Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

United States of Tara – 3×01 …youwillnotwin…

Por: em 2 de abril de 2011

United States of Tara – 3×01 …youwillnotwin…

Por: em

Até que enfim ela está de volta!! United States of Tara é a série que mais gosto atualmente. Não é a melhor que eu assisto, pois esse posto ficaria com Breaking Bad, mas facilmente é a que eu mais tenho o prazer de assistir. A espera foi longa, mas o resultado não poderia ter sido melhor.

Muitos dizem que a série abusa de certos conceitos do Transtorno Dissociativo de Identidade, alegando que existem exageros de como a doença é tratada. Outros acreditam que é exatamente assim que funciona. Certo ou errado, não é nem isso o que mais me chama atenção em United States. A doença é uma trama polêmica, real e que abre um leque de possibilidades, funcionando bem como tema para um seriado. Sendo uma série de TV que aborda esse tema, é normal que os roteiristas, e aqui, claro, a incrível delicadeza de Diablo Cody, explorem diversos aspectos de seu assunto, até porque TDI é uma doença mental, que apesar de existirem padrões para classificarem, são problemas sem esclarecimentos 100% certos, dos quais vivem surgindo novas descobertas todos os dias. O que me chama atenção é como os personagens vão se moldando pela doença da Tara. O psicológico de todos eles é muito bem explorado e passado com bastante realismo pelos atores. Como cada um deles reage aos problemas da mãe/esposa/irmã e de como o TDI pode afetar a vida não só de quem o tem, mas de quem convive com um portador.

Tirando tudo isso, United States apresenta tramas paralelas apaixonantes. Todos os personagens principais e vários dos coadjuvantes são excelentes. Aqui entra o fator de eu gostar tanto de séries do canal Showtime. Seja, Weeds, The Big C, Shameless ou United States, todas conseguem fazer com que eu me sinta a vontade e tenha interesse de entrar na vida daquelas pessoas e viver seus problemas e alegrias, sejam elas tão disfuncionais quanto os Botwin, Jamison, Gallagher ou Gregson. …youwillnotwin… foi uma premiere leve, mas nem um pouco decepcionante. As possibilidades para a temporada são enormes e já dá para perceber que há muito mais de Tara para conhecermos. Apesar de tudo que passa, Tara tem força de vontade e isso é muito importante. Ela não quer parar de viver e a ideia de voltar para a faculdade pode ser muito boa ou muito ruim, depende de como os roteiristas irão explorar essa trama. Do pouco que vimos de Tara e faculdade já foi muito bom. Seus créditos faltantes incluem psicologia e isso já possibilitou a entrada de Eddie Izzard como o professor, que com poucas cenas promete muito.

Claro, a cena final foi o que o episódio teve de melhor. Desde a temporada passada vimos que a doença de Tara evoluiu. Desde que Shoshana apareceu, ela vem aprendendo como lidar com seus alters. Pelo que vimos, ainda continua sendo somente com a personalidade psicóloga que Tara consegue estar ciente do que está acontecendo ao mesmo tempo que o alter está no comando do corpo, já que ela disse não saber onde Buck esteve andando de moto. Porém, Tara consegue ter um diálogo aberto com suas personalidades, como se elas fossem realmente outras pessoas. Na 2ª temporada já tivemos algumas cenas em que Tara conversou diretamente com Buck e Shoshana, e agora está sendo capaz de fazer isso com todos eles. O interessante de notar é os alters não querem acabar com ela ou assumir o controle do corpo…pelo contrário, eles se preocupam com Tara e querem ajudar, desde que tenham seu tempo de “vida” também. A cena em que Tara finalmente consegue escrever sua redação porque Shoshana dita; Buck faz massagem; Alice prepara chá; e T simplesmente age como uma adolescente, foi linda e mostra que a série consegue explorar bem a doença e que temos muito para saber ainda.

O que mais me deixou intrigado foi a rápida tentativa de suicídio de Tara. Ficamos sabendo que durante a faculdade ela tentou se matar, mas pelo visto não foi realmente ela. No momento que Tara começa a escrever dá para ver que ela transita para alguma personalidade…e uma que nós ainda não conhecemos. Essa sim deve ser a verdadeira vilã, a que representa o lado ruim da doença, a que quer tomar controle do corpo e que rivaliza com Tara, não deixando ela vencer. Sinceramente? Só pela expressão de Toni Collette interpretando esse novo alter, já dá para dizer que vem perigo pela frente. Seja lá qual for, estou doido para conhecer essa personalidade e ver o que Collette consegue fazer com ela, porque vamos e venhamos, não tem atualmente uma atriz tão versátil quando ela, que consegue interpretar sete personagens, todos muito bem diferenciados com tamanha vivacidade e brilhantismo!! O bom é que os outros alters estão aí para cuidar de Tara. Vimos que Buck está atrás do meio-irmão de Tara, o tal de Bryce, que pode ser o responsável pelo desenvolvimento da doença. Ainda não ficou claro para nós de quem o tal irmão abusou, se foi somente de Tara ou Charmaine também. Sabemos que Chicken representa Tara quando criança e que protegia Charmaine das investidas do mentalmente perturbado Bryce. Tara diz não estar querendo procurar o irmão, mas suas personalidades dizem o contrário, e sabemos que todas elas representam um lado de Tara.

Quem acompanhou as reviews da 2ª temporada (que entravam nos nossos Super Sunday até ano passado) sabe que eu sempre fui fã da Charmaine, enquanto muita gente não gosta da personagem. Eu simplesmente adoro Charmaine. Cody criou a personagem para ser a antagonista da trama, que nunca acreditou realmente na doença da irmã. Hoje Charmaine evoluiu bem dessa parte, aceitando Tara mais facilmente, mas continua sendo uma personagem que é fácil de não gostar. Ela é chata, pentelha, pisa em cima dos outros e faz de tudo para que as atenções estejam sobre ela. Charmaine gosta de sofrer e não faz nada para mudar, fazendo-se de vítima o tempo todo. Mas a interpretação de Rosemarie DeWitt é tão boa que a personagem acaba sendo “gostável”. É triste o que ela faz com Neil e todos sabemos que ela realmente ama o cara, só não quer aceitar porque ele não tem o padrão de beleza que a sociedade diz que é o certo. Pelo menos aceitou que Neil more com ela, porque era muita sacanagem ele já estar pagando tudo enquanto ela grita para todos os cantos que é uma mulher independente. Gostei mesmo que a série manteve o personagem de Ted, o vizinho deles que virou um bom modelo para Marshall na temporada passada e que continua servindo como alívio cômico, depressivo pela perda do namorado.

Kate sempre foi uma personagem complicada. Ela seria a que eu menos gosto na série. Adolescente meio rebelde que implica com a mãe e sua doença, tentando fazer de tudo para chamar a atenção dos pais. A história de Kate estar pagando pelas bobeiras que cometeu é muito interessante e pode dar uma boa evolução para a personagem. Acusou o chefe de perseguição; fazia as coisas mais inacreditáveis na internet para ganhar coisas; e ficou obcecada por Lynda e sua personagem Valhalla Hawkwind. Tanto fez que virou uma mini celebridade pela internet, o que afetará até suas tentativas de arranjar um emprego. Gostei de como a série conseguiu manter Kate por perto. Desde o namoro com o estranho Zach, ela queria se tornar independente e sair da casa dos pais. Mesmo não sendo o maior fã de Kate, ela é uma parte importante, então foi muito bom que mantiveram ela na trama, mas morando na casa de Charmaine.

Marshall é o personagem mais simpático da série. Tem o total apoio dos pais e o relacionamento dele com Kate é um dos mais bem construídos entre irmãos no mundo de seriados. Nessa temporada o personagem parece mais maduro e menos preso ao mundo de sua própria casa, já que assumiu de vez sua homossexualidade e agora namora com Lionel. Claro que ele e Kate estão menos preocupados pois Tara teve uma pausa nos últimos tempos e está bem com suas transições, pelo que nos foi mostrado, então imagino como reagirão quando as coisas começarem a se complicar. Nunca gostei de Lionel. Acho exagerado e não combina com a personalidade de Marshall. Ele gosta de farra e odeia qualquer rótulo, enquanto Marshall é um garoto romântico que quer poder chamar o cara de namorado. A ideia deles comprarem uma câmera e assim assumir um compromisso tem muito o que mostrar, e a própria história dele gravar os momentos da família já é interessante.

No meio disso tudo está Max. Sério…se existe algum marido/pai assim no mundo, preciso parabenizar. Ele aguenta tudo!! Tem seus altos e baixos como vimos a traição com a garçonete apaixonada por Buck ano passado, mas depois de tantos anos passando o que passa, Max merece algum crédito. Sua esposa tem uma doença que atrapalha totalmente o relacionamento sentimental e sexual do casal; seu filho passou por poucas e boas para enfrentar sua homossexualidade; e a filha é uma garota que só arruma confusão. É claro que em algum momento Max irá estourar, e pode ser mais cedo do que pensamos, já que ele está tendo dificuldade em encontrar trabalhos para fazer. O único papel que ele realmente assumia com prazer pois nada o atraplahava é o de homem da casa e que sustenta a família, e agora Tara solta uma de terminar faculdade para ajudar em casa, tirando o marido do papel que ele sente a obrigação de fazer. As vezes Tara realmente não pensa antes de agir.

É apenas o começo da temporada e temos muito caminho pela frente. O que me preocupa é a audiência da série que teve 400.000 telespectadores a menos do que a premiere da 2ª temporada. …youwillnotwin… registrou 0.41 milhões, um número baixo até mesmo para United States que geralmente fica acima de 0.5. Além disso, estou com todos os fãs da série e espero mesmo que a abertura tenha sido tirada somente nesse episódio. Aquela abertura em estilo livro pop-up com a excelente música You’ll Be Fine define a série muito bem e deve continuar, porque era outra coisa que chamava atenção. O que importa é que Tara está de volta e promete muito!!


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

×