Antes de tudo, sugiro escutar essa música AQUI para a leitura da resenha. rs.
Brincadeiras a parte, Shadows in the Glass veio como um episódio quase que completamente centrado na história de Wilson Fisk, revelando os fantasmas dos quais ele vem fugindo a sua vida inteira. Com seu semblante sempre torturado, Fisk prova ser algo como uma versão dark de Matt Murdock. Matt fez da sua infância difícil algo que o tornou mais forte e resiliente, enquanto Fisk ainda se vê acuado e coberto do sangue do pai.
Nos foi mostrado o verdadeiro motivo de Fisk estar ausente no começo de Demolidor. Fomos levados a crer que fazia parte de um jogo de marketing, que ele queria acima de tudo construir uma aura em torno dele, sendo muito mais do que um homem e virando a quase entidade do Rei do Crime. Mas tudo isso cai por terra quando descobrimos que na verdade ele estava era mesmo passando por um colapso psicológico, consumido pelo seu passado e pelo descontrole das suas emoções. Mesmo de volta, ele continua sendo o reflexo do menino que foi e isso é algo que definitivamente o atrapalha nos negócios. Mesmo ele tentando negar, seus “aliados” já viram que Fisk é um homem quebrado e que seus traumas estão começando a emergir, por mais que ele lute contra.
A enigmática Madame Gao então resolve fazer uma visitinha. Ela parece que consegue enxergar dentro do vilão, e isso faz com que Fisk se sinta exposto. O Rei do Crime toma consciência de que as outras pessoas estão começando a conhecer suas fraquezas, o que o coloca em um coloca em mais um surto de raiva depois que Gao o deixa. A cena dele virando a mesa, além de provar a força de Vincent D’onófrio, deixou bem claro a tsunami que acometeu o personagem.
Nessa hora dá até pra sentir um pouco de pena, pois agora conhecemos o seu passado e sabemos que o que ele é hoje em dia é resultado de uma família torta que o levou às últimas consequências, protegendo a mãe do pai abusivo. Seu minion Wesley realmente parece ter preocupação com o chefe e mesmo contra sua vontade, ele traz a única pessoa que poderia tentar ajudar naquele momento, e sim, óbvio que seria Vanessa (Nenhuma série está livre de clichês). Algo que podemos reconhecer sobre essa mulher é que, mesmo com tudo, ela não parece ser atingida, mostrando-se ser o alicerce que Fisk parece ter buscado durante toda a sua vida. Isso fica muito claro quando ele mais uma vez acorda assustado no meio da noite e relaxa ao vê-la ao seu lado.
Com o apoio de Vanessa, Fisk então decide dar dois passos à frente das pessoas que o estão investigando. Enquanto Urich se prepara para revelar ao mundo o nome do homem por trás da reconstrução de Hell’s Kitchen e seus podres, o Rei do Crime vem à público e se coloca como o homem que salvou o bairro depois do incidente de Nova York. Ele pinta o seu mundo de colorido, deixando o nosso homem mascarado como um terrorista no caminho de uma nova era de prosperidade para a cidade que ele tanto ama. Ele agora é o herói, um dos pilares da comunidade e obviamente todos os esforços de Karen, Urich e Foggy (e o Demolidor) é claro, parecem cair por terra, pelo menos por agora.
Aliás, o trio do Nelson & Murdock Advogados passaram um tempo considerável juntos nesse episódio e, considerável leia-se umas duas cenas, onde eles discutiram sobre o caso da Union Allied. Nós estamos começando a ver como a vida de Matt como um vigilante noturno contrasta de maneira completamente hipócrita com a sua “real”, na forma com que ele lida com os amigos, deixando a conexão entre eles ainda um pouco soltas. Eu acredito que em algum momento algum dos dois vai descobrir a verdade, chuto que seja Foggy, pois ele é a pessoa que clama ser completamente íntimo do amigo. Vai ser bem decepcionante quando ele vir que tudo o que ele acreditava era uma mentira.
Do lado do Demolidor em si, ele mais uma vez acaba sendo enquadrado como vilão ao não conseguir prevenir a morte do Detetive Blake pelas mãos do seu parceiro. Isso ficou meio óbvio que iria acontecer, ainda mais depois das explosões e do fato do oficial saber de tudo e mais um pouco. Incrível mesmo foi ver como eles convenceram uma pessoa que sempre trabalhou com outra a agir como eles queriam. A cena em slow-motion de Hoffman indo do elevador até o quarto do parceiro foi muito boa, eu adoro esses tipos de drama. O Demolidor está em maus lençóis e muito mal quisto por todos agora, o que provavelmente dificulta o seu trabalho. Temos também o primeiro encontro entre ele e Bem, não muito amistoso, mas ele deixa claro que não é o inimigo da história.
O episódio foi muito bom, pois demonstrou todos os motivos que fazem Fisk ser o homem que ele é hoje. Vanessa pode muito bem ser sua salvação, a cena dela escolhendo as roupas dele no final foi fantástica e também simbólica (mesmo que sem nenhum terno branco), pois ao se olhar no espelho, ele não se viu mais como um menino amedrontado e sim o homem que ele é. Talvez essa cena tenha significado a sua transformação definitiva em Rei do Crime, o colocando como um dos grandes vilões da história da Marvel e posicionando ele dentro do MCU. Acho que a partir daqui nada mais deve pará-lo, e eu acredito que com essa segurança toda, um confronto com o Demônio de Hell’s Kitchen é inevitável. Eu quero muito ver um cara à cara deles, logo!
Observações:
– O antecessor de Fisk, Mr. Rigolleto, é mencionado no flashback como o homem para quem o pai dele pediu dinheiro emprestado para sua campanha. Rigolleto é aquele homem que no início da série conversa com Ben Urich dizendo que vai se aposentar na Flórida, lembram? Nos quadrinhos ele é morto por um dos seus guarda costas, ninguém menos do que o próprio Fisk. Muito provavelmente no universo da série a sua aposentadoria não deve ter ido tão bem como ele planejou, é o que eu chuto.
– No atelier de Potter tem um poster com a escrita “Revenge of the Gladiators”, como tudo que é Marvel entendemos por easter egg, essa pode ser uma alusão ao alter-ego do personagem nos quadrinhos, o Gladiador.
– O apartamento de Matt aparece ainda destruído por sua luta com Stick. Pode ser questão de continuidade, mas acredito que deixaram assim para mostrar que por ser cego, Matt realmente não se importa muito com isso.
– Bom, diferente do que eu cogitei na review passada, o menino Black Sky está morto. O que é realmente frustrante, pois sei lá, achei que isso fosse dar algum pano para manga ainda – talvez ver o Matt resgatando ele, algo assim. Nobu diz que esse garoto era um tipo diferente de pessoa, e eu estou curiosíssima para saber o que é.
-Eu também disse que isso pode ser um gancho para Punho de Ferro, uma coisa mais mística, algo assim…até um inumano.
– Agora aquele quadro branco faz todo sentido, né?
O que você achou do episódio? Fique a vontade para dividir suas impressões.
Até a próxima.
