Vozes que precisam ser ouvidas.
Stranger Things, sem dúvidas, já é a minha estréia favorita do ano e pausar a maratona para escrever esse texto e dividir minhas impressões torna-se muito difícil quando você quer correr e devorar essa produção magnífica que a Netflix apresenta para encontrar as respostas desse drama tão instigante. A série acerta em tantos pontos, como trama, elenco, trilha, efeitos e cenários que fica difícil achar defeitos para quem gosta de mistérios sobrenaturais tão bem construídos.
Partindo do momento em que o Xerife Hooper ouve a declaração de Joyce sobre ter se comunicado com seu filho, o homem tem a difícil tarefa de informar que o corpo de Will foi descoberto no lago da cidade em um aparente afogamento. Era óbvio que Hooper não acreditaria na história considerada fantasiosa por uma Joyce instável e desesperada, já que a resolução do caso parecia concluir o conflito da pequena cidade que há anos é pacata. Mas em pouco tempo, nós e os personagens vamos obtendo algumas respostas, não de formas muito claras. Os principais envolvidos logo deparam-se com evidências que deixavam os motivos dados para a morte de Will e o desaparecimento de Barb nada plausíveis.
Começando por Joyce, que designada para reconhecer o corpo de seu filho, obtém a resposta que precisava para manter a sua esperança viva de que seu caçula possa estar vivo. Contrariando seu primogênito, é através de uma marca de nascença que Will possuía que ela revela que o corpo achado no rio não seria o de seu menino e que há algo de muito estranho acontecendo que ela não consegue explicar. Aqui, é impossível não destacar a fantástica atuação de Winona, a mulher faz miséria em todas as suas cenas como a determinada mãe que busca por seu filho desaparecido e luta para encontrá-lo.
Certo de que sua mãe está errada e conformado com a perda de seu irmão, Jonathan enxerga um outro caminho para respostas numa aproximação inevitável com Nancy. Ela, depois de interrogada pela polícia que prefere acreditar na hipótese que Barb fugiu de casa, sai em busca de justiça pela sua melhor amiga e depois de reconstruir a foto que fora tirada na noite da festa e visualizar o corpo do monstro que a atacou dá a luz que o irmão de Will precisava para acreditar em sua mãe. Resta saber qual será o papel dessa nova dupla para desvendar com qual criatura a cidade está lidando, possuindo a imagem que prova a existência desse monstro. A culpa é o elo que une os dois personagens, a garota sente remorso por ter deixado sua amiga, ao mesmo, que Jonathan sofre por ter deixado o irmão sozinho na noite em que desapareceu.
Desconfiado do trabalho do patrulheiro que encontrou o falso corpo de Will e da autópsia interferida por funcionários do estado, o Xerife Hooper é outro que começa a apurar realmente o que está acontecendo numa visível empatia que sente por Joyce por ter passado pelo mesmo drama de perder um filho. Há anos acostumado com o clima pacífico do lugar, é ótimo ver a profundidade do personagem na busca por justiça desse desaparecimento em detrimento da imagem errônea do xerife bêbado e depressivo que julgamos nos primeiros minutos do piloto. Ele chega muito perto de encontrar os responsáveis que estão por trás de toda essa mentira e passa correr grande risco por mexer com uma organização que com certeza não está para brincadeira e podem eliminar quem entrar no caminho deles.
As melhores partes do episódio são comandadas por um elenco infantil tão maravilhoso que é impossível não se apaixonar. Convencida de que seus instintos estão certos e mostrando a força de seus poderes, Eleven prova para Mike depois de sintonizar o walkie talkie numa frequência em que Will permanece cantando Should I Stay or Should I Go e que está vivo. Convocando os seus fiéis parceiros, mesmo com a relutância do cético Lucas e do adorável Dustin, ele tenta provar o que ouviu levando todos até a rádio da escola para que pudessem ter um aparelho mais potente para se comunicar com Mike. Mesmo de forma confusa, é possível adquirir alguma base de teorias mirabolantes depois que El se concentra e consegue ligar a comunicação com Will dessa vez pedindo ajuda para sua mãe, que o vê preso em uma espécie de casulo dentro da parede de sua casa. Estaria Mike em outra dimensão ou preso em algum local ao qual Barbara também estava?
Sejam as teorias boas ou ruins, a metade dessa temporada é a reposta para muitos personagens de que algo sobrenatural está envolvendo a cidade Hawkins e afetando os seus habitantes. Vale mencionar que o laboratório parece manter uma espécie de “ninho” dentro de suas instalações e numa dessas tentativas de exploração, um dos cientistas foi morto pela criatura monstruosa que se mantém lá dentro.
Observações:
– Ao invés da Barbara, poderiam ter levado o Steve e seus amigos!
– As menções à X-Men e Star Wars é totalmente um show à parte no diálogo dessas crianças.
– Quão fofa é a paixonite de Mike por Eleven?
– Aliás, é ótimo a série sempre destacar que estamos lidando com crianças. Então sempre terá a vingança contra o valentão insuportável da escola, que foi a melhor possível!
São tantas perguntas e ânsias por respostas que só resta agradecer à Netflix por liberar todos os episódios. A maratona é mais que válida, seria trágico e torturante esperar semana por episódio. Já pode pedir segunda temporada, produção? Não esqueça de comentar e acompanhar a maratona aqui com a gente!
