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Sense8 – 2×11 You Want a War? (Season Finale)

Por: em 8 de maio de 2017

Sense8 – 2×11 You Want a War? (Season Finale)

Por: em

Em seu primeiro ano, eram grandes as falhas que a série trazia. Mesmo apresentando uma ótima história, as extensas cenas e a demora para desenvolver a trama principal eram altos pontos negativos. Nesse segundo ano, uma reinvenção parece ter acontecido no roteiro e, sem deixar espaço para coisas desnecessárias, conseguimos nos aprofundar tanto na mitologia da série quanto em cada personagem separadamente. Aprendendo com seus erros, a série ganhou força para nos apresentar cenas memoráveis e, mesmo enfrentando diversos problemas em sua fase de filmagens, a qualidade continuou alta, nos mostrando algo digno das diretoras de Matrix. Caros leitores, apresento a vocês a última review do segundo ano de Sense8.

Apesar de ser uma ótima personagem, Sun sempre aparentou estar presa em uma trama não tão interessante. No início dessa temporada, foi possível perceber uma súbita mudança no tom que esse núcleo teria, nos mostrando uma maior violência e uma maior profundidade em seu drama com o irmão. Com o passar dos episódios, a personagem foi ganhando cada vez mais força e sua história ficou cada vez mais interessante. Seu pai foi assassinado e ela foi presa no lugar do irmão, mas agora finalmente veríamos sua vingança. Pelo menos, algo perto disso. Em uma sequência de tirar o fôlego, fomos presenteados com uma incrível perseguição que não apenas aprofundou ainda mais a personagem, como também mostrou que existe um plano de fundo ainda maior do que esperávamos. Algo já fácil de imaginar, parece que os diversos problemas têm uma raiz política. E, analisando os outros núcleos, nada mais justo que isso. Afinal, os problemas e a desigualdade começam quando aqueles que deveriam lutar pelos nossos direitos, lutam apenas pelo próprio bem estar. Mesmo continuando foragida, Sun mostra que ainda percorrerá um grande caminho de redenção, mas que tem a companhia necessária para nunca desistir.

Seu encontro com Puck foi, no mínimo, interessante. Mesmo sendo um personagem voltado ao alívio cômico, seu conhecimento sobre a história é extenso e suas conexões ainda mais. Uma caçada começou, mas somente os mais fortes sobreviverão. Sua interação com Riley, assim como em outros episódios, continuou ótima. Mesmo sendo tão diferentes por fora, as duas enfrentam problemas parecidos. Ambas perderam quem mais amavam e precisaram lidar com a perda enquanto lutavam contra as consequências. Falando em Riley, a garota parece estar cada vez mais pronta para a luta. No primeiro ano, seu drama familiar tomou conta de grande parte da temporada, o que nos fazia pensar que a mesma não teria tanta importância nessa. Mostrando o oposto, foi graças à DJ que descobrimos mais coisas sobre a organização e conhecemos mais sensates. O relacionamento com Will também não deixou a desejar. O que era um simples romance no início se tornou algo maior, mas eles não puderam ser felizes como deveriam pelas constantes perseguições. Mesmo estando em uma posição difícil no momento, é importante notar que agora eles finalmente podem respirar um pouco e, quem sabe, aproveitar como deveriam.

Will, por sua vez, se mostrou um personagem mais interessante do que aparentava. Iniciando a história como o herói do grupo, logo ele ficou em uma posição frágil, onde conseguimos nos conectar ainda mais com ele. O relacionamento com o pai e as visões com Sara foram subtramas excelentes que conseguiram definir um ótimo tom para o personagem. Ele nos mostrou que até mesmo as pessoas mais fortes podem sofrer e que não devem ter medo disso. Agora, ele encontra seu lugar como um simples membro do grupo, mas com uma grande obrigação. O que eles irão fazer agora que estão com Sussurros? Será que irão negociar uma troca por Wolfgang? E o que acontecerá com Jonas, que aparentemente desistiu de fazer o certo e está trabalhando com o lado oposto? Esse segundo ano trouxe muitas respostas, mas cada uma delas trouxe uma dezena de perguntas. Agora precisamos esperar o momento em que elas serão respondidas.

O sequestro de Wolfgang, o qual deve ter surpreendido boa parte dos telespectadores, rendeu ótimas cenas, principalmente para entendermos mais sobre como funciona a tortura que a organização propaga. No início, o personagem aparentava ser apenas um criminoso que se envolveu fundo demais na máfia, precisando lidar com os chefões de cada região pelo domínio de tudo. Com o passar da história, conseguimos entender melhor suas motivações e a trama ainda mais profunda que corria por trás. Não foi coincidência o mesmo ter sido o primeiro a ter contato com um novo sensate, algo que trouxa uma dinâmica completamente diferente ao núcleo. Era sabido que Lila não o deixaria sair de Berlim calmamente, mas foi surpreendente ver que a mesma pessoa que o queria ao seu lado não mediu esforços para colocá-lo naquela cadeira. Por ser um personagem tão bom com relacionamentos, fica claro o motivo de seu romance com Kala funcionar tão bem.

Indiretamente, Wolfie e Kala funcionam bem até demais. Mesmo sendo um romance que demora a fluir, é interessante ver como essa relação é importante para a garota. Não tendo quase nenhuma grande participação no primeiro ano, ela aparentava ser apenas uma simples indiana que seguia os costumes e tentava lidar com a conturbada relação com o marido. Mas, no decorrer da história, foi possível perceber seu potencial e que o que realmente faltava era um melhor desenvolvimento por parte do roteiro. Até mesmo nesse segundo ano, onde a mesma ganhou mais importância, a maioria de suas cenas eram voltadas em sua relação com Rajan. É bom ver quando a mesma prepara algum explosivo ou mostra o resultado dos bloqueadores, pois é onde está a verdadeira força da personagem. Mesmo não sendo tão interessante, a subtrama política com o marido pode acabar se tornando algo importante no próximo ano. Ainda não sabemos muito sobre o que está acontecendo, mas se funcionar como os outros núcleos, devemos esperar grandes emoções para o futuro.

Diretamente ligados, temos Capheus que se insere em uma trama parecida com a de Kala, mas com proporções totalmente diferentes. Sim, a troca de atores foi estranha, mas mesmo com as diferenças, o personagem continua interessante e aparenta ter um grande potencial para as próximas temporadas. Desde o primeiro ano, esse núcleo vem trabalhando a desigualdade social, o racismo e o desinteresse das pessoas nos países mais pobres. Com uma realidade parecida com a qual vivenciamos por notícias, o personagem vem para nos mostrar a importância de ter coragem e nunca desistir de lutar pela própria sobrevivência. Além disso, sua relação sincera com sua mãe e com aquele povo nos mostra como é importante ajudar os outros, não importa o quão complicado seja. É difícil ver alguém fazendo diferença na política e muitos já perderam a esperança nela, mas não podemos nos esquecer que as pessoas do bem existem, elas só estão escondidas. Elas só estão esperando para serem notadas. Elas só estão esperando que acreditemos nelas.

De todos os personagens, Nomi sempre foi a mais carismática e a mais fácil de ter afinidade. Sendo um exemplo vivo de força e coragem, sua caminhada pela sua transsexualidade e homossexualidade nos deu forças para nunca desistirmos de enfrentar nossos problemas. Nós não podemos ter medo que ser quem somos, algo que a personagem tenta nos ensinar desde sua primeira aparição. Além disso, é graças a ela que vemos tantos personagens queridos serem salvos. Suas ações em computador sempre são transferidas para a tela como lutas e perseguições, algo que enriquece ainda mais a série. Sua relação com Amanita pode ser classificada como uma das mais belas, nos mostrando a importância de um relacionamento. Nenhum relacionamento é fácil, o importante é saber amar o outro em todas as suas formas, principalmente quando expõe suas falhas. Um verdadeiro casal é aquele que supera os problemas juntos, sendo elas um grande exemplo de união.

Já Lito, que começa a vivenciar os problemas por sua sexualidade de forma mais intensa apenas agora, nos mostra que a amizade pode nos levar a qualquer lugar e que com os amigos, nós temos força para ser quem quisermos. Sem Hernando e Dani, é difícil acreditar que o personagem conseguiria seguir em frente. Muitas vezes achamos que estamos bem sozinhos, mas nós sempre iremos precisar de alguém. Não por sermos fracos, mas porque compartilhar uma experiência no final do dia pode ser a maneira mais fácil de nos sentirmos vivos. Lito e Nomi nos ensinam que, apesar das dificuldades, é a nossa verdadeira essência que importa. Agora, chegou a hora de ver como os outros personagens reagirão ao descobrir sobre a existência dos sensates. Esse sentimento de curiosidade só confirma ainda mais o ótimo papel da série em se aprofundar em sua história, algo que esteve em falta em seu primeiro ano.

No geral, Sense8 conseguiu nos apresentar uma excelente temporada e criou um desenvolvimento incrível para a história. Mesmo com um terceiro ano incerto, é impossível esconder a ansiedade em ver a resolução de tantos problemas. Agradeço a todos que nos acompanharam até aqui e espero ver vocês novamente na próxima. Nós esperamos muito, mas agora o momento finalmente chegou. É hora da guerra. Você está preparado?

Observações:

Caralho, Lana. Mais um finale desse e eu não sobrevivo.

Gosto tanto do modo como a Angelica aparece em memórias.

Senti que correram um pouco no final, mas consegui ignorar isso.

Acho muito fofo como a Sun, vez ou outra, parece personagem de anime.

Achei que não iriam criar uma tensão maior que a do começo. Me enganei.

Pensei que fosse mais fácil reconhecer a diferença entre a presença física e a mental.

 


E você? O que achou do episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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