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Shadowhunters

Por: em 13 de janeiro de 2016

Shadowhunters

Por: em

Vamos lá, vamos lá.

Eu sou um fã assumido de todo o grande universo literário criado por Cassandra Clare. Quando li Cidade dos Ossos, há uns 2 anos, jamais imaginei o quanto a saga dos Caçadores de Sombra iria evoluir a ponto de se tornar uma das minhas séries literárias favoritas (e olha que eu já li muitas!). Me decepcionei bastante com a adaptação fraquíssima do filme e acompanhei, com ansiedade, cada novidade sobre a série da Freeform, desde a contratação de produtores, roteiristas, diretores, até a escalação do (lindo) elenco. Sendo assim, minhas expectativas eram grandes. Foram atendidas? Em parte. O episódio inicial da série, intitulado The Mortal Cup, apresenta um bom potencial de desenvolvimento, mas perdido em meio a defeitos (ajustáveis) que não podem ser deixados de lado e alguns deslizes amadores.

Pra quem não está por dentroShadowhunters conta a história de Clarissa Fray, uma garota que, em seu aniversário de 18 anos, descobre que descende de uma antiga linhagem de Caçadores de Sombras, híbridos entre humanos e anjos e que protegem o mundo mundano de demônios e outras criaturas que podem ameaçar a paz. Jogada da noite pro dia dentro desse mundo, Clary vê sua vida virar de cabeça para baixo ao entrar em contato com Jace Wayland, Caçador de Sombras do Instituto de Nova York (onde a trama se passa). Completam os protagonistas da história os também Caçadores de Sombra Alec e Isabelle Lightwood, Simon Lewis, melhor amigo de Clary, e Magnus Bane, feiticeiro.

katherine mcnamara

A escalação de Katherine McNamara para o papel de Clary seja, talvez, o maior problema do episódio. Como protagonista, coube a garota sustentar a maior parte das cenas e, bem, ela não o conseguiu. Alguns tons acima do esperado, McNamara não conseguiu construir uma personagem carismática. Sua Clary não chama atenção, não emociona, não nos faz torcer… Na verdade, é como se passasse despercebida, o que é bastante perigoso sendo ela o centro da trama. Seu principal parceiro de cena, Dominic Sherwood (Jace), também é ruim, mas não tanto quanto ela e não chega a comprometer. Claro, existem várias séries com lead actors ruins que se não conseguiram evoluir, ao menos se tornaram carismáticos o suficiente para que a história não perdesse com isso. Teen Wolf e Tyler Posey estão aí de prova e essa é a minha esperança para o par.

Claro, o roteiro também não foi exatamente o maior aliado. Não dá pra dizer se o exagero estava no texto ou na sequência estabelecida das situações (a montagem ficou bem abaixo do esperado, também), mas o fato é que ele existe e precisa ser dosado. A maioria dos acontecimentos foi tratado com uma majestosidade desnecessária e que estava em total contraste com a direção contida e pontual de McG (Nikita, The OC). Simplesmente vomitando acontecimentos em cima do seu público, o texto não se preocupou em, primeiro, estabelecer bases sólidas – foi como se ele simplesmente acreditasse que todo o público já está familiarizado com aquele universo, o que não é o caso e precisa ser ajustado.

Amenizando estes pontos fracos, vem a mitologia da série, extensa e interessante, e apresentada por alto no episódio e com um potencial de se desenvolver ainda mais. Pouco sabemos sobre os Caçadores de Sombras, mas já tivemos informações sobre runas, estelas e demos uma olhada por alto no Instituto – e, neste ponto, a produção acertou. Os flashbacks também funcionaram (mesmo com aquela atriz mirim sendo bem estranha) e o escopo da história, bem como alguns dos seus grandes nomes – Valentine, Luke – foram introduzidos já aqui, ainda que não da melhor maneira.

Os efeitos visuais ainda estão aquém do esperado, mas não chegam a ser exatamente um horror. A direção, como eu citei anteriormente, é um dos pontos fortes, especialmente nas cenas de luta, que conseguem ser boas, mesmo soando um tanto quanto coreografadas em alguns momentos.

Alberto-Rosende

Diferente do casal protagonista, os atores coadjuvantes também ajudaram a tornar o episódio piloto mais consistente. Alberto Rosende é, de longe, o melhor da série e construiu um Simon divertido, carismático e que nos atrai muito mais do que Clary e Jace. Se continuar assim, é fato que o ator vai roubar para si os holofotes do programa. Matthew Daddario e Emeraude Toubia apareceram pouco, mas também conseguiram fazer de seus personagens, os irmãos Alec e Isabelle, figuras interessantes e que (e aqui eu falo como um conhecedor do que vem para ambos – se a série seguir os livros em parte) tem histórias muito bacanas a serem desenvolvidas.

Dei uma olhada na internet e vi que as reações ao episódio estão sendo realmente mistas, o que é perfeitamente compreensível. Sendo um reviewer bem sincero, se eu não fosse fã dos livros e soubesse o quanto a história tem potencial para melhorar absurdamente, eu provavelmente estaria bem mais desgostoso deste primeiro episódio.

No fim das contas, o sentimento em mim é agridoce. Feliz por finalmente ver personagens que amo ganharem vida (e não, eu não conto o filme, prefiro fingir que aquilo nunca existiu) e triste, por não termos tido o melhor dos começos, como eu esperava. Mas, se Cidade dos Ossos (livro inicial) também não é bom e conseguiu dar origem a uma ótima série de livros, acredito que Shadowhunters tem tudo para seguir os mesmos passos. Só espero que não demore. Afinal, estamos na TV. E aqui, o público tem pressa.

Que Raziel esteja por nós.

Conta pra mim: O que achou do piloto? Curtiu? É fã dos livros? Está tendo contato pela primeira vez com o universo? Solta o verbo e me acompanha nessa jornada. O segundo episódio já foi disponibilizado online pela Freeform (não sei se a Netflix vai colocá-lo logo em seu catálogo ou esperar até terça que vem) e logo menos tem review aqui!


PS. Eu iria comentar algumas coisas relacionadas a mudanças entre os livros e a série, mas como acredito que nem tudo mundo que leu esse texto já assistiu o episódio, vou deixar para fazê-los na resenha do segundo episódio.

PS¹. Eu jurei pra mim mesmo que não ia comentar nada sobre isso, mas minha nossa senhora, que elenco bonito é esse? Até o Simon, o nerd-que-toca-em-uma-banda, tem tanquinho! (Inclusive, podem estender os shirtless ao resto do elenco, viu?)

PS². Nos trailers, eu gostei muito da atuação do Dominic e achei que ele deu o tom certo ao Jace. Espero que meu estranhamento tenha sido somente aqui, no piloto.

PS³. Minha cabeça diz que eu deveria dar menos que 3 controles. Talvez 2,5. Mas meu coração não deixa. No fundo, uma parte de mim, mesmo decepcionada, segue esperançosa de que a série melhore e surpreenda e feliz por ver meus personagens favoritos encarnados. Pronto, desabafei. Não me julguem.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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