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United States of Tara – 3×12 The Good Parts (Series Finale)

Por: em 22 de junho de 2011

United States of Tara – 3×12 The Good Parts (Series Finale)

Por: em

Não poderia ter pedido por um final melhor.

Quando filmaram The Good Parts, a produção não sabia que o episódio seria o último da série. Planejado como season finale, funcionou melhor do que se tivessem tido tempo para filmar um final apressado. The Good Parts foi divertido, chocante e muito…muito emocionante. United States of Tara começou sua exibição como uma série de comédia sobre uma mulher com transtorno dissociativo de identidade e os problemas e excentricidades que vinham com a doença. No final das contas, ela é basicamente isso mesmo, mas com um roteiro ágil e inteligente, aprofundamento nos dramas pessoais, e interpretado por um elenco afinado, com química, e que soube evoluir junto de sua trama.

Assistindo esse último episódio, me passa pela cabeça que o cancelamento, apesar de triste, pode ter sido uma coisa boa. A 3ª temporada de United States adentrou no lado sombrio da doença de Tara, levando todos os seus personagens aos seus limites e os colocando frente a frente com seus maiores inimigos. Caso a série fosse renovada, a chance de uma temporada tão brilhante quanto essa seria muito pequena, e então Diablo Cody precisaria reinventar Tara, e assim o desastre poderia ser a última lembrança da série. Do contrário, The Good Parts tem vários elementos de um series finale, com despedidas, encerramentos de trama, e cenas com um sentimento de “foi fantástico enquanto durou, mas é hora de ir embora”, mesmo que não proposital.

Todos, exatamente, todos os atores estiveram perfeitos. O episódio deixou que nos despedíssemos de Tara, afinal, ela é o centro da série. Por mais que tenha sido divertido e, ultimamente, chocante, acompanhar seus alters, United States of Tara leva seu nome. Tara esteve de volta, como mãe, esposa, irmã e acima de tudo, amiga. O episódio começa com Tara enfim tomando as rédeas de seu TDI e acabando de uma vez por todas com Bryce. Essa cena foi sensacional. A sensação de instabilidade mental foi forte, com Max visitando o país de Tara, algo que até agora não haviam mostrado. Tivemos cenas de como as coisas aconteciam na mente de Tara, mas nenhum outro personagem real esteve lá. Com Bryce morto, era hora dela resolver criar vergonha e se tratar. Assim também tivemos uma lembrança rápida do Dr. Hatteras, personagem tão importante nessa última temporada. Toni Collette fará falta, mas fica o sentimento de um trabalho muito bem feito e a vontade de acompanhar qualquer projeto futuro da atriz

Depois disso, o episódio foi uma montanha russa de emoções, gargalhadas e a sensação de que  durou o tempo necessário para ser inesquecível. Passamos 35 episódios vendo aquela família caindo aos pedaços, então foi um alívio vê-los podendo finalmente ter um momento de paz, mesmo que para isso a raiva precisasse sair. Cada personagem soube expressar os sentimentos de despedida. Tivemos Max e as cenas falsas em que ele explodia. Facilmente as cenas mais chocantes do episódio, pois finalmente entendemos o que se passava na cabeça desse pai e marido que parecia não existir no mundo real. Quando explodiu de verdade no jantar, John Cobertt teve seu melhor trabalho até então. E mesmo assim não deixou de ser o grande marido e pai, pois não culpou Tara e os filhos por tudo o que aconteceu. Culpou Deus e o universo por conspirarem contra ele e pediu por favor para que essa nuvem negra fosse para cima de outra família. O melhor momento de Max, e sua despedida para mim, foi vê-lo tocando guitarra na frente de casa enquanto Ted (outro personagem que teve o seu melhor nesse episódio) escutava deliciado e mandava o vizinho ir embora para deixar Max continuar.

Kate. Sério, facilmente a melhor personagem dessa temporada. Brie Larson fez um trabalho impecável com a evolução que recebeu dos roteiristas. De uma garota chata e problemática, Kate se transformou em uma mulher pronta para arriscar e segurar as pontas em qualquer desastre que esteja acontecendo. Quem diria que Kate acabaria tendo um saldo bem mais positivo do que Marshall? Ela quer viver com Evan, (a cena em que Tara e Charmaine o interrogam no sofá foi ótima) e enfrentará todos os pormenores que venham com Monty. Mas Kate ama sua família mais do que tudo, e sabia que não era a hora de deixar Marshall sozinho enquanto os pais iriam para Boston procurar ajuda. Apesar de tudo que passou na infância e adolescência aguentando Tara, Kate cresceu e enxergou tudo aquilo com outra perspectiva…amadureceu.

Por falar em amadurecimento, Charmaine, uma personagem bastante odiada pelos fãs, conseguiu sua independência…pelo menos da irmã. Não a julgo, afinal Tara foi quem sempre a salvou dos problemas, desde pequenas com os avanços sexuais do instável Bryce. Mas Charmaine esqueceu todas as futilidades de sua personalidade para se tornar mãe, casar com um homem que não faz parte do padrão físico que a sociedade entende como correto, e viver sua vida. Ela ganha todos os pontos por querer levar Marshall junto e ajudá-lo enquanto a irmã está longe. Rosemarie DeWitt fez um ótimo trabalho durante toda a série, com um timing perfeito para comédia. Para mim Charmaine foi a que teve o final mais fechadinho. Ela e Neil irão para Huston criar Wheels e todos os problemas que ela tinha, conseguiu resolver. Charmaine está livre. Livre para viver sua vida, ser mãe e não depender de mais ninguém para ser feliz.

Marshall foi um problema durante essa temporada, mas conseguiu se redimir no final. Muito disso pela atuação de Keir Gilchrist, que é sempre comovente. Ele está passando por momentos difíceis e levará algum tempo até que alcance a irmã em questão de amadurecimento. É bem o que Kate falou, não adianta ficar triste ou feliz, é assim que a vida dele é agora e precisa aceitar e arrumar o necessário. Tara fez o melhor que pode com o pouco tempo de “vida” que teve nos últimos tempos. Não será fácil e as coisas não ficaram 100% com um estalar de dedos, mas Tara é sua mãe, e ela o ama com todas as forças. Não teve como não se emocionar com a visita deles ao memorial de Lionel, e principalmente com o pedido de Moosh para que a mãe não deixe o tratamento levar suas partes boas.

A vida de Tara mudará. Pela frente podemos imaginar que viriam tratamentos, medicações, transformações, recaídas…um período de instabilidade, ou uma noite de torando! até que tudo se ajeitasse, se é que algum dia isso aconteceria. O pior já passou, com Bryce morto e o retorno dos outros três protagonistas de sua mente, T, Alice e Buck, visivelmente atordoados após a luta, o negócio é tentar manter os pés no chão o máximo possível. Um novo começo acontece para Tara, enquanto ela coloca a cabeça para fora do carro e sente o vento batendo em seu rosto, sentindo-se viva após tantos reveses.

Para nós fica a lembrança de uma série que soube ir além dos limites, e que mesmo com altos e baixos, deixa um saldo bastante positivo, como um estudo aprofundado e real sobre saúde mental. Muito obrigado a todos que acompanharam as reviews comigo aqui no Apaixonados por Séries. Foi uma jornada e tanto, e como tudo que é bom na vida, acabou e fará falta.


Caio Mello

São Bento do Sul – SC

Série Favorita: Lost

Não assiste de jeito nenhum: Séries policiais

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