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United States of Tara – 3×03 The Full F**K You Finger

Por: em 14 de abril de 2011

United States of Tara – 3×03 The Full F**K You Finger

Por: em

Apesar de engraçado em vários pontos, The Full F**K You Finger me deixou triste na maior parte do tempo. E nada disso se refere ao episódio ter sido ruim, pelo contrário, tivemos mais um ótimo episódio da série, mas até quando todos aguentarão o peso de seus problemas e os de Tara?

Tivemos algumas ideias curiosas sobre a doença. Desde o começo da temporada acompanhamos o Dr. Hatterras que não acredita em TDI e acha que as pessoas usam tal doença para não precisarem confrontar seus problemas. Não acredito nele, sei que ela é real e que Tara sofre com isso, mas ao mesmo tempo não consigo parar de pensar que os alters tomam conta sempre que ela precisa de um descanso, ou seja, parece que joga o problema nas costas dos outros. Acredito que seja assim mesmo que a doença funcione, pois quando o corpo e a mente da pessoa não estão em condições de ficarem no controle, as personalidades tomam a “chave” do corpo. Foi isso mesmo que Alice disse, que ela e os outros alters tem um acordo de ajudar Tara quando ela não aguenta mais e precisa “interpretar”outros papeis. A linha tênue entre doença e desculpa nunca esteve tão estreita. Por um lado o que Alice disse, de que ela vem a tona quando o lado “mãe” de Tara precisa ajudar mas não está bem, é um ponto a favor do Dr. Hatterras. Mas se fosse uma desculpa e um fingimento de Tara, Buck não andaria armado, seus alters não trairiam Max e T não faria o que fez no final do episódio.

Tara precisa de ajuda e todos nós sabemos disso. Ela simplesmente parou a terapia e largou seus remédios pensando que poderia viver bem. Seu psicológico e seu físico não aguentam mais. Nem dormir ela consegue, pois Buck vai a procura de Bryce para vingar os abusos que Tara sofreu quando criança, não permitindo que ela descanse. É muita pressão em cima de uma pessoa que sofre de transtorno dissociativo de identidade, ainda mais quando ela tem uma irmã como Charmaine. Eu amo a personagem e preciso parar de tentar elevá-la, pois isso é bem particular. Mas não deixo de saber que Charmaine é extremamente chata, egoísta e infantil. Com a faculdade, Tara não tem tempo para outras coisas, mas a irmã continua cobrando favores pelo cancelamento do casamento e agora enche o saco de Tara 24h por dia para o chá de bebê. Não é a toa que apenas 11 pessoas vão ao evento. Ninguém aguenta Charmaine. Como pessoa, ela é um saco, mas como personagem, é uma das mais bem trabalhadas da série, só pelo fato de que sua construção e interpretação fazem a maioria os fãs a odiarem. Ou seja, pontos para Rosemarie DeWitt que é sim uma ótima atriz. Porém, tudo e todos tem dois lados. Foi muito bonito ver Charmaine dizer que preferia Tara do que Alice, mas não adianta falar isso para um alter. Quando a coisa apertou e Tara não aguentou mais a pressão, T tomou conta e tocou o terror no supermercado. Foi igualmente bonito ver Charmaine dando o braço a torcer e admitindo ter causado a transição de Tara, mas a cena leva a outra questão.

A questão é de que os alters não ligam muito para os outros familiares. Principalmente T, que é uma adolescente sem escrúpulos, e que poderia facilmente ter machucado Charmaine e o bebê que está para nascer. Se Tara não procurar ajuda logo, será um fator de risco para todos eles. T bateu em Kate e agora quase atropelou Charmaine. A família está prestes a receber uma nova moradora e é óbvio que a irmã não deixará Tara chegar perto da garotinha. Tirando Alice que é mais maternal e Shoshana que é mais racional, todos os outros alters podem acabar machucando o bebê, sem contar que em uma simples transição, mesmo rápida, Tara poderia deixar o bebê cair caso estivesse com ele nos braços. A família está cada vez mais se afastando de Tara. Kate tentou fugir, Charmaine vai querer ficar longe e o mais triste mesmo é saber que Max pensa, ou já pensou, em abandonar a família. Está cada vez ficando mais perigoso. Se os alters podem fazer acordos, está na hora de Tara interferir. Ela é a dona do corpo. Ela é quem deveria mandar neles (as vezes consegue, como disse ter parado Buck de aparecer na faculdade).

Mesmo sem ir para o Japão, Kate continua melhorando. Dou muito dos créditos para Brie Larson que está transformando sua personagem em uma garota bastante simpática. Claro, Kate acha que o mundo gira ao ser redor, inclusive como Max e Marshall brincaram dela ter causado o terremoto no Japão (muito se comentou desse plot, mas Diablo Cody pediu desculpas em seu tumblr, comentando que esse episódio foi filmado em 2010, muito antes da recente tragédia do Japão e que conseguiram mudar algumas coisas). Era fato que Kate ficaria, mas confesso que me emocionei bastante com sua carta no começo do episódio, pois ela simplesmente disse tudo. Kate nunca foi de mostrar seus sentimentos, e com essa carta admitiu amar muito a família, desejar o bem de todos, pedir obrigado por todos terem aguentado suas infantilidades e principalmente falar a verdade sobre o que precisa ser feito: Marshall largar Lionel e Charmaine aceitar o pedido de casamento de Neil!! Sério, Kate, nós te amamos. Foi muito bonito ver a família sentindo falta da garota, principalmente a mãe Tara, com a interpretação sempre talentosa de Toni Collette. O lance de Kate não querer ir para Niigata e de ter conhecido aquela comissária de bordo que vive algo parecido com o que ela quer, me leva a crer que essa será a próxima profissão que a garota ira tentar. E com tudo isso acontecendo, os roteiristas ainda tem tempo para inserir coisas pequenas, mas íntimas de uma família que se ama como a discussão de um dedo do meio completo ou pela metade!!

Como já havia comentado, estou adorando o espaço que estão dando para Max nessa temporada. Sua história nesse episódio não poderia ter sido melhor. Todos devem conhecer a teoria de que procuramos alguém em um relacionamento que lembre nossos pais, principalmente no caso dos filhos com suas mães. Com Max isso aconteceu. Sandi, sua mãe, sofre de disposofobia, ou mais chamada de acumulação compulsiva, um distúrbio que vive em debate como sendo uma doença isolada ou apenas um sintoma de TOC. O distúrbio é totalmente diferente do que Tara tem, mas ambas as doenças complicam a vida de quem as tem e dos que vivem ao seu redor. Frances Conroy deu show como Sandi, mesmo não tendo tempo o suficiente para explorar mais da personagem e seus medos, mas espero que a atriz volte a aparecer na trama. Talvez toda a paciência que Max tem com Tara vem da falta da mesma que ele teve com a mãe. Não a visita e prefere ficar longe. Vimos que Sandi não foi ao casamento do filho e que seu marido a abandonou por ela não lutar contra a doença. Só nessas pequenas cenas me senti triste. Sandi não quer sair de perto de suas coisas e entrou em desespero ao ver Max levar os patos de seu marido. Fora isso, a conversa dela com o neto Marshall foi divertida, com ela perguntando se ele era gay por ter mãos tão suaves, e ele falando que ser gay era como se fosse Natal todos os dias.

Porém nada mesmo foi tão triste quanto ao pensamento de Max de abandonar a família. Aliás, o pior mesmo foi ele não ter admitido nada. Se nunca tivesse pensado nisso ou quisesse mentir, teria respondido não, mas preferiu ficar calado, e quem cala, consente. A cara de Max disse tudo, ela não só pensou, mas como pensa em abandonar a esposa e fugir desses problemas. Podem ser apenas pensamentos bobos, os quais ele rapidamente rejeita, mas só o fato de mostrarem que Max não é a perfeição impossível de existir já humaniza mais o personagem e o torna mais crível. O medo de Marshall também ficou evidente. Ele é o que junta a família e o que fará agora que todos tendem a fugir de Tara? Fugindo um pouco disso fico pensando o que Marshall encontrará nas fitas que pediu para guardar, afinal não iriam colocar isso na cena assim sem algum propósito não é?

A filha de Charmaine e Neil vai nascer enquanto Tara se encontra cada vez mais perdida e sem ajuda para controlar seus alters que parecem estar fazendo acordos sem sua opinião. Os Gregson parecem estar se distanciando…é hora de procurar ajuda. E ah, para nós fãs de United States, podem respirar um pouco mais aliviados. A audiência voltou a subir para 0.41, mesma da premiere, o que ainda é baixo, mas já é um alívio.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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