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Shameless – 7×04 I Am a Storm

Por: em 29 de outubro de 2016

Shameless – 7×04 I Am a Storm

Por: em

Em meio a um calor de 100 graus segundo V, Shameless nos apresenta o melhor episódio dessa temporada. Exatamente, senhoras e senhores, essa semana foi tudo que queríamos desde a 5ª temporada, desde o início dessa e por aí vai. I Am a Storm nos trouxe inúmeras surpresas, na verdade, não posso chamar de surpresa o embate entre Fiona e Lip, mas com certeza a aparição do primeiro personagem trans na série, a relação de amor entre o pai da Dominique e Carl e as faíscas de uma amizade que parecia ser inabalável. Foram muitos plots bons e todos eles dignos de serem comentados, exceto o do Frank, por motivos óbvios. Vamos lá?!

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Eu só queria deixar claro que a responsável por essa obra prima é nada mais nada menos que Emmy Rossum, a nossa queridíssima Fiona. Como eu havia mencionado no PS da review passada, a Emmy dirigiu esse episódio e foi sob a sua ótica que tivemos foco em todos os irmãos e principalmente o protagonismo de Fiona Gallagher. Foi legal ver a forma como a Emmy conseguiu extrair o melhor da sua personagem, nos fazendo compreender que tudo ali tinha lógica estrutural e fazia parte de uma sequência que começou desde a S01E01. A Fiona sempre cuidou de seus irmãos, sempre os confortou da melhor forma possível e conseguiu o fazer da melhor forma que ela podia à época. Sofreu tudo que você pode imaginar, inclusive passou por barras que até hoje podem ser “jogadas na cara” por assim dizer.

Apesar de todo o esforço, a Fiona sempre pensou primeiro em seus irmãos e bem depois na sua própria felicidade. E isso perdurou por muito tempo, até que a teimosia, aliada com a vontade de mudar, fez com que Fiona percebesse que ela é o sol da sua vida, que para ser feliz ela precisa dela mesma e que, na verdade, é possível ter uma carreira de sucesso sem cursar uma faculdade. Claro que as dificuldades são tão assustadoras quanto, mas o que importa mesmo é que é possível ser uma empreendedora e ao que tudo indica ela está no caminho certo.

É claro que não podemos esquecer que ela é a guardiã legal dos irmãos e que tecnicamente ela não poderia abandonar a Debbie em um abrigo. A menina é menor de idade e, ainda que tenha nadica na cabeça, é responsabilidade da Fiona. Mas vejam só, isso não exclui o fato de que ela não precisa estar responsável por eles o tempo todo. O fato de ser a guardiã não a obriga a desistir da sua vida, da sua carreira, dos seus desejos e sonhos. A Fiona já fez de tudo por essa família, nada mais natural, nada mais justo, que ela seja retribuída com o mínimo pelos seus irmãos, principalmente pela Debbie e Lip.

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A discussão da Fiona com o Lip serviu para nos mostrar o que já sabíamos, os homens realmente não conseguem lidar com o fato de não serem o centro do universo, muito menos em saber que uma mulher consegue ser melhor em algo ou conseguem se sobressair em relação a eles. O Lip durante toda a vida sempre foi o mais inteligente e o gênio da família. Essa sua qualidade rendeu bons frutos a si mesmo, durante o tempo que esteve na faculdade e também lhe colocou em situações não muito legais. De toda sorte, não há como negar que ele foi, durante muito tempo, aquele em que todo mundo apostaria, que valeria a pena investir.

Se formos analisar friamente a situação atual de Shameless, perceberemos que ele, apesar de estar em um estágio que futuramente poderá ser algo promissor (como já vimos), não tem nada além disso. E da mesma forma que Fiona vê uma oportunidade e tenta melhorar, improvisar, ajustar a sua maneira e as suas condições, o Lip percebe que dá para tirar algo desse estágio não remunerado. Ou seja, não há motivos para ele jogar na cara dela, ou fazer com que a sua ideia seja taxada como ridícula ou louca. É injusto diminuí-la dessa forma, é desumano fazer com que ela se sinta inferior por não ser tão inteligente, academicamente falando, do que ele. Apesar de não ter conhecimentos literários, científicos e outros, a Fiona percebe que dentro de si há uma empreendedora, com sonhos e vontade, o que se faz necessário para conseguir o seu grande objetivo.

E enquanto o Lip continuar nessa mesquinhagem e tentando fazer com que ela não se sinta tão útil, mostrando que o dele sempre é melhor, que só ele pode salvar a vida da família e bla bla, ele vai se perder e se afastar de uma real felicidade que essa família pode ter.

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Outro ponto forte e de bastante relevância, que mostra o propósito central dessa temporada, além do plot da Fiona, é o debate sobre identidade de gênero e orientação sexual. A gente viu em episódios anteriores, que o Ian não reagiu muito bem ao saber que a letra L da sigla LGBTTT realmente existe, e na minha cabecinha seria só isso e ponto final. Mas surpreendentemente a série acertou pela enésima vez e agora temos o primeiro personagem trans!!

Elliot Fletcher é um ator transgênero e já deu as caras em Faking It trazendo o mesmo debate de agora e apareceu em alguns episódios da terceira temporada de The Fosters. Ao ser apresentado a uma comunidade LGBTTT o Ian se envolve com nomenclaturas e ambiente que não está acostumado. A sua relação diante da ignorância em aceitar, em um primeiro momento, a transsexualidade foi tão real que eu assisti o episódio algumas muitas vezes de tão satisfeita que fiquei com o resultado. É exatamente assim que a gente reage diante do diferente, do incomum. Quando o Ian pergunta pro Trevor se ele pode fazer algumas perguntas, a resposta que ele tem é a mais real possível: é melhor perguntar do que assumir que sabe a resposta. As pessoas estão tão acostumadas a julgar sem antes saber do que, de fato, se trata, que faz com que o mundo se torne um amontanhado de pessoas preconceituosas, racistas, machistas, lgbtttfóbicas, que não conseguem enxergar além do que a si próprias.

É importante que a TV, ainda que não seja a brasileira =( traga essa discussão, para que as pessoas possam se familiarizar com esses avanços. A relação do Trevor e Ian começou do jeito certo e mais real possível, o que nos traz esperanças e dúvidas ao mesmo tempo se essa relação vai ser duradoura ou não. Independente disso, a narrativa traçada não poderia ser a melhor e as questões ligadas a ela também não. 

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Como eu disse, todos os plots funcionaram muito bem e o alívio cômico ficou por conta desses dois aí em cima, ou melhor, da família que esses dois fazem parte. Muito elogiada desde sua promoção a recorrente, Svetlana não é a unica russa que teremos na vida de V e Kevin. O seu pai apesar de amedrontar só com as expressões, não passa de um amorzinho que se apaixonou pelas suas netas e neto. A relação de Svetlana com a V e o Kevin apesar de complicada estruturalmente falando, é o que move e sustenta a parte cômica da série. Toda a desconfiança com o pai da Svetlana foi naturalmente normal, mas necessário para mostrar que definitivamente essa adição de mais um russo tem tudo para dar certo.

E ainda que a “traição” da V e do Kevin tenha se resolvido numa boa, não podemos dizer o mesmo quanto a Fiona e V. A situação é complicada, mas se formos analisar friamente, não há lado certo, mas sim uma falta de compreensão de ambas as partes. Apesar de não desejar que isso se prolongue, ao que tudo indica as duas não vão ceder tão facilmente e talvez esse distanciamento só diminua ou com uma tragédia ou com a percepção de que ambas precisam de suporte e atenção.

P.S.: O “anteriormente em Shameless” foi definitivamente o melhor de todos!!!!!
P.S.: Que arrependimento né, Debs?
P.S.: Enquanto isso, o Frank continua lá sendo ele mesmo.
P.S.: Espero que a escola militar do Carl dê certo. Arrisco dizer que ele finalmente se encontrou e apesar de não ter dado certo com a Dominique, pelo menos o pai dela se tornou um bff né?

E vocês? Também gostaram do episódio? Nos vemos semana que vem, ok? Bjão!


Helaine Marina

Assiste séries com a mesma frequência que sente fome. Estudante de Direito, futura professora de Inglês e louca pelos animais, em especial, seus amigos. Uma aquariana que não é brinquedo não .

Salvador BA

Série Favorita: Impossível decidir

Não assiste de jeito nenhum: Glee

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