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The Walking Dead – 3×04 Killer Within

Por: em 9 de novembro de 2012

The Walking Dead – 3×04 Killer Within

Por: em

Acho que cabe nos dedos de uma só mão os momentos em que The Walking Dead me emocionou de verdade.  Logo no início da série, quando Rick acorda no hospital e encontra ajuda num homem e seu filho, dois personagens muito carismáticos e que eu tenho esperança que voltem um dia, foi a primeira. Este homem foi quem deu abrigo à Rick e explicou-lhe tudo o que estava acontecendo, ou ao menos tudo o que ele sabia. Porém, ele realmente conseguiu me fisgar quando não conseguiu atirar na esposa, agora walker, depois de ficar por minutos mirando. Eu senti toda a aflição daquele homem e do menino, e, naquele momento, eu tinha esperanças que a série seria excelente. Mas nem tudo são flores. As cenas de ação continuaram e continuam ótimas, de fato, mas aqueles momentos em que você para pensar, realmente, sobre tantos dilemas daquela nova realidade, são poucos.

Outro momento que eu consegui me importar um pouco mais do que o costume foi o relacionado à Sophia. Tá certo que houve uma prolongação exagerada no desfecho da trama, mas, ainda sim, valeu a pena esperar. Ver aquela menina, antes tão dócil, sair do celeiro sedenta por carne foi de cortar qualquer coração. Então, posso dizer que, neste excelente quarto episódio da terceira temporada, eu me emocionei novamente.

Sei que é chover no molhado criticar a Lori. Essa personagem sempre foi massacrada pelos fãs, atitude muito compreensível, considerando-se as ações e não ações da personagem. Eu, particularmente, sempre fui defensor de um fim bem sangrento pra senhora Grimes, mas não é que a série conseguiu me fazer ficar com um pouquinho de pena dela? Relação mãe e filho sempre me emociona, e acho que foi isso que me fez quase torcer para um final feliz. Não sou mãe e nunca serei, mas achei a decisão de Lori compreensível, toda a mãe, acredito eu, daria a vida pelo seu filho, mas confesso que se fosse eu no lugar de Maggie, provavelmente não faria o parto. O bebê terá que enfrentar um mundo que não deveria ser habitat para nenhuma criança. Entendo que ela pode significar uma luz de esperança, evidenciando que nem tudo está tão mudado e que a vida continua. Apesar disso, entendo, como já disse, a atitude de Lori e fiquei esperando uma crise de Carl. O que seria totalmente aceitável, eu, por exemplo, no lugar dele não deixaria minha mãe fazer aquilo. Posso dizer então que Carl me surpreendeu. Talvez seja apenas uma indiferença do roteiro, mas percebo não de ontem que o garoto está crescendo, o que é justificável, afinal, eles não vivem mais no mundo em que as preocupações são coisas fúteis. Eles lutam pela sobrevivência e só os fortes sobreviverão. E Carl está ficando forte. Aceitar a morte da mãe e depois atirar na cabeça dela é algo assustador, que só um personagem muito mal escrito ou um muito bem caracterizado, seria capaz de fazer. E, dessa vez, eu preciso dizer que, mesmo não gostando muito dele, o menino é um dos personagens mais bem desenhados pelo texto

Falando em preocupações fúteis e o mundo antes dos zumbis, permitam-me ressaltar o ótimo diálogo entre Andrea e o Governador, ou seria Philipp? Aliás, eu imaginei que havia um mistério, ou mesmo um trauma, por trás do fato dele esconder o nome de todos, mas fico feliz que a série tenha utilizado esse assunto como fator para desenvolver a personalidade do personagem, algo em que TWD sempre pecou. Parece que ele confia ou tentar buscar a confiança de Andrea, e se apresentar como Philipp foi a prova de que existe algo a mais entre os dois. E tenho duas teorias: os dois realmente estão sentindo “algo a mais”, ou o Governador está jogando com ela. Como não li os quadrinhos, não faço nem ideia, mas acredito muito mais na segunda opção. Tem algo errado em Woodbury, não acredito muito nessa aparente felicidade. E quem parece compartilhar desse meu sentimento é Michonne. Confesso que pensei que ela iria entrar naquele carro militar e sair atirando em toda a cidade. Ela me parece inteligente e observadora, mas também peca pela sua valentia e coragem. Afinal, chegar pro Governador e questioná-lo da forma como ela fez, me parece um semi-suicídio. Claro, ainda está muito cedo para saber o quão vilão ele é, mas não acredito que ele deixará uma novata insinuar qualquer coisa que seja sobre suas atitudes.

Também, enquanto assistia o episódio, minha adrenalina ia subindo. Interessante que o que motivou as ótimas cenas de ação e perigo foi também o mais frustrante do episódio. Desde aquela cena em que Carol procura aprender como fazer um parto naquela zumbi, percebemos que há alguém na prisão, ou aos arredores dela, vigiando o grupo, e esse plot me deixou instigado desde então. Quando recebemos a notícia de que os portões foram abertos, lembrei imediatamente dessa pessoa misteriosa e sabia que aqueles dois prisioneiros não eram responsáveis por isso. Imaginei que se tratava de alguém, no mínimo, ameaçador. Porém, dessa vez, minhas expectativas foram frustradas ao descobrir que se tratava apenas de mais um prisioneiro figurante. Mas tudo bem! Importante é que essa atitude motivou tantas outras cenas ótimas, tanto as de ação, como as de emoção.

Falando em prisioneiro, eu já gostava daquele menos chato. E o fato de ele atirar no companheiro de cela ao invés de Rick provavelmente garantirá a ele um lugarzinho no grupo. Uma pena que é mais um ator ruinzinho, só eu comecei a quase rir com as feições dele? Falando em ator, preciso falar de um dos poucos personagens interpretados por um bom ator: Hershel. Adorei a cena dele caminhando, foi realmente lindo de ver todo o grupo feliz pela volta do amigo. O problema é que isso vai dificultar ainda mais a vida desse povo. Povo, aliás, que diminuiu e pode diminuir ainda mais no próximo episódio; só eu notei a ausência de Carol? Acho que ela não foi mordida e deve estar escondida em algum canto, mas não podemos descartar nenhum hipótese.

Já quem foi de vez pro lado carnívoro da força foi T.-Dog.. Eu jurava que a sua morte (todos sabíamos que ele seria o próximo a morrer, já que sempre tem de ter um personagem não principal que fica avulso para morrer e mostrar que as coisas são difíceis) seria bem menos heroica ou detalhada. Ele ajudou Carol, antes de mais nada, e foi mordido em prol do grupo. Legal que, se ele não teve qualquer tipo de destaque, na sua despedida tivemos alguns bons momentos. Ainda acho que ele poderá voltar como zumbi, não me lembro de ninguém ter acertado o cérebro dele, então podemos esperar por um T.-Dog cambaleante nos próximos episódios.

Por fim, tenho algumas ressalvas bem grandes em relação ao roteiro, assim como sempre tive. Também achei alguns diálogos meio piegas e algumas atitudes um tanto quanto estranhas, como a reação de Rick. E, ainda, me perturbou a troca bruta de tramas e emoções: uma hora estávamos chorando pela mamãe dando adeus pro filho e dois segundos depois estávamos matando zumbis adoidado. Porém, esses problemas a série sempre teve e até acredito que sempre terá, o importante é que, neste episódio, eles não foram maiores que os grandes pontos positivos e o episódio foi um dos melhores da série, digo até tratar-se do melhor episódio desde a estreia da segunda temporada. A questão é, afinal: The Walking Dead acertou na medida.


Micael Auler

Gaúcho que ama chimarrão e churrasco (tchê!) quase tanto quanto ama séries, filmes e livros. Para acompanhar, seja lá o que for, bebe: se não o chimarrão, café; ou então algo com um pouquinho de álcool.

Lajeado / RS

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Supernatural

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