Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

The Walking Dead – 2×02 Bloodletting

Por: em 27 de outubro de 2011

The Walking Dead – 2×02 Bloodletting

Por: em

Em um de seus melhores episódios até hoje, The Walking Dead conseguiu utilizar o cliffhanger da season premiere para fortalecer seu âmbito dramático e mostrar a força de seus personagens. Em Bloodletting, a série mostrou que tem muito mais a oferecer além de violência gráfica, terror e suspense: apesar de alguns exageros melodramáticos, o que vimos aqui não foi a aventura gore com a qual estamos acostumados, e sim uma forte história sobre pessoas desesperadas.

Este segundo episódio misturou melodrama com suspense, ação e interessantes questionamentos. Além da introdução da família Greene e sua fazenda, ele dividiu-se entre a luta pela vida de Carl, a busca por Sophia e a infecção de T-Dog, três tramas muito bem conduzidas que renderam ótimas cenas e permitiram um maior desenvolvimento de seus personagens: o grande objetivo da franquia The Walking Dead (seja a série, a graphic novel ou o que for) é mostrar seres humanos comuns lidando com situações extremas, que desafiam sua sanidade mental e forçam seus limites físicos e psicológicos. Isso estava muito acentuado em Bloodletting, um dos episódios mais profundos do seriado até aqui.

No início do episódio, tivemos um acertado diferencial: o flashback que nos levou de volta ao dia em que Rick foi baleado, antes do zoombie boom. Além de ter evocado na mente dos telespectadores alguns fatos que foram deixados para trás (alguém aí lembrava que Rick e Lori tinham problemas pessoais ou das circunstâncias nas quais ele levou o tiro?), esta cena causou impacto ao contrastar-se com a atual situação desesperadora desta família, ao retratar um momento tão cotidiano quanto mães conversando na saída de uma escola de ensino fundamental.

E aí chegamos à Fazenda Hershel e somos apresentados a seus habitantes de maneira nada didática. Otis entrou em choque após perceber que atirou acidentalmente em Carl e depois sai para uma missão suicida, Hershel está aplicando sua experiência veterinária em um garoto que tem uma bala alojada no tórax, Maggie saiu pela floresta defendendo-se de zumbis com um taco de beisebol e Patricia (namorada de Otis) não teve nem doze segundos completos de screentime. Adorei a Fazenda Hershel da série, que guarda muitas similaridades com a dos quadrinhos, e também dos personagens introduzidos através deste cenário.

Falando neles, em um episódio que focou-se mais na emotividade da série, era de se esperar que as interpretações fossem de alto nível, e nisso não fomos decepcionados. The Walking Dead não tem o elenco mais inspirado da TV, mas desta vez seus atores fizeram bonito. Destaque para John Bernthal, que conseguiu transformar Shane em um personagem crível novamente, Andrew Lincoln, que nunca entregou (na série) uma atuação digna de Emmy, mas soube transmitir a aflitividade da situação de Rick, e para Scott Wilson, o veterano intérprete de Hershel (aliás, gostei bastante do ponto de vista dele em relação ao apocalipse zumbi: seria mesmo uma reação da natureza?). Sarah Wayne Callies, que vinha trazendo ao público uma Lori bastante superficial, também surpreendeu, principalmente na cena em que vê o filho debilitado.

Em relação à trama de Sophia, o desenvolvimento foi mais arrastado e seu futuro é bem desestimulante. Simpatizo com Carol, mas sinto falta de reações mais enérgica da parte dela: ela é uma dona de casa católica comum, agredida pelo marido, no meio de uma epidemia que transforma pessoas em monstros canibais e sua criança está perdida. E ela só faz zanzar para lá e para cá. Mesmo assim, esta storyline não foi só enrolação: a decisão de dividir o grupo trará sérias consequências, e a ausência inquietante da menina causa apreensão (considerando-se que a série não segue completamente os quadrinhos), mas acho que eles não fariam-na voltar como zumbi ou nada disso.

Mas fazer drama com criancinhas em perigo é moleza: o maior mérito deste episódio foi, na verdade, a trama de T-Dog e Dale: eu cheguei a gostar dos dois personagens, que são até aqui os mais malas de toda a série. T-Dog entrando no carro e vendo a cadeirinha do bebê ilustrou o despreparo emocional daquelas pessoas para lidar com um caos de tamanha proporção. A sugestão dele, de fugir e deixar os outros, não tornou-o cafajeste nem foi uma atitude excessivamente má, considerando-se a situação: só espero que o personagem não morra agora que está ficando suportável/interessante.

Daryl foi novamente responsável pelo fator kick-ass do episódio, ao lado de Maggie, na cena do zumbi – entretanto, que uso desnecessário do recurso da câmera lenta. Pareceu uma cena editada no Movie Maker. E esta novela colombiana ao redor de Andrea já está cansando.

O final do episódio não poderia ter sido mais desesperadoramente tenso. Eu simplesmente queria continuar assistindo aquilo. Gostei bem mais do Otis da série do que do Otis dos quadrinhos, mas não sei se a trama do racismo será explorada na TV (acho provável que não). Eu não consigo pensar em uma maneira coerente dele e Shane escaparem vivos dali, mas sabe-se lá o que The Walking Dead nos aguarda.

Se What Lies Ahead foi intenso ao construir uma aura de suspense sufocante e fez avanços, mesmo que tímidos, em relação ao desenvolvimento dos personagens, Bloodletting veio para consolidar The Walking Dead como uma série dramática que merece ser levada a sério, e ainda teve cenas de ação tão imersivas e instigantes que será uma tortura esperar até o próximo domingo. Nesta temporada, o seriado vem se aperfeiçoando e ficando mais equilibrado, e se esse progressivo processo continuar, se tornará uma produção fantástica antes do fim de seu segundo ano.

 

E você? Não achou tudo isso ou também acha que a série está no caminho certo?


João Miguel

Bela Vista do Paraíso - PR

Série Favorita: Arquivo X

Não assiste de jeito nenhum: Reality Shows

×