódio fiquei me perguntando por que eu gostei tanto. Por que ele me deixou ainda mais ansioso, e procurando e lendo outras críticas achei a resposta nesse artigo. Todo aquele climão de acampamento e sobreviventes, cada qual com sua vida particular e seus próprios demônios internos, guardando segredos uns dos outros, me lembrou nada mais, nada menos do que a série que eu mais amo/amei no mundo. Era assim nas primeiras temporadas de Lost, toda essa ideia de pessoas desconhecidas umas das outras que precisam estar juntas e lutar contra algo maior para ficarem vivas. O mesmo sentimento de nostalgia com a série dos náufragos foi na cena mais emocionante de The Walking Dead até agora: o reencontro de Rick com Lori e Carl. Foi impossível conter as lágrimas em um momento tão bonito, e em uma cena tão bem feita e editada. Na hora me lembrei do reencontro de Rose e Bernard que ficaram separados por meses, cada um pensando que o outro estava morto.

Claro que são contextos diferentes. A culpa na cara de Lori foi evidente na hora que viu Rick. A expressão de Shane misturando espanto, alegria e tristeza tudo ao mesmo rendeu pontos fortes para a série. O desenvolvimento de cada personagem lidando com seus próprios problemas é a base de The Walking Dead, é o que eles fazem quando não se tem esperança…é como agem quando não sabem para onde correr. E Shane já começou sua caminhada rumo ao abismo. Ele era o de facto líder do acampamento e Rick chegou já tomando decisões e dando algumas ordens. Não é fácil julgar a situação de Rick, Lori e Shane. Pelo que vimos o amigo policial fez Lori acreditar que Rick estava morto e tudo começou ai. Mas não foi só egoísmo para todos os lados. Vimos no começo desse episódio e até depois a ótima companhia que Shane é para Carl. Isso implica em ocupar o lugar de pai? Claro que não, mas Shane realmente achou que Rick estava morto ou foi apenas uma desculpa para conseguir o que sempre quis?. Mas claro, não é legal e nunca vai ser sua esposa lhe “trair” com o melhor amigo. E com a volta do marido, Lori voltou a ser Lori. Esposa devotada, mãe sensata, voz de razão, com medo de perder o marido novamente. Só achei realmente desnecessária sua reação com Shane na pedreira. Privar o policial de ver Carl? Tipo, sério Lori?

As reações de Shane quanto a isso já começaram a serem vistas no mesmo episódio. Ele acabou com Ed, não que o cara não tenha merecido, mas Shane descontou toda a raiva e desespero, e porque não, culpa, dando socos no marido de Carol. Aqui vale como curiosidade para os fãs. Carol e sua filha Sophia existem no universo dos quadrinhos, porém Carol é mais nova, loira de cabelos longos, mas igualmente instável quanto a várias situações. A diferença é que Ed, seu marido, nunca existiu nos quadrinhos, apenas sabemos que ele morreu antes de Carol e Sophia chegarem ao acampamento. Outra semelhança, (e eu já comentei como adoro que tragam essas pequenas lembranças para a série) foi toda a cena das mulheres lavarem roupas no rio, falarem do que sentem falta e ainda reclamarem de que só elas fazem o trabalho pesado, o famoso preconceito contra a mulher, de que ela precisa servir e trabalhar. Esse papel de reclamona foi preenchido por Jacqui e Andrea, mas nos quadrinhos tínhamos Donna, uma senhora muito divertida que parece ter sido cortada da série (provavelmente ela, seu marido Allen e os filhos gêmeos foram trocados por Morales que vimos ter uma esposa e dois filhos no acampamento).

É interessante escutar esses pequenos diálogos das mulheres falando que sentem falta de cafeteira, computador, máquina de lavar, celulares e até, porque não, vibradores. O mundo mudou e elas não podem mais twittar ou mandar e-mail…nem carta. Tudo o que era simples, rápido e até ultrapassado fará falta e acho extremamente necessário e válido que isso seja mostrado na série. Andrea e Amy continuam sendo boas personagens. O reencontro das irmãs também foi bonito e é uma das relações que mais gostei rapidamente nos quadrinhos. Também ficamos conhecendo mais de Dale e até do mecânico Jim, ambos personagens legais até agora.

E quem imaginaria que Merle Dixon teria um irmão? Pois é, também fiquei surpreso com isso. Daryl é tão babaca quanto Merle, mas Rick Grimes é o tipo de herói que precisa consertar tudo, não importando o que esteja em jogo, então era óbvio que ele iria voltar para pegar Merle. Glenn serviu novamente como alívio cômico, e realmente, ele poderia ter parado o alarme antes de voltar até o acampamento não é? Mas não faz mal, o cara manda bem, e sua cara de desapontamento com o pessoal desmontando seu carro foi ótima, assim como a reclamação de ter de voltar a Atlanta me fizeram rir.

Com os zumbis já chegando nas montanhas atrás de comida, (bizarra, mas ótima a cabeça decepada do zumbi ainda com vida e a flechada certeira de Daryl) e o grupo quase sem arma, tudo fechou bem. Não iriam apenas atrás de Merle, mas também de armas e do walkie talkie para Rick se comunicar com Morgan, ou seja, há uma chance de vermos Lennie James novamente? Espero que sim. Quanto ao final do episódio eu já previa que aquilo ia acontecer e como já estão falando pela internet, sim, isso lembra bem o primeiro filme de Jogos Mortais. Aliás, toda a cena inicial com Merle completamente pirado, seja por insolação, pelo motivo de estar sozinho ou simplesmente porque não é um cara normal, foi muito boa e até um pouco perturbadora. Foi um início genial para um episódio que só ficaria melhor. Foi legal ver que fugiu do clichê que é bem normal quando as pessoas se vêem em uma situação desesperadora recorrerem a Deus. Merle até tentou esboçar um pedido e um arrependimento por ser do jeito que é, mas como ele mesmo disse, não é de seu feitio. E já que foi parar algemado por suas ações, saiu de lá com outra ação: cortar a mão fora!!

Agora nos resta saber onde ele está, se conseguiu estancar o sangue da mão cortada e como reagirá quando ver o pessoal que o deixou preso lá em cima. Enquanto isso, a tensão só aumenta no acampamento, com Lori e Shane cheios de culpa. Vale falar da cena em que Lori conversa com o filho e ele fala de não estar preocupado com o pai ter ido até Atlanta, porque mesmo com tudo isso que já aconteceu, nada o matou. Pois é Carl, mas quando ele souber que sua mãe transava com Shane, isso matará seu pai, mesmo que por dentro.

Com esse episódio, The Walking Dead me conquistou de vez. E não é porque foi mais calmo, afinal eu também espero cenas de suspense e ação, muitos zumbis, gente morrendo e sangue jorrado. Mas concordo que não dá para fazer isso em todo episódio de uma série televisiva cuja liderança recai nos personagens que não estão mortos. E podemos prever bons sustos com o grupo procurando por Merle na cidade, certo? E podem ter certeza, nem tudo no acampamento são flores, como já começamos a ver…


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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