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The Walking Dead – 1×04 Vatos

Por: em 22 de novembro de 2010

The Walking Dead – 1×04 Vatos

Por: em

Com um episódio bem equilibrado entre calmaria e agitação, The Walking Dead continua fazendo um ótimo trabalho e prova que ninguém está a salvo.

Em uma série que fala sobre a sobrevivência humana em situações diferentes das enfrentadas no dia-a-dia é normal que existam mortes. Ainda mais em um elenco grande que nos apresenta diversos personagens de diferentes origens e opiniões. É sempre complicado para um roteirista matar suas crias, ainda mais quando sabem que a recepção do público para com a mesma é ótima. No caso de The Walking Dead a coisa fica ainda mais complicada, porque a história já está pronta e cabe a equipe de produção decidir se seguirá a trama fielmente ou não. Aposto que diversas mudanças serão feitas quanto as mortes, mas em Vatos, que foi escrito pelo próprio criador dos quadrinhos, Robert Kirkman, a história seguiu fiel. Para quem já havia lido e sabia de uma das primeiras mortes no acampamento, a cena inicial do episódio pode ter dado várias dicas. Mas por mais que esperasse que iriam mandar essa personagem embora, eu ainda tinha algumas esperanças que mantivessem Amy na história, já que, como comentei, mudanças são necessárias. Mas após assistir o episódio sei que a morte de Amy serviu como uma luva para a história no geral. Não adiantaria nada todo aquele clímax final se apenas figurantes fossem mortos. Aquilo precisava de mais impacto, e para que melhor que isso do que matar uma personagem simpática com a qual era fácil se importar?

Pois é, já pela cena inicial do episódio eu imaginava que daríamos adeus a Amy. E que cena linda. Além de reforçar a fantástica fotografia da série com aquela pedreira e o lago de bela cor azul/esverdeado, o diálogo das irmãs foi bem escrito. São pequenos aprofundamentos na vida dos personagens que fazem com que nos importemos com eles o suficiente para ficarmos tristes com suas mortes. Amy e Andrea acreditam que seus pais estejam mortos, mas até mesmo em um mundo como esse é permitido sonhar. E se Rick conseguiu sobreviver, por que os pais das duas não conseguiriam? Relações entre irmãos podem ser das mais diversas possíveis. Podem se odiar ou se amar, ou até existir um equilíbrio no meio disso. O que importa é que até quando são gêmeos, são duas pessoas diferentes, com gostos opostos e jeitos de se lidar com eles que diferem. Isso acontece com Andrea e Amy, e pelo diálogo das duas pudemos observar como são diferentes mas que isso não impede que se amem demais.

Mas o fato é que eles não poderiam ficar naquele acampamento para sempre. Não há nada que os prenda ali, não é uma ilha com água por todos os lados. Cedo ou tarde os zumbis iriam achar aquele lugar (isso se não foi Merle que conduziu os zumbis para o acampamento como já estão dizendo por aí). E apesar de todas as situações legais que existiram ali, a série precisaria encontrar um jeito de mudar o local do acampamento. Por isso adoraria se a história de Merle ter levado os zumbis para lá fosse verdade. Faz jus ao seu temperamento e sua sede de vingança, (vamos lá pessoa, o cara tem culhões para arrancar a mão fora e cauterizar o corte) afinal ele foi deixado por lá, e até onde sabe nem seu irmão foi atrás dele. Não dá para dizer que a ideia dele enfiar um monte de zumbis na van e levar até o acampamento não seria legal, mas confesso que no momento do ataque tive certa esperança de vê-lo chegando e acabar sendo um herói ajudando o grupo.

O ataque dos zumbis, seja lá como for que eles tenham chegado ao acampamento, foi ótimo. Não só foi um momento de tremenda tensão, como também para mostrar que apesar do ritmo mais lento e de sério aprofundamento dramático na vida dos vivos, a série mostrará bons momentos de puro sangue, tripas e desespero para todos os lados. Rick, Daryl, Glenn e T-Dog chegaram no momento certo e nem sei o que seria dos sobreviventes se eles não tivessem conseguido chegar a tempo. Só o fato de vários, se não todos, os figurantes terem sido mortos pelos zumbis já mostra o que vem pela frente. A série focará só mesmo na vida daqueles que fazem a história acontecer, mas já deu um aviso, mesmo Amy e sua até então importância na série, pode ser vítima. E foi realmente emocionante o adeus de Andrea para com a irmã e o desespero do grupo vendo que Amy morreu. Laurie Holden trabalhou muito bem…”eu não sei o que fazer Amy”. Acho que isso foi o pior de tudo. Andrea estava com as mãos atadas, não havia como salvar a irmã. Ela foi mordida no braço e no pescoço, sangrou até morrer. Não tinham como salvar Amy da morte e o fato de Andrea ter sido impotente na hora, repercutirá em sua personalidade.

Todos os outros que conhecemos e podemos nos importar (Rick, Lori, Carl, Shane, Glenn, Dale, Andrea, Morales e sua família, Daryl, T-Dog, Carol, Sophia, Jim e Jacqui) saíram aparentemente ilesos (porque né…enfim, esperemos até semana que vem). Mas vários figurantes foram vistos morrendo nas mãos dos mortos-vivos e Ed, o marido de Carol, também foi morto. Aliás, sei que ele levou uma bela duma surra de Shane, mas um dos olhos dele estava bem parecido com os de zumbis, não? As verdadeiras repercussões do ataque saberemos semana que vem. Eles não estão seguros ali, ainda mais após tantos gritos e tiros, o que só atrairão mais zumbis. Não sei ainda se gostei da parte de Jim no episódio. O sonho que ele teve e que o fez cavar todas aquelas covas mais as alucinações da insolação deram essa pequena história para o acampamento, que não sei se fui muito fã. Valeu mesmo a pena para conhecermos mais dele e saber que ele apenas está vivo porque conseguiu fugir enquanto os zumbis comiam sua esposa e filhos.

Gostei mais da pequena e singela insinuação de um relacionamento entre Andrea e Dale dentro do trailer. Quanto a esse senhor, sua citação do escritor William Faulkner do livro O Som e a Fúria foi perfeita para o momento:

“I give it to you not that you may remember time, but that you might forget it now and then for a moment and not spend all of your breath trying to conquer it.”

Eles não podem ficar pensando no que o mundo se transformou a toda hora, ou ficarão loucos. Todos aqueles sobreviventes precisam de um tempo tranquilo e bons passatempos como todos juntos ao redor da fogueira, escutando seja lá o que for, mas que os faça esquecer por um momento do que estão vivendo. Infelizmente não podem perder tempo tentando fazer com que o mundo volte ao normal, e que guardem seus fôlegos para enfrentarem e se adaptarem as situações que irão, eventualmente, acontecer.

Isto posto ainda tem todo o acontecimento com o grupo rival. E que história hein. Gostei que de cara Daryl explicou, sem parecer forçado, que o irmão não cerrou a algema porque era forte demais, por isso tirou a própria mão (que aliás ele usou perfeitamente para assustar o garoto Miguel). Tudo bem que essa história da disputa pelas armas com esse grupo em particular nunca existiu nos quadrinhos, mas foi até interessante. Guillermo, o líder do grupo foi aquilo que falamos no post da seleção das casas de Hogwarts. Ele é do estilo líder que não pediu para ser um. Era um simples ajudante da segurança de um asilo que se viu como o líder do local, em que todas as pessoas que lá já estavam, assim como as que chegaram, o viam como herói. Fiquei realmente tocado quando toda aquela fachada de poderosos com os cães que iriam devorá-los caiu devido a uma simples Abuela (avó em espanhol). A senhora, toda querida, mostrando o local para o novo grupo fez com que as máscaras caíssem e foi um tanto quanto triste ver que todos aqueles idosos foram quase completamente abandonados. Em tempos como esse, quem não quer vira líder e precisa se fazer de durão para proteger os que o vêem como protetor. Rick, como um representante dessa “classe” dividiu as armas e munições, conseguindo Glenn de volta e indo até o acampamento para salvar a família e os amigos como já mencionado acima.

Quanto a um desenvolvimento maior na trama esse episódio só teve mesmo de necessário o final, com a possível mudança de local do acampamento. As outras histórias serviram para aprofundar ainda mais certos personagens e a realidade da situação, mas nada que não pudesse ter sido deixado de lado. Mesmo assim foi mais um ótimo episódio que mostra ao telespectador para não se apegar a ninguém caso não queira sofrer. E agora faltam apenas dois episódios para o fim da temporada!!


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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