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The Walking Dead – 2×01 What Lies Ahead

Por: em 21 de outubro de 2011

The Walking Dead – 2×01 What Lies Ahead

Por: em

Valeu a pena esperar pelo retorno de The Walking Dead, que voltou amadurecida e intensa, preparando terreno para uma temporada que promete. Mas, mesmo em um episódio sólido como What Lies Ahead, a série ainda deixa a desejar enquanto drama: o grande propósito da história pode até ser o desenvolvimento de seus personagens e os diversos dilemas morais que seu cenário pós-apocalíptico propõe, mas a ação e o suspense de sua trama acabam deixando de ser um mero plano de fundo e eclipsando a parte “séria” da produção quando mostram-se mais interessantes e bem executados.

The Walking Dead não tem a mesma intensidade dramática que séries como Damages ou Game of Thrones, mas deu para perceber que eles estão tentando.  O foco nos relacionamentos pessoais, notadamente em Andrea, mostrou que o intuito dos roteiristas desta vez é fazer temporada caprichada do ponto de vista emocional, algo parecido com o que Lost fazia em seu início: te deixava completamente imerso em seus mistérios e afeiçoado a seus personagens. E é neste último quesito que a produção da AMC falhou ano passado: ninguém se importa muito com os sobreviventes.

Só conseguimos torcer para Rick, Lori, Shane e cia. em situações de perigo, quando conseguimos nos colocar no lugar deles. Poucos telespectadores estão realmente preocupados se Shane e Lori vão ficar juntos, se Andrea vai fazer as pazes com Dale, se Glenn vai ter alguma fala ou se vão arranjar uma storyline para o T-Dog: não nos interessa muito a vida desses personagens, a não ser que eles estejam enfiando uma chave de fenda no olho de um zumbi. E, apesar do ótimo material que eles têm nas mãos, que poderia render uma história de bastante profundidade, a culpa disso é do roteiro.

Shane praticamente tenta estuprar Lori, e alguns dias depois ela discute com seu agressor porque ele não está brincando com seu filho e porque quer abandonar o grupo? E isso é só um exemplo de como The Walking Dead deixa a desejar neste quesito. O texto não é genial, os personagens não são extremamente carismáticos ou brilhantemente interpretados, muitos de seus dilemas não comovem e momentos supostamente intensos são cansativos ou mal escritos (a começar pelo discurso de Rick, na primeira cena… o que foi aquele “vou contar o que o Jenner me disse: tá, não vou mais contar“?!), mas ainda assim este episódio trouxe melhoras significativas no que diz respeito a desenvolvimento de personagens.

O cliffhanger, com Carl sendo baleado, teve um grande impacto dramático, provavelmente o melhor momento da série que não está relacionado a zumbis desde seu piloto, e pode vir a elevar a carga emocional do show (já o triângulo amoroso entre os pais da criança e Shane me parece um tiro no pé). Outro grande acerto foi o sumiço de Sophia, uma trama que nem mesmo está presente na HQ, mas soube preencher este episódio tão denso e silencioso sem soar excessivamente melodramático ou sem propósito – e deixando-nos completamente despreparados para a cena do veado.

Mas não teve jeito: em What Lies Ahead, novamente a luta dos sobreviventes para escaparem da infecção zumbi chamou muito mais atenção do que sua trama, com destaques para a já citada cena da chave de fenda e para a dissecação do zumbi: Daryl esteve tão awesome neste episódio que já se tornou meu personagem favorito. Carl entrando no carro do zumbi “adormecido” para pegar as armas foi bacana, principalmente porque o walker não acordou: The Walking Dead é sempre melhor quando foge do óbvio. O suspense foi tão aflitivo que o fato deles não terem enxergado o grupo de zumbis até que eles adentrassem a rodovia foi relevável – é impossível dizer que este episódio foi menos do que ótimo.

Agora, uma coisa que me incomodou bastante foi o número de cenas que traem preceitos que a série já estabeleceu: os personagens entraram em contato com sangue zumbi de diversas maneiras e o risco de contaminação não é nem mesmo citado, os zumbis não sentem o cheiro deles quando estão escondidos debaixo do carro e não ouvem os gritos desesperados de Andrea enquanto está matando o zumbi que a atacou, os zumbis que estavam dentro da igreja permaneceram em seus lugares, ao invés de saírem atrás de carne humana, e por aí vai. Não é (só) chatice de fanboy dagraphic novel; essas coisas realmente contam em uma série que cativou pela maneira cruelmente realista como abordou seu apocalipse zumbi em seu primeiro ano.

O retorno de The Walking Dead foi superior aos últimos episódios exibidos ano passado, mas essa premiere, por mais empolgante que tenha sido, escorregou feio em alguns momentos. A temporada tem mais doze episódios pela frente, e vai precisar mostrar qualidade dramática daqui há alguns episódios, quando a euforia de sua volta tiver passado, sua season finale estiver longe de chegar e, o que é pior, a falta de Darabont começar a ser sentida. Mas depois de um episódio como este, acho que os zumbis da AMC merecem nosso voto de confiança.

E para você: a série ainda tem o que melhorar ou está ótima do jeito que está? Participe da review comentando!


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

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