Fear The Walking Dead estreou rodeado de expectativas e acabou por deixar todo mundo um pouco frustrado. O que não deu certo? Talvez tenha sido a ausência de Walkers. De quem foi a idéia de fazer uma séries sobre zumbis que quase não tem zumbis? Ou talvez tenha sido mesmo o ritmo diferente, já que a série ainda não é pós-apocalíptica o suficiente para tocarmos os conflitos humanos mais interessantes. Ou talvez sejam os personagens que não são suficientemente explorados. Na minha opinião é uma mistura destes três elementos, mas principalmente, o último fator. A primeira vista, dá vontade de citar o Capitão Nascimento e dizer “NÃO VAI SUBIR NINGUÉM!!!”. Porém, se observarmos com um pouco mais de frieza, pensando nas possibilidades futuras, veremos alguns deles com bons olhos.
Madison Clark
Talvez a única personagem que sobe com louvor. Madison foi a protagonista desta temporada. Ela demonstrou que entendeu muito melhor do que todos os outros personagens que aquele mundo que ela conhecia mudou. Demonstrou isso várias vezes. Por exemplo: quando percebeu que o diretor da escola onde trabalhava tinha se tornado um walker e o matou. Ou ainda quando deu ouvidos ao Chris e decidiu verificar a cidade do lado de fora da cerca. Mas principalmente, quando permitiu que Daniel Salazar torturasse Andrew para obter informações.
Travis Manawa
Travis é o personagem otimista, aquele que crê no exército, que tenta ajudar a todos, que é bom. Tão bom que fica meio trouxa. A impressão que fica é que Travis estava em negação, ele não questionou além do permitido até que já não houvesse mais dúvida nenhuma de que nada seria como antes. Além disso, há toda uma crise familiar em que ele está no centro, foi casado com Liza e agora namora com Madison, há uma tensão constante entre as duas famílias que ele nunca tentou resolver de verdade. Não houve uma conversa séria e franca, ele simplesmente apaga as pequenas fogueiras que se acendem de vez em quando. Essa falha política de boa vizinhança deve dar frutos nas próximas temporadas.
Liza Ortiz
Liza, ex-mulher de Travis subiu. Subiu tanto que já deve estar no céu, pois infelizmente ela morreu. Liza foi uma personagem assertiva, com grande presença nesta temporada. Mesmo não sendo uma médica formada, ela tomou conta dos enfermos no bairro cercado. Ela também tomou a decisão de abandonar seu próprio filho em casa para cuidar dos enfermos no hospital e tentar proteger Nick e Griselda. Liza foi a primeira morte realmente doída de Fear the walking dead e não será esquecida. Se permanecesse viva acredito que teria sido uma das personagens mais incríveis do universo de TWD.
Nick Clark
Nick é um dos personagens mais carismáticos da série. Embora ele faça coisas detestáveis, como roubar o medicamento de uma pessoa enferma por causa do seu vício em drogas, Nick acaba se destacando dos demais personagens exatamente por ser falho, por ter moralmente ambíguo, mas também esperto. Quem não riu com o mundo se acabando lá fora e o playboyzinho tomando sol na piscina mais suja de Los Angeles? E quem não se emocionou quando ele se despediu de Madison, achando que morreria? Este foi o personagem que mais me causou estas reações emocionais, acredito que seja o mais humanizado e mais bem construído até aqui, uma pena que ele ficou um pouco apagado a partir do meio da temporada. Espero que ele receba mais destaque, afinal, o fato de ser um viciado em drogas certamente renderá boas histórias nas próximas temporadas.
Alicia Clark e Chris Manawa
Como é possível que num apocalipse zumbi os dois adolescentes mais chatos do universo sobrevivessem debaixo do mesmo teto? SEM OR. Uma crítica que faço não à personagem, mas à série, é que Alícia era tão apaixonada pelo namorado nos primeiros episódios e, em seguida, é como se ele nunca tivesse existido. Já superou. Esse negócio de luto é coisa que não existe, né? Imagina só, quando eu era adolescente até para superar pé na bunda eu passava meses, o que dizer de um luto? E honestamente, acho que estas crianças estão um pouco velhas para serem tão intransigentes com seus pais por terem se envolvido com outras pessoas. Alicia precisa aceitar que Madison é uma mulher independente que faz suas próprias escolhas afetivas e Chris precisa superar que seu pai ama outra mulher que não é a sua mãe. E ambos precisam tomar vergonha na cara e parar de tratar mal seu padrasto/sua madrasta. Madison, Travis e Liza não merecem passar por isso, especialmente quando se tem um apocalipse zumbi batendo na porta, não é mesmo?
Daniel Salazar
É um refugiado de El Salvador, tem um histórico de violência e tortura (Aliás, muito chato que sempre representem os latinos como pessoas violentas e/ou extremamente religiosas), pois serviu ao exército Salvadorenho. Daniel sobe não por ser uma boa pessoa, mas se destacou nesta temporada por se adaptar rapidamente para sobreviver. Ele é aquele personagem nem sempre querido, mas necessário. Creio que haverá muito conflito entre ele e Travis nas próximas temporadas.
Victor Strand
Ele ainda é um mistério, sabemos que é um homem muito rico, mas o que faz com que ele suba nesta lista é a sua capacidade de negociação, algo muito importante neste mundo pós-apocalíptico. Acredito que essa habilidade será essencial para a sobrevivência do grupo no futuro.
Notas:
– Ofélia Salazar ainda não mostrou a que veio. Por isso está bem estacionadinha, nem sobe e nem desce. Não fede e nem cheira.
– Fiquei chateadíssima que o Tobias não retornou para a história. No único episódio que apareceu, subiu até a estratosfera e nunca mais foi visto 🙁
– Depois deste sobe e desce, cheguei à conclusão que os personagens são interessantes, o problema é o roteiro que ainda não deu a eles a chance de ~brilhar.
– No geral, descem os atores e o roteiro. Honestamente, Fear The Walking Dead tem que comer muito arroz com feijão e tripa de gente pra chegar perto de The Walking Dead. Vocês não acham?
