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Sense8 renovada e eu #xatiado

Por: em 10 de agosto de 2015

Sense8 renovada e eu #xatiado

Por: em


Enquanto a internet entra em colapso com a confirmação oficial da segunda temporada de Sense8, me pergunto: será que só eu é que me decepcionei com o último episódio?

E antes que alguém ache que este é mais um texto falando sobre o excesso de cenas de sexo ou gays da série. Só tenho uma coisa pra dizer: “Não tenho paciência pra quem tá começando.” (Vieira, Suzana).

Talvez meu problema tenha surgido antes mesmo de liberarem a série, já com os trailers. O nome desse problema? Expectativa. Pois é, tenho um sério problema com ela, já que geralmente é alta, resultando quase sempre em uma decepção inversamente proporcional.

Confesso que achei a premissa fantástica, oito pessoas conectadas em diferentes partes do mundo, compartilhando experiências e habilidades. Foi o clássico caso de paixão ao primeiro trailer! O que não impediu de transformarem uma ideia excelente em uma merda homérica.

Aí virão alguns dizendo que se trata de uma primeira temporada, leva-se um tempo pra compreender a narrativa, introduzir todos os personagens, seu desenvolvimento y otras cositas mas

Tivemos excelentes momentos, como aquele em que os sensates cantam/sentem a mesma música. Como esquecer uma das cenas mais sensuais — e famosa da série — na qual eles vivenciam uma espécie de suruba sensorial feat tântrica? Porém, os erros foram de longe muito maiores que os acertos. Duvida? Não seja por isso. Vem comigo!

Sense8 1x06 orgia

Até o quinto episódio, por exemplo, eles não têm a real noção do que está acontecendo. Os únicos que então o fazem — tiveram contato com Sayid Jonas — são Nomi e Will. Se aquela me garantiu os melhores momentos da série, talvez por ter sido uma das poucas personagens autorais de Sense8, este não se salvou nem mesmo pelo corpo bonito e a cara de bom moço. Sério! Em um capítulo todo mundo está surtando com as “aparições de estranhos”, no próximo, de repente, não mais que de repente, temos nosso querido policial e Riley numa nice, no bar, tomando breja, fazendo um DDI.

Tá. Vão dizer que não entendi, que não se faz necessária apresentação tão crua e simplista dos personagens entre si, já que têm os paranauês do sistema límbico que os mantêm ligados uns aos outros, no melhor estilo Lulu Santos. Deixei pra lá e pensei: próximo!

Ao longo de onze episódios pude conhecer um pouco mais de cada um dos oito personagens e confesso que fui montando meu time preferido. Não por nada, só por uma questão de afinidade Bial. E nessa corrida frenética rumo ao fim da temporada — quem assistiu sabe bem qual a sensação — fui arremessado ao último episódio. Sim, o fatídico. Razão da minha decepção.

Lembra da premissa interessante, dos personagens complexos com seus conflitos, histórias e percepções além do óbvio? Pois é, foram transformados em simples coadjuvantes do drama de Riley.

Em meio a um exagero de cenas sem noção. Cenas de ação mal feitas, tipo um Jack Bauer com sérias restrições orçamentárias. Faltou emoção! Emoção que os atores escolhidos não conseguiram entregar em cena. Desculpe, mas Riley não foi capaz de me fazer chorar ou me compadecer de todas suas perdas. Logo eu que choro em comercial de margarina e já nem assisto programas dominicais pra não ficar com ranho escorrendo do nariz #meajudaluciano.

Will-e-Riley-Sense-8

Volto a dizer que uma das personagens mais legais, sob o meu ponto de vista, é Nomi. Acerto sentido desde sua primeira aparição, garantindo bons momentos da série. Mas nem ela foi salva da maldição do último episódio. Foi difícil vê-la colocada naquela palhaçada de resgate de Jessica Riley, com várias falhas no desenvolvimento.

O que dizer sobre Lito, um dos poucos personagens que teve o arco finalizado já na primeira temporada? Bom, meu problema com Lito como diria uma amiga: é que ele ocupa meu local de fala, por isso é tão complicado falar dele e não me sentir decepcionado, sem aquela expectativa fdp, saca?

Questiono mais uma vez se fui só eu que achei a forma escolhida para a resolução dos conflitos do personagem, um misto de novela das nove feat Zorra, ao abordar personagens ou a temática gay? Então. Achei U-O-H-shingon. E não me diga que não entendi a semiótica da coisa! Tanto entendi que adorei a ideia dos autores em brincar com os exageros dos dramalhões mexicanos (saudade Paola Bracho!) — destacado claramente no momento do nascimento dele, em que toda a família está assistindo à TV — só não esperava ver mais uma vez o núcleo “gay” fazendo às vezes de comédia e em um timing sofrível de se ver.

E se existia uma certeza sobre o que esperar pra esta segunda temporada, esta seria o desenvolvimento de uma possível relação conflitante — mesmo que mostrada sutilmente — entre Wolfgang e o Will. Falando em Wolfgang, o que foi aquela cena da bomba caseira? Que morte horrível! #fail.

Pois é, mais uma vez vi os roteiristas catando outro personagem, a história dele e WTF?! E a bola da vez foi Kala, colocando-a como mera coadjuvante no estilo “cota pra indianos”.

Pra não me estender mais, vamos para a cereja do bolo: QUE MERDA FOI AQUELA do Will olhando pra cara do whispers?

Ok, você dirá: Bixa, é o ponto alto do negócio! Tá!

Então ficamos com as seguintes opções para Will:

a) fugir e tentar entender o que tá pegando ou como reverter isso;
b) se matar — confesso que teria sido o melhor final, o mais surpreendente! — salvando o grupo e levando a uma reflexão sobre a seriedade e perigos de se ser um sensate;
c) pegar o kit drugs 4free e ficar dormindo e acordando, pra não ter consciência likes mammys Angélica do táxi no primeiro episódio.

É. Achei d-e-c-e-p-c-i-o-n-a-n-t-e.

Enquanto todos vibravam com a cena dos sensatzzz no barquinho, minha mente visualizava a trilha ideal.

Sense8-1x12

PS: Mesmo com toda a ação de marketing voltada ao 8/8, comecei a perder um pouco do respeito pela série assim que explicaram a origem do nome Sense8. Bitch, please!

Oito pessoas nascidas em oito do oito? Nem Aparecida Liberato faria uma combinação tão ruim.


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

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