“Maybe, Lakewood, you’ll always be Murderville. Only time will tell.”
Depois de doze semanas teorizando, dissecando, elogiando ou reclamando, enfim chegamos na season finale de Scream. Muita expectativa estava envolvida no episódio e o resultado final possui diversos aspectos a serem analisados, sejam eles positivos ou negativos. A proposta foi simples: um último jogo doentio onde as garotas precisavam fugir da polícia.
Sem enrolações, vamos direto ao ponto principal: o assassino. A principal reclamação da primeira temporada foi a previsibilidade em descobrir que a Piper era a assassina – pessoa nova na cidade com passado obscuro, foi fácil ligar dois pontinhos. Agora tivemos mais uma revelação: a culpabilidade do Kieran. Previsível? Sim. Mesmo erro do ano anterior? Não! É preciso observar que, ao todo, a temporada evoluiu sua estrutura em comparação com o ano inicial. Ao longo das semanas usaram de diversos artifícios para confundir o público (conhecidos como red herring) que foram muito bem empregados. Audrey, Stavo, Eli, Zoe, Kevin, até mesmo Emma, Maggie e personagens secundários foram acusados das mais diversas formas. Entretanto, nas duas últimas semanas os detalhes foram se esclarecendo e Kieran tornou-se novamente o principal suspeito, fato que estragou parte do elemento surpresa.
Se no fim a previsibilidade decepcionou, vai de cada um. Há quem diga que o principal objetivo de Scream não é ser mirabolante e sim referenciar o gênero e a franquia cinematográfica. Há quem tenha achado ruim pela falta de choques. Há quem prefira uma história coerente do que uma surpresa sem sentido. Pessoalmente, gostei dessa parte do episódio. O Kieran sempre foi um personagem desinteressante: estava ali para ser o namorado da Emma e fazer uma cara de paspalho, somente isso. A revelação melhorou esse aspecto, tornando-o mil vezes mais intrigante – até mesmo a atuação do Amadeus Serafini evoluiu um pouquinho. E é claro que é impossível não lembrar do clássico Billy Loomis, outro assassino com problemas familiares e namorado da protagonista. As homenagens são visíveis em diversos diálogos presentes ao longo da série e agora a “relação” entre os dois foi confirmada.
Outro ponto positivo é que o final não trouxe somente essa revelação. O “who told you you could wear my mask?” fechou o episódio da melhor forma possível e abriu diversas possibilidades. O surgimento desse assassino encaixa-se com a enorme ponta solta que foi deixada ao longo da segunda temporada envolvendo o passado. A infância da Emma, os porcos, a ligação com a Maggie… É improvável a relação do Kieran com algo do gênero, então as apostas mais óbvias estão em torno do retorno do Brandon James.
Uma coisa é praticamente certa: a história do primeiro massacre ainda não acabou. Será que estamos diante do foco do especial de Halloween? Para quem ainda não sabe, a MTV anunciou um especial de uma hora e meia que irá ao ar em outubro, mas a terceira temporada até então não foi aprovada.
Por outro lado, “When a Stranger Calls” pecou na hora de ter coragem. A contagem de corpos foi praticamente nula – o coitado do Eli basicamente não conta, visto que só foi introduzido nesse ano e nem era tão querido pelos telespectadores. O público está assistindo uma série de slasher e está ciente disso, então está na hora de voltar a apresentar características de uma. Todo mundo se lembra da frase no Noah lá no primeiro episódio: “You root for them, you love them, so when they are brutally murdered, it hurts.”
A controvérsia acontece quando nos apegamos tanto a alguns personagens que os roteiristas têm medo de matá-los. Brooke, Noah e Audrey são visivelmente os mais adorados, recebem diversos comentários nas redes sociais, e é visível como fazem fanservice diante desses três. Tudo bem que a MTV está tentando manter o público geral acompanhando a série, mas essa não é a forma correta. Quando a Brooke ficou em perigo eu (quase) nem me preocupei, visto que o bem estar dela já estava garantido. Outra prova de que não estou exagerando: a vítima mais relevante da temporada foi na season premiere e foi o membro mais irrelevante do Lakewood 6… Vamos melhorar isso aí!
Quanto aos personagens em si, no momento podemos ver a grande evolução da Emma de um ano para o outro. Apesar de imprudente em alguns momentos (e ruim de mira), a garota mostra-se muito mais destemida e disposta a encarar seus inimigos, sem dúvida uma faceta bem mais interessante da que conhecíamos. Pode ser um detalhe aleatório, mas até seria bacana se investissem em um romance com a Audrey, desde que, é claro, isso passe longe de ser o foco da história.
Emma: You’re a monster!
Kieran: And the best part is… You just told me you loved me.
No fim, o saldo da temporada terminou sendo positivo. Independente dos erros que apareceram aqui e ali, sobretudo a ausência de grandes mortes, a experiência de acompanhar semanalmente foi divertida. É sempre bom lembrar que a principal proposta de Scream é entreter e, por enquanto, ela está cumprindo bem o papel. Lakewood, nos encontraremos novamente em outubro! Mas e você, o que achou da season finale? Gostou das revelações?
Observações:
-Filme do título: When a Stranger Calls, o original é de 1979 e o remake de 2006. A história acompanha uma babá que começa a ser perseguida através de uma série de telefonemas.
-Não faz sentido, parte um: o policial viu o assassino no meio da rua, desviou o carro e bateu. Qual seria a melhor solução? Atropelar o desgraçado e terminar com o mistério ali mesmo.
-Não faz sentido, parte dois: Emma e Audrey estavam sendo procuradas pela polícia e foram as únicas que ouviram a confissão do Kieran além do Eli. A polícia chegou no local e o Kieran estava sendo estrangulado pela Audrey (que está vestida de assassino) e a Emma estava apontando uma arma. Quem eles prendem? O Kieran…
-O Amadeus descobriu que o Kieran era o assassino alguns dias antes de gravar o último episódio, antes ninguém havia contado o segredo para ele.
-Como fã dos filmes, meu coração ficou contente vendo a enxurrada de referências nesse episódio, como a sequência dentro do cinema.