Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Second Chance

Por: em 22 de janeiro de 2016

Second Chance

Por: em

Criada por Rand Ravich, Second Chance é uma releitura contemporânea de Frankenstein. Estreou no dia 13 de janeiro de 2016 e possui em seu elenco Robert Kazinsky como o protagonista, Adhir Kalyan e Dilshad Vadsaria são os gêmeos gênios (permitam a brincadeira), e Tim DeKay sendo o filho do nosso anti-herói. É produzida pelo próprio criador, além de Katie O’Hara, Howard Gordon, Cristina Verano, Brad Turner e Shawn Williamson.

Rob-Kazinsky-Jimmy-Pritchard-Frankenstein-Code
A temática abre um grande leque de possibilidades de abordagem – a discussão ética, a problemática de um ser voltar a vida com suas memórias, as “tretas” que dariam para se manter essa vida. Coisas do gênero. O tema possui um imenso potencial, vide Penny Dreadful e seu conturbado Doutor Victor Frankenstein. O problema se encontra justamente em Ravich, que também foi criador de Life, uma boa série que não conseguiu manter o fôlego da 1ª temporada, que já tinha seus problemas, e foi cancelada.

Pois bem, o que o piloto de Second Chance transmite é uma necessidade de correr com o enredo, sem haver muita necessidade. Vemos dois irmãos, Mary e Otto Goodwin, gênios da biogenética e donos de uma empresa de tecnologia. A irmã tem câncer. O irmão, mais um desses gênios antissociais cliché, resolve que seria bom testar a experiência de retorno à vida, que sua irmã desenvolveu, em humanos. Recebe um simples “não”. Por esses acasos do destino, um xerife aposentado por casos de corrupção é assassinado, e possui os genes que eram necessários para que o teste desse certo.

Talvez esse seja um dos pontos que mais incomodam. Pritchard, o ex-xerife, leva uma coronhada na cabeça, é agredido e arrastado até uma ponte, jogado feito um saco de batatas, e, simplesmente, o legista atesta suicídio. Tudo bem que a nuca do coroa explode feito uma melancia, mas não há outro ponto que comprove as agressões? Compreendo que exista a possibilidade de suicídio pelo histórico do personagem, mas sério que o legista não achou nenhum hematoma? Melhor chamar o Sr. Dexter Morgan. Além disso, o filho de Pritchard, Duval, um agente do FBI, interpretado pelo ex-White Collar, Tim DeKay, foi mal aproveitado, também aceitando rápido demais a ajuda desconhecida de seu Pai.

Retornando ao principal, o jovem gênio decide realizar testes em humanos, e aparentemente o processo é demorado, visto que consta um rejuvenescimento também. Neste ponto fiquei um pouco aborrecido, uma vez que correm com coisas desnecessárias, mas abusam dos fillers pra apresentar um suposto drama ético por parte da grande responsável, indiretamente, disto tudo, Mary Goodwin. Ao terminar o processo, Pritchard acorda em um ambiente semelhante a sua antiga casa, poucos meses após o seu assassinato. A partir daí, o seriado passa a ter um pouco mais de ação, o que da um boost extremamente necessário. A atuação de Robert Kazinsky como o jovem Pritchard também termina gerando um pouco de esperança, pois passa a perfeita imagem do canastrão que ainda não compreendeu bem o que está acontecendo, mas que deseja se agarrar a oportunidade de ajustar as contas com o passado.

Ainda assim, Second Chance tem um ritmo mais corrido do que deveria. Podia dar mais oportunidade às possibilidades existentes, abordar melhor o caráter dos personagens, em vez de simplesmente nos jogar num universo já existente. Isso fez com que eu me sentisse o renascido, simplesmente tacado em um mundo, sem muita explicação, sem muita consideração, como se fosse um “irmão, se vira. Faz teu corre”. Roteiro mais ou menos, atuações não muito confiantes, tema potente (meu deus, é baseado em Frankenstein, sabe?). Apesar de tudo, vale dar uma chance para a série, partindo da crença de que os personagens e atuações ainda têm potencial para melhorar.


Vinicius Scoralick

Historiador, cinéfilo e psicanalista de séries. Duelista profissional de Yu-gi-oh!. O nerd que você jamais imaginou. Uma mistura de Zizek com Schopenhauer.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Black Mirror

Não assiste de jeito nenhum: Shonda Rhimes

×