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True Blood – 5×02 Authority Always Wins

Por: em 19 de junho de 2012

True Blood – 5×02 Authority Always Wins

Por: em

Coexistência é importante. Não, mais do que importante. Coexistência é fundamental. Uma falha de caráter muito presente nos seres humanos é a intolerância. Intolerância pelo diferente, por aquilo que nos é estranho. Às vezes é difícil aceitar que a nossa verdade não é a mesma de outra pessoa. Nos sentimos ameaçados por outros estilos de vidas e crenças, como se o nosso estilo ou a nossa crença necessitasse da validação da unanimidade. É como se disséssemos: não basta que eu acredite, você também tem que acreditar. O desrespeito pelas escolhas dos outros muitas vezes é o que nos leva ao conflito, impedindo o entendimento entre as diversas facetas da nossa complexa sociedade. Essa é uma lição difícil que a humanidade está aprendendo a duras penas. E mais uma vez, utilizando os vampiros para sua analogia, True Blood toca neste assunto de forma brilhante.

Sei que muitos vão reclamar do ritmo lento deste início de temporada, que está apresentando cada trama em doses homeopáticas. No entanto, devo dizer que me agrada muito a calma com a qual eles estão estabelecendo os plots. Tirando algumas tramas que realmente foram bem arrastadas (Oi, Tara. Estou falando com você!) e quebraram o ritmo do episódio, fiquei bem satisfeita com o resultado final. Por isso, iniciarei com o que foi minha parte favorita do episódio e que promete ser o alto da temporada: Bill, Eric e a Autoridade.

Após serem capturados no fim do episódio passado, vimos Bill e Eric sendo torturados e interrogados por diferentes membros da Autoridade: o ex-xerife por uma mulher chamada Salome (Valentina Cervi) e o ex-rei por Dieter Braun (Christopher Heyerdahl). E digo “ex” porque depois de todos esses problemas acho seguro afirmar que os cargos de prestígio dos nossos queridos vampiros foram para o ralo. Gostei especialmente de Dieter, já que sempre acho curioso e assustador quando uma pessoa que está ali para cometer um ato de violência te trata com extrema educação e cortesia (mais ou menos como o Coronel Landa de Bastardos Inglórios – muito medo deste tipo de pessoa). Durante o interrogatório, descobrimos diversos fatos associados à mitologia dos vampiros dentro do universo da série.

Em resumo: existe uma Bíblia dos Vampiros que é composta do Testamento Original – livro de data anterior ao Velho Testamento. Antes de criar Adão e Eva, Deus criou Lilith à sua imagem e semelhança, ou seja, vampira. Depois disso, os humanos foram criados para servir de alimento às criaturas originais, os vampiros. E assim descobrimos que há uma ruptura entre a sociedade vampira: aqueles que fazem uma interpretação literal das escrituras, acreditando que os humanos só servem como alimento e considerando blasfêmia o relacionamento com eles; e outros que acham que a coexistência pacífica entre vampiros e humanos é o caminho, até mesmo por uma questão de sobrevivência da espécie, já que a os humanos ainda são maioria. Os vampiros fundamentalistas formam um grupo chamado Sanguinistas e é do interesse da Autoridade, que luta pela convivência pacífica (algo que eles chamam de mainstreaming), combatê-los. Por terem assassinado Nan Flanagan, que fazia parte da Autoridade, Bill e Eric foram acusados de pertencer a este grupo. E eles só foram capazes de sair da reunião do Conselho com vida após terem prometido acabar com a ameaça maior à causa chamada Russel Edgington. Coisa que – como bem ressaltou Roman – eles já deveriam ter feito há muito tempo. Mas se eles fossem famosos por tomarem boas decisões não teriam ganhado seus apelidos carinhosos de Nan: Fuck up 1 e Fuck up 2 (adorei estes apelidos, vou adotar para alguns conhecidos meus).

Particularmente, acho muito interessante essa abordagem de política e religião na série, que para mim foi um dos motivos da segunda temporada ter sido tão boa. Assim, estou muito empolgada com essa trama. Infelizmente, não posso dizer o mesmo da vampira Tara. Quanta enrolação! Nós já entendemos que ela está com raiva e descontrolada. Não precisamos de 20 cenas com exatamente o mesmo propósito (não foram muito repetitivas?). Tenho a impressão que, após ter se afastado de seus antigos amores, Sookie ficou um pouco deslocada neste início de temporada, sem ter relevância alguma para o andamento da série. Outra trama que foi rapidamente apresentada e que deverá ser desenvolvida no próximo episódio é a criação de Pam. Após ter que lidar com a sua própria cria, vimos a loira nostálgica relembrando a época que conheceu seu criador: ela era prostituta (ou seria cafetina? ou ambos?) no início do século 20 quando Eric a salvou de um criminoso na rua. A cena foi curta mas boa o suficiente para nos deixar aguardando o desenrolar com ansiedade.

O Reverendo Newlin reapareceu para confirmar o seu papel na temporada: alívio cômico (ao lado de Jessica e Jason). A sua obsessão com o garanhão de Bon Temps parece longe do fim. Só espero que essa trama não fique muito repetitiva com o decorrer da temporada (já deu de festas com universitários na casa do Bill, quero ver a Jessica em um outro cenário). Fiquei surpresa em ver o Reverendo dando uma entrevista e afirmando que Jesus ama os vampiros. Ele realmente está lidando com isso melhor do que esperava, quanta evolução! Reparem bem que, mesmo tendo a coragem para sair do caixão em rede nacional, Steve não teve coragem de sair do armário e, ao ser perguntado pela repórter sobre uma pessoa especial em sua vida, ele respondeu que ela o fazia muito feliz. Mais um ponto para True Blood por mostrar como a nossa sociedade ainda não é nada receptiva com os gays.

A trama dos lobos continua muito sem sal e merece ser ignorada por mais uma semana, ok? Talvez o único ponto digno de nota seja a Emma virando o lobo mais fofo de que já se teve notícia. Mas, tirando isso, o sono prevaleceu. E o Terry, hein? Coitado, estou com pena genuína dele e da Arlene (que dedo podre para homens, consegue ser pior que a Sookie!). Ainda tenho algum interesse na história dele e do Patrick, mas nada que venha me tirando o sono. O que me tirou o sono de verdade foi a aparição de Russel no final. Isso que eu ganho por assistir a True Blood de madrugada: pesadelos com aquele corpo decrépito. E vocês? O que acharam do episódio? Esse ritmo lento está incomodando? Vocês gostam quando a série aborda estes temas de política e religião ou não?

A nossa quote essa semana é do Reverendo Newlin:

“I’m here to tell you, Jesus loves vampires. I mean, anyone who’s been dead for three days knows where we’re coming from.”

Outras sugestões? Deixem nos comentários.

P.S.: Para quem quiser saber mais sobre o combate ao fundamentalismo fora da ficção, vale conhecer a Coexist Foundation.


Maura

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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