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RuPaul’s Drag Race All Stars – 2×02 All Star Snatch Game

Por: em 5 de setembro de 2016

RuPaul’s Drag Race All Stars – 2×02 All Star Snatch Game

Por: em

Posso estar me precipitando, mas esse talvez tenha sido um dos meus episódios favoritos em toda a Drag Race herstory. O controverso novo método de eliminação fez seu papel de dar uma nova cara ao programa, tivemos drama real oficial, e não vamos esquecer do desafio de altíssimo nível. Mas vamos analisar o episódio com calma e ver tudo que deu de tão certo. Vem comigo e may the best woman win!

RuPaul's All Star - 2x02 - Adore Delano

Vamos primeiro no tópico que certamente foi o que mais deu o que falar: a turbulenta desistência de Adore. O primeiro ponto que quero levantar é que, mais ou menos intensamente, o programa tem mudado o cenário drag nos Estados Unidos e no mundo. Mas, Gustavo, porque você tá dizendo isso agora? Porque, no meu ponto de vista, Adore é um exemplo de uma das camadas desse novo leque de drag queens que RuPaul e a Drag Race têm estimulado e alimentado. Afinal, o que mais explicaria o fato de uma drag que não costura seu próprio armário chegar ao top 3 e se tornar uma das queridinhas dos fãs? Adore é cantora, tem dois álbuns à venda – um deles excelente – e tem uma carreira bastante sólida. Mas aí a “incoerência” entre o mundo real e o microcosmo da dupla work room-main stage da Drag Race ficou muito gritante para o trabalho de Adore como drag e como artista. RuPaul, desmontado, teve sua prova de fogo como mentor ao conversar com Adore e proporcionou um dos momentos mais emocionantes da história do programa, com sua sensibilidade singular que falta a muitos apresentadores por aí – e o motivo pelo qual deveria levar o Emmy esse ano. O estilo de Adore pode não agradar a todos – eu sinceramente não sei quem são essas pessoas mas já desgosto delas -, mas há espaço para todos os tipos de drag na Drag Race e Adore certamente não apareceu no All Stars (e como favorita) por acaso. Por outro lado, essa dita incoerência já a vinha incomodando desde o episódio anterior, e ela sinceramente não é obrigada. Também não é o caso de culpar Michelle ou culpar a fraqueza de Adore ou qualquer coisa do tipo; no meu ponto de vista, a desistência foi uma conjunção de fatores muita complexa para analisarmos friamente e, por mais triste que seja, enriqueceu o episódio e foi um grande opening act pro que viria a seguir.

RuPaul's All Star - 2x02 - Alyssa Edwards

Como nem só de drama viverão os gays (mentira viverão sim), o programa continuou e tivemos um Snatch Game simplesmente incrível. Mais uma vez posso estar me equivocando, mas esse deve ter sido o melhor Snatch Game da história – e olha que a concorrência é forte. Considerando que todas as queens ali já tiveram que passar por um desafio idêntico, as expectativas ficaram altas. Alyssa, Detox e Phi Phi foram um pequeno desastre na primeira chance no jogo, e Tati havia levado a melhor na season 2. Todas essas participações foram muito bem mostradas pela edição, que precisou se virar com pouco, haja visto o tempo de tela gasto com Adore. Como eu disse, o Snatch foi muito divertido – Raven e Jujubee foram escolhas muito boas, viu Ru – mas estamos numa competição e a nossa diversão é só uma consequência das regras do jogo. E é na competição que eu fui obrigado a discordar da avaliação de mama Ru e dos jurados.

RuPaul's All Star - 2x02 - Detox

A primeira discordância vem na escolha do Top: Alyssa fez um trabalho melhor que Katya e Alaska. Num desafio em que boa parte das queens fez um trabalho pelo menos muito bom, escolher as duas melhores poderia realmente ser uma pequena armadilha, mas a Joan Crawford de Alyssa Edwards estava impecável e certamente deveria ter sido uma delas. Talvez a roupa bem mais ou menos que Alyssa trouxe para a passarela tenha a colocado no meio do bolo, junto com a realmente mediana Phi Phi. Ou talvez seja um outro motivo que eu eu já vou discutir. A outra discordância foi com Detox no Bottom. A Tamy Faye de Ginger foi um pequeno desastre que precisou de inúmeros adereços para emplacar uma piada que fosse, e o look látex não teve nada de espetacular; por outro lado, Detox fez uma Nancy Grace bastante interessante e desfilou com o possível melhor look da noite. Aqui não temos nem a desculpa do look, então foi ou um equívoco da bancada ou foi a provável segunda opção: estratégia.

Estamos numa temporada em que a estratégia é elemento fundamental da corrida, considerando o novo método de eliminação. O discursinho “somos-todos-irmãs”, se colou no primeiro episódio, já deixou de colar. Estamos à beira de entrar em uma espécie de versão gay do Big Brother! E, girl, como isso é bom! E, se no Big Brother, o principal articulador é o próprio programa, aqui há uma chance desse papel ser da própria Ru. Explico: com Alaska no Top e RoTox + 1 no Bottom, teríamos um lip-synch que basicamente definiria o destino desse +1, que infelizmente acabou sendo Tatianna (que, não vou mentir, foi realmente muito mal com a sua Ariana Grande e mereceu o Bottom). E nem Alaska nem a edição fizeram questão de esconder isso, considerando os arranjos de Alaska com RoTox e o discursinho condescendente para Tatianna, e o confessional de Tati que foi exibido logo depois. Quem achou que as eliminações iriam ocorrer por desempenho pode tirar o cavalinho da chuva que o negócio aqui é estratégico, cada queen pensando no que acha melhor para si na tentativa de ganhar os 10 mil semanais e os 100 mil finais.

Portanto, é difícil fazer uma análise negativa da tentativa de Phi Phi de fazer joguinhos mentais com as outras competidoras, mesmo depois do discurso de “preciso mostrar a nova Phi Phi para o mundo”. Podemos achar “certo” e “errado”, e é isso que vai movimentar a temporada, mas agora é embarcar de cabeça nesse BBB que RuPaul’s Drag Race, mais do que nunca, está se tornando. Cada escolha vai fazer toda a diferença, por mais clichê que isso pareça, e eu particularmente acho isso muito positivo.

Para terminar, só queria pontuar o quanto achei injusta a eliminação de Tati, que se tornou uma performer de primeira linha – o Top no primeiro episódio não veio do nada – e não foi nem um pouco tão ruim quanto Roxxxy Andrews no desafio e na passarela. Mas são os ônus desse método de eliminação, que tem bônus em abundância.

Untucked 1: Já tivemos o reading is fundamental, já tivemos o Snatch Game, do jeito que tá semana que vem eles gravam o clipe de alguma música da Ru e acaba a temporada.

Untucked 2: Concordo muito com a Laís quando ela criticou a perda de espontaneidade da Alaska. Os VTs dela nesse episódio me incomodaram muito, ela parecia uma personagem caricata em si mesma.

Untucked 3: Já começaram os rumores de que a temporada tá cotada pra Alaska vencer. Eu não me comprometo com acusações, mas os sinais são até que fortes.

Untucked 4: Quero muito saber se Katya vai revelar a escolha dela para a eliminação, dado o potencial de drama realness que essa revelação tem.

Untucked 5: Vamos todos apreciar a maravilha que é Shangela Laquifa Wadley, shall we?

 


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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