Uma das séries mais recentes do SyFy, Dominion, não teve um painel muito divulgado na Comic-Con 2014. Porém, encontramos uma sessão de perguntas e resposta do The Geekiary, que apresentaram muito bem a nova série, e traduzimos abaixo:
Vaun Wilmott, criador de Dominion, explicou a construção dos personagens e o raciocínio por trás das mudanças no mundo pós apocalíptico de Dominion (passado 25 anos depois do fim do filme Legion) e o nosso:
“Há muitos movimentos na história, se você pensar no comunismo na Rússia ou na China, ou outros movimentos ideológicos que tomaram conta de um país e alteraram sua cultura em uma década ou menos. Então eu sempre senti que era lógico e possível um evento tão grande e apocalíptico como uma guerra de extermínio, onde nós somos quase literalmente aniquilados e permitiríamos que qualquer ideologia pudesse crescer, liderado por pessoas carismáticas como a Evelyn em Helena ou Riesen em Vega. Vega é do jeito que é por causa do general Riesen. Ele era um historiador da antiga Roma, ele amava tudo que era romano, de Júlio César ao governo, os militares, tudo, então ele moldou a sociedade nesta imagem. Eu sei que parece pouco tempo, mas se você olhar pela história, há exemplos de movimentos rápidos que tomam a cultura e a sociedade. Então é da onde a gente começa, destes líderes carismáticos.”
Cada ator discutiu como seu personagem faz parte dessa mudança na história de Dominion. Quando perguntado sobre o papel de “o escolhido” Alex Lannon, o ator Chris Egan explicou que o que o levou ao personagem não foi seu caráter messiânico, mas a rejeição dele ao título.
“Alex não liga para isso. Eu gosto que ele é um anti-herói… e queria interpretá-lo desde o começo. Ele é um cara real, que não gosta do título. Ele é contra o sistema, quer sair de Vega. Eu não queria que ele fosse um herói desde o começo e depois falhasse. Ele tem problemas com a vida, com o pai e problemas de abandono. Coisas que você pode ler no rosto e na voz dele e saber quem ele é.”
Roxanne McKee fala com paixão da protagonista Claire Riesen, demostrando um entendimento grande de seu papel.
“Para mim, ela é uma personagem fantástica, porque eu a conheço desde o começo. Eu li todos os episódios, então conheço o arco dela. E eu não queria ter todas as armas atirando e ficar ‘certo, eu sou forte. Eu sou uma mulher e sou dura e sou isso e aquilo, e inteligente e educada’. Queria que as pessoas entendessem que mulheres e homens são multifacetados e a Claire é forte e vulnerável. Não acho que há algo fraco em mostrar vulnerabilidade. O que eu mais gosto na Claire é que ela começa muito inicente e depois todos os problemas se manifestam e ela tem que lidar com eles de cabeça erguida. E porque ela é tão educada e durona, ela lida com eles de uma forma fantástica e tem sido um desafio para ela. Acho que o público vai se identificar com ela e com certeza as mulheres irão, porque ela não tem medo de ser quem ela é naquele momento.”
Tom Wisdom também falou bem de seu personagem, mostrando como as motivações do Michael mudou desde o início da série.
“Acho que antes da série começar ele era estável e tinha um plano definido e sabia exatamente o que ia fazer. É tudo sobre o Alex. É tudo o que ele pensava, treinando-o, ficando de olho nele e depois que tudo acontece, ele muda. Fica muito difícil. E ele não entende bem as emoções humanas. Ele fica contente e interessado.”
Anthony Stewart Head pareceu surpreso que todos queriam falar sobre sua interpretação do Senador David Whele e seu sotaque americano. “Digo, você poderia ter um britânico em Las Vegas, mas qual seria o motivo? É Las Vegas!”, brinca. O papel complexo do televangelista fundador de Vega exigiu pesquisa e o ator buscou inspiração em exemplos da vida real.
“Para ser honesto, eu pesquisei políticos. Porque no piloto, quando eu estava fazendo meu trabalho, eu tive que olhar algumas denominações, não só republicanos! (risos) Devo dizer que quando os políticos ficam ocupados, pode ser assustador! E algumas das coisas foram sobre Clinton ficando angustiado sobre questões que ele não gostava. Foi fascinante ver a fera que eu acho que existe em todos os políticos. Eles provavelmente começam querendo fazer o bem, mas em algum momento suas carreiras se tornam a coisa mais importante para eles. Mas, digo, olhei para Runsfeld e para algumas pessoas.”
Alan Dale, que já interpretou uma série de porta-vozes de políticos no passado, seguiu o conselho de Head e tirou exemplos da vida real.
“É interessante porque eu não sou nada parecido com os personagens que interpreto. Eu sou um ator de esquerda, sabe, ajudo os pobres, olho os cachorros… e ainda assim não é como o personagem. Então é sempre divertido. Eu tendo a ter inspiração de pessoas que conheço que são como esses personagens, mas sempre que começo, é como uma página em branco. Eu acho que todos parecem ser a mesma pessoa, são muito parecidos. (risos). E ao mesmo tempo, os personagens são… caras maus. Mas eu adoro interpretar os malvados. E esse cara, ele está me parecendo ser mais bonzinho, então estou conversando com ele.”
O aspecto político de Dominion começa a mudar a Claire e Roxanne explica quando começamos a ver a transformação e como isso afeta Vega.
“A Claire se torna um animal político no fim, ao ponto que se pergunta se ela ainda é boa. Mas o que é mais interessante é que você percebe que os humanos são cheios de falhas. Antes do fim da série, você assume que a Claire é a única pessoa boa. Sabe, o Michael tem defeitos, vimos sua história. O Gabriel tem defeitos, todo mundo já fez alguma maldade. O General Riesen é sedento por poder, David Whele é um assassino, William é assombrando por demônios de insegurança e se alinha com os anjos do mal. Você assume que a Claire é a única pessoa boa em Vega… e no fim, quando ela está manipulando David Whele, você começa a se perguntar: ela é boa? Ela é má? Bem, é uma questão para a humanidade. Algum de nós é bom? Somos todos malvados? Ou somos todos falhos e estamos enfrentando as situações da forma como podemos?”
Eles deixaram claro que Dominion é um drama de personagens tanto quanto é uma ficção científica. E quais personagens levaram Vaun para o mundo de Legion e de Dominion?
“Para mim, assistir Legion, o núcleo do programa são os dois arcanjos e o bebê. Então eu adiantei 25 anos no futuro, o que o bebê estaria fazendo? O que os arcanjos fariam? O que estaria acontecendo? É o tipo de coisa que vai crescendo, mas nos termos do Michael, eu o vejo muito diferente no passado, o que ele passou, o papel dele como arcanjo. O Tom traz uma vibe diferente, muito boa e especial. É a voz dele, a forma como ele entrega os diálogos. Quando eu vi a audição dele, eu literalmente disse “esse é o cara”.”
O elenco espera que Dominion continue por muitas temporadas e encontre seu ritmo. Alan fala sobre a diferença entre o trabalho incompleto e o produto final.
“Eu estou surpreso com a qualidade dele. Quando fizemos, não tínhamos ideia que daria certo. Tudo o que fazemos é atuar e tentamos imaginar. E eles falaram ‘venham ver o primeiro episódio!’. Assistimos e a todo momento tinha um efeito especial, alguma coisa na tela dizendo ‘e as asas dele saíram’. Meu pai costumava dizer que ‘bobos e criancinhas nunca deveriam ver um trabalho pela metade’ e eu disse a eles que me considerasse um bobo. Eu não deveria ver o trabalho em progresso. Eu queria ver a coisa completa e agora que vi, é ótimo!”
Tom disse ainda que não está pronto para lidar com o fandom do filme, mas espera que as pessoas gostem da série. “[Até o momento] a resposta dos fãs está sendo muito boa! É fora do normal, porque normalmente você só tem o feedback imediato no teatro ou em algo mais imediato, onde há um live-tweet do episódio e você descobre como as pessoas se sentem sobre os personagens e as tramas. É ótimo e nós amamos isso.”
