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Sense8 – 2×02 Who A Im?

Por: em 5 de maio de 2017

Sense8 – 2×02 Who A Im?

Por: em

No fim, todos seremos julgados pela coragem em nossos corações.

Essa foi uma das frases mais marcantes na 1ª temporada de Sense8, foi título de um episódio e acredito que consiga resumir perfeitamente o que foi o o 2º episódio desse 2º ano (lembrem-se que o primeiro foi o especial de natal e já falamos dele aqui). Coragem foi um dos temas chaves de tudo que vimos até aqui e deve ser um dos pilares de desenvolvimento dessa nova leva de episódios. Coragem de enfrentar seus medos em prol de um bem maior. Coragem de ser quem você é. Coragem de simplesmente ter coragem. De todas as formas e ângulos, vimos o tema aparecer aqui e ser bem explorado. Foi um episódio calmo, de introdução, mas ainda assim eficiente.

A primeira cena de interação entre todos eles já brinca com o tema, quando coloca Lito e Capheus frente a frente com entrevistas onde precisam ter coragem de assumir uma posição. Enquanto um é questionado sobre sua sexualidade e as fotos vazadas com Hernando, o outro precisa responder perguntas sobre raça e protagonismo negro. Na aparição de Nomi e em todo o discurso proferido por todos os personagens sobre como rótulos são uma forma de estereotipação e que, no fim das contas, todos somos seres humanos, Sense8 resgata já de cara uma das suas principais marcas, que é a capacidade de usar a vida dos personagens como metáfora para o que acontece o tempo todo no mundo. Comigo, com você, com seu vizinho, com alguém que você não conhece… A edição da sequência é incrível e foi bem interessante ver como as duas repórteres reagiram de maneira diferente. Enquanto a de Lito pareceu se sentir acuada depois de uma bela lição de moral, a de Capheus abriu um belo sorriso, como se estivesse realmente disposta a entender o que ele falou e, principalmente, pronta pra aplicar aquilo em sua vida.

Porque, como o personagem colocou muito bem na cena do restaurante com o que acredito ser um possível interesse amoroso, é preciso ter coragem pra acreditar num mundo em que seus sonhos possam se tornar realidade e que você possa ser quem você é de verdade. Por mais que a realidade seja cruel e por muitas vezes mortífera, Sense8 procura nos lembrar de que esse mundo, por mais utópico que seja, precisa ser sonhado e precisa que lutemos por ele – ou ele nunca irá existir.

A ligação entre Will e Sussurros foi um dos pontos chaves daqui e se mostrou um pouco parecida com a que Harry e Voldemort tinham lá em Harry Potter, de Ordem da Fênix em diante. Um sabe que pode “visitar” o outro, mas ambos são cautelosos nos seus movimentos, pois tem consciência do quão perigoso isso pode ser para os seus respectivos planos. Claro que pra Will a situação é bem mais calamitante, levando-se em conta que ele continua drogado pela maior parte do tempo, já que acesso à sua mente significa acesso a mente de todo o cluster, a última coisa que ele quer.

O confronto direto entre os dois foi uma das melhores cenas até então e o jogo de roteiro que se seguiu a ele foi incrível. É admirante que Will tenha notado tantos detalhes e conseguido raciocinar o suficiente para tentar formular uma ideia de onde o vilão estava (Londres) e, por um momento, eu até achei que ele estava certo. Mas caí na ideia do roteiro de que é claro que Sussurros sempre estaria um passo à frente. Deu pra comprar perfeitamente a história que tudo que Will achava que sabia, era algo forjado detalhes por Sussurros para que ele fosse de fato induzido a isso. Até que chegamos a incrível sequência final, onde fica claro que um dos maiores problemas do vilão (provavelmente seu maior defeito) é ser autoconfiante demais. Ele achou que estava no controle, que tinha Will em suas mãos e que nada podia atingí-lo. Mas ele não contava com uma “invasão” em sua mente, que o deixaria completamente exposto, em trabalho, em localidade, em parceiro… Em tudo. Foi uma forma incrível de Will e de tudo seu cluster deixarem claro de aquela não era uma guerra que estava sendo lutada por apenas um lados. Ele vai bater, mas vai levar de volta. 

A ligação entre os dois trouxe detalhes interessantes, como a enigmática cena inicial onde vemos Angélica e Sussurros conversando de maneira sincera. Do que dá pra extrair de uma primeira olhada, é que em algum momento na vida dela, ela confiou nele (parece que por querer de alguma forma tirar o medo do cluster, uma coisa que não dá pra culpar) e, por isso, se sente culpada por tudo que aconteceu. Devemos ouvir mais sobre isso com o passar da temporada, mas já é algo interessante e que confere algum potencial.

O plot de Sara também voltou ao foco. A visita de Nomi e Amanita (e Will por tabela) a casa da garota mostrou que a história é algo muito mais profundo do que havia sido mostrado agora. Além dela ter sido diretamente responsável por Will se tornar policial, aparentemente existe alguma ligação maior entre ela e os experimentos feitos por Sussurros, que descobrimos que foi seu professor e que era amado e tinha a confiança não apenas de Sara, mas da mãe da garota. Saber disso despertou em Will algo aparentemente forte (é bem bonito ele pedindo que Nomi diga a mãe de Sara que ele continua lutando e que nunca vai desistir) e, sem dúvida, o deu ainda mais forças para seguir em sua luta pessoal contra o vilão.  Que a garota também era um homo sensorium, não resta dúvidas. Mas ela era de algum cluster específico? Foi uma pessoa específica? Ou havia um motivo especial? Mais coisas para a temporada responder.

Com as pesquisas de Nomi sobre o homo sensorium também sendo mencionadas, o episódio deixou claro que a temporada vai fazer um mergulho na origem, na história e no entendimento do que é ser um sense8 e em suas origens mais antigas, discutindo não apenas essas raízes, mas também a forma como o mundo reage a elas. Como o professor de faculdade bem levantou, é realmente tão interessante assim poder ter sua mente lida e acessada o tempo todo por outro? Jamais saberemos a resposta.


Outras observações:

— Os outros personagem não tiveram tanto destaque assim: Tivemos Riley encontrando seu pai, Wolfie e Sun numa conversa bacana sobre jaulas, um flashback dele com sua mãe, subtramas familiares de Kala e seu marido… Mas nada que realmente tivesse um impacto e merecesse maior discussão.

— Felix realmente acha que aquela boate toda vai sair de graça assim? Claro que tem coisa aí. Te cuida, garoto, que não quero que você morra de novo.

— “Você pode explicar pra mim por que isso importa?” Lito. Larga o Hernando e casa comigo.

E você, o que achou do retorno? Comenta com a gente e se prepara pra nossa maratona!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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