Under the Dome chega ao quarto episódio com uma certa decepção de parte dos 13 milhões de expectadores do piloto. OutBreak particularmente frustrou as expectativas que foram criadas tanto sobre ele quanto sobre a série. Quando a premissa e os primeiros vídeos promocionais da obra foram divulgados, esperei acompanhar uma história sobre como seres humanos se comportam em uma situação de extrema adversidade, sobre como o desespero nascido do caos é capaz de revelar a face mais sombria de cada um, e neste ponto a série tem falhado continuamente.
Isolar uma cidade por uma redoma por si só é um argumento intrigante, mas fica fora de propósito se todos agem como se ela não estivesse ali. Problemas como a baixa circulação de ar, escassez de recursos como a energia elétrica e agora uma epidemia de meningite foram citados brevemente em seus respectivos episódios e resolvidos com facilidade ou esquecidos nas cenas seguintes. Fatores que deveriam ser as peças de um efeito dominó que levaria os moradores de Chester’s Mill à ruína se limitam até então a ser o “caso do dia”.
Quando os remédios desapareceram da farmácia, tive a esperança de que alguém os tivesse roubado para ter uma forma de poder e controle na cidade, como poderia acontecer com alimentos ou qualquer outro recurso em falta no local… mas era apenas o reverendo Lester com sua síndrome incendiária querendo destruir tudo para fazer a vontade de Deus. Big Jim e Barbie – mais uma vez em parceria – conseguiram resolver o problema sem maiores esforços.
A dupla adolescente Joe e Norrie protagoniza um momento no mínimo assustador quando resolve filmar a convulsão sincronizada e Joe, inconsciente, faz um gesto pedindo silêncio. Silêncio sobre o quê? Até quando? E o que significa tudo isso, afinal? Certamente os dois não vão parar até descobrirem o que há por trás dessa história e o que ela tem a ver com a redoma.
A adversidade mais uma vez é usada para estabelecer vínculos. Junior e Barbie, quem diria? Chegaram até a cooperar um com o outro em certos momentos. O forasteiro está em maus lençóis agora que Julia descobriu parte da verdade sobre o seu envolvimento no desaparecimento de Peter, e ter salvado a vida da repórter não foi o suficiente para amolecer seu coração, as mentiras de Barbie não foram perdoadas e agora ele precisará encontrar outras formas de se virar na cidade e se reaproximar da moça.
Junior pela primeira vez teve uma participação agradável, e é interessante perceber como as mulheres estão sendo responsáveis por manter seu equilíbrio. Julia e Linda parecem sempre trazer um pouco de paz à mente perturbada do garoto e quando ele se abre sobre seus sentimentos quase é possível acreditar que não é tão mau assim. Já Angie o desestabiliza e manipula quando é conveniente para tentar escapar da sua prisão, ainda sem sucesso. Agora que Big Jim já sabe sobre a garota, a dúvida que fica é o que o vereador vai fazer com essa informação, já que o filho assumiu uma posição de autoridade em Chester’s Mill (socorro!) e esse tipo de inconveniente pode ser uma pedra no caminho.
Enfim, ainda é empolgante acompanhar as histórias de Barbie e companhia, mas a maioria delas funcionaria sem que existisse o fator central a que chamam de redoma. Falta à série explorar os conflitos causados por ela de forma contínua e crescente, aumentando a tensão ao longo da temporada, e não isolando as adversidades em cada episódio e colocando os personagens para seguirem com suas vidas normalmente depois que a situação se resolve. Agora os militares foram embora, e o embrião de revolta popular foi facilmente dissipado após um simples discurso político. Em vez de desenvolver uma Chester’s Mill sob a redoma os roteiristas parecem estar criando redominhas para cada problema e resolvendo tudo sem um senso maior de continuidade.
Apesar dos pesares, a série ainda consegue ótimos números. Outbreak foi assistido por 11.13 milhões de expectadores, um pequeno aumento nos 10.71 milhões que assistiram a Manhunt na semana passada.
