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Suits – 5×05 Toe to Toe

Por: em 24 de julho de 2015

Suits – 5×05 Toe to Toe

Por: em

Toe to Toe veio para explicitar o quão importante é reavaliar a forma com que você está levando sua vida. Digo isso, pois duas importantes dinâmicas de Suits foram colocadas em questão. A maneira com que Harvey e Louis sempre agiram e os quão dispostos eles estão em tentar mudar para melhorar as coisas.

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Nada melhor que um antigo desafeto de Harvey aparecer nesse momento de desequilíbrio emocional, não? Um caso contra Travis Tanner fez com que Mike e Harvey juntassem novamente suas forças para se armar contra qualquer estratagema do advogado, não só se protegendo, mas indo atrás de subterfúgios para não serem pegos de calças curtas como nas outras vezes. A diferença é que Tanner afirma que mudou, que não está trabalhando mais como antes, então não quer mais se utilizar de métodos obscuros e questionáveis para ganhar o seu pão de cada dia. Mas obviamente Harvey não engoliria isso, pois ele está tão certo de que sabe como o mundo funciona que nem passa pela sua cabeça aceitar uma proposta de acordo com Tanner, se isso realmente não fosse gerar alguma controvérsia depois, deixando o seu velho conhecido com algum tipo de vantagem.

Mas fica na cara que para Harvey é muito mais que isso, aceitar que Tanner mudou é aceitar que as prerrogativas pelas quais ele conduz a sua vida também podem. Para um homem tão cheio de si e egoísta como ele, é algo bem difícil de (querer) enxergar. Mas o caso nos deu a oportunidade de ver Mike e Harvey trabalhando juntos novamente, o que é sempre delicioso. Bom também foi ver que o jovem conhece mesmo seu chefe e reconhece o fato que até ele está indo longe demais apenas para provar seu ponto de que ele sempre prevaleceu sobre Tanner. Gostei muito da construção do episódio, que foi mostrando a história entre consultas com a Dra. Paula. Aquele sonho no início foi uma bela cartada, pois ver Donna na cama com Tanner representou bem o medo que Harvey tem de traição e como ele teme que pessoas que ele ama façam isso com ele.

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Todas as palavras da psicóloga o fizeram refletir, mesmo ele a princípio mentindo sobre a identidade da mulher que ele viu enquanto dormia. Aliás, se alguém tiver o telefone de uma psicóloga como a Paula, poderia me passar? Ela é muito boa! A forma ela lidou com a egolatria de Harvey. Tenho certeza de que ela sabia que perderia a partida de Poker, pois assim o deixaria mais a vontade para talvez se abrir. Mas Harvey não é inocente, se é para aceitar que ele erra, ele também quer saber que a pessoa que está ali diante dele sabe o que significa isso. Ao fazer com que sua psicóloga se abrisse sobre o seu maior erro (eu já previa que envolveria alguma morte), Harvey fica visivelmente mexido, mas ainda não assumindo quem era a mulher que via na cama com Tanner.

Quem diria que, dessa vez, não seriam as consultas que o ajudariam no seu trabalho, e sim o contrário. Mike obviamente percebe o passo exagerado do seu chefe e resolve provar o erro para ele e também que Tanner – mesmo que eu também não quisesse aceitar, em prol das tretas (tivemos até soco na cara em Toe to Toe) – mudou. Ademais, foi bom ver ele buscando Rachel por conselhos, abrindo o jogo sobre o ataque de pânico de Harvey, dizendo que não queria agir sem a ciência do seu mentor, mas sim ajudá-lo. Mike se importa com Harvey e ele precisa fazer com que ele enxergue que o que está em jogo no caso de Tanner é que ele não está levando em consideração o que seria a melhor opção para todos, cogitando até em prestar uma queixa crime contra a cliente do adversário, apenas para não entrar em um acordo. Um movimento muito inteligente em fazer Tanner desistir, para colocar o nome de outra profissional, no caso Katrina, para conseguir um ajuste de termos e terminar de vez com um provável e infundada briga na justiça (Nos Estados Unidos a via judicial geralmente não é a primeira opção na solução de problemas. Sempre que possível acordos são negociados antes de tudo e só em ultimo caso uma questão é levada ao tribunal)

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Mike fez Harvey engolir aquilo. Ficou aparente que foi no seco, mas ele precisava aceitar que dessa vez ele errou a forma com que conduziu uma situação apenas pelos seus “inquestionáveis” conceitos pré-estabelecidos. Isso o faz voltar ao consultório e assumir que Donna havia aparecido em seus sonhos. O que ele não contava é que Paula traria uma questão muito maior disso tudo. Aparentemente poderia até ser Donna deitada na cama com Tanner, mas a ruiva nada mais era do que uma representação de toda problemática envolvendo sua relação com a mãe. Durante o episódio nós o vimos falando sobre segundas chances e ficou claro que ele nunca deu uma para sua progenitora. Levando em consideração que ele agrediu Travis não por fazer chacota da relação com sua ex-secretária mas sim falar da traição no casamento dos seus pais, ficou mais do que claro – e a gente também já sabia – que o que Harvey está passando agora é resultado de toda uma vida construída afim de evitar qualquer relação que o colocasse em risco de ser traído, abandonado. Ou seja, a partir do momento em que sua mãe traiu seu pai e depois de ver todo sofrimento que isso causou, o maior medo de Harvey é esse – e obviamente todo seu desequilíbrio com a mudança de ramal de Donna nada mais é do que um reflexo do seu maior trauma.

Em suas cinco temporadas, Suits foi deixando sutilmente subentendido o quão complicada foi a jornada pessoal que fez Harvey ser o homem que ele é hoje. Ele nunca perdoou sua mãe por ter feito seu pai sofrer, já que depois da separação o pai entrou em uma espiral e nunca mais saiu. Além disso, seu irmão também teve muitos problemas, vide a temporada anterior em que ficamos sabendo que Harvey não pensou duas vezes em aceitar um acordo duvidoso com Charles Fortsman para dar uma chance para ele e depois, o quanto ele se esforçou para não atrapalhar a vida de Marcus, que já estava “muito bem, obrigado” com esposa e filhos. Harvey preza o instituto da família mais do que tudo, mas ele nunca vai ser capaz de construir uma para si por conta do trauma com a mãe.

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Ao colocar essas cartas na mesa, a Dra. Paula – na opinião dele – foi longe demais. Ao procurar ajuda de início, ele só queria pílulas para dormir. Com o trabalho feito pela médica, ele conseguiu aceitar que estava tendo ataques de pânico, trabalhar neles e melhorar um pouco o desequilíbrio em que ele se encontrava. Para ele, sua mãe é quase como um Voldemort, não devendo nunca ser citada e é por isso que eu estou é louca para ver isso assim que possível. Provavelmente não vai ser agora, pois se foi difícil para Harvey aceitar que Travis havia mudado, é quase uma missão impossível querer que ele revisite a relação com a mãe. Pelo visto, por ora, as sessões com a psicóloga estão suspensas.

Harvey é uma pessoa que se importa muito com as pessoas ao seu redor por eles serem a sua família. Caso falhas dele apenas o afetem, ele não se incomoda por que afinal ele é Harvey Specter. Mas se uma falha dele recai sobre os outros é algo que o coloca em um lugar muito difícil, pois ele acaba perdendo o controle. Como vimos no episódio, ele quase destruiu a vida da cliente de Tanner para provar que não estava certo. Se a 5ª temporada começou com Harvey profundamente abatido, podemos prever que ela pode terminar com ele emocionalmente em pedaços.

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Se tem uma coisa sobre Louis Litt que nós sabemos é que mesmo com as melhores intenções, ele sempre acaba colocando os pés pelas mãos em algum momento. Louis está focado em resolver seus problemas com Harvey e para isso ele precisa desfazer a votação que elegeu uma nova maneira para calcular as compensações dos profissionais na Pearson-Specter-Litt em Compensation. Lembrando que ele apenas conseguiu a maioria por se juntar a Jack Soloff em um plano que se baseou na quebra do sigilo sobre o salário de Harvey.

Aliás, já vou aproveitar para falar que eu ri muito com o Louis nesse episódio, toda tentativa dele em criar um subterfúgio para invalidar a votação anterior – sendo prontamente recusado por Jessica – e tentando arranjar uma parceira para tomar banho de lama com ele foi bem divertido. Enfim, voltando, a única forma que ele vê de fazer Soloff apoiá-lo em outra votação societária é fazer uma proposta onde o advogado vá se beneficiar muito com a alteração. O problema é que Louis além de sempre se deixar levar é uma pessoa muito inocente. Eu queria muito acreditar que Soloff comprou sua encenação com o empresário que teria sua firma em uma fusão milionária em breve, mas ficou claro que em nenhum momento ele caiu naquilo. Pobre Louis. Já comecei a sentir pena dele quando ele garantiu para Jessica que iria resolver as coisas, conseguindo inclusive ser o representante dela na reunião.

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Óbvio que Soloff tinha seus próprios planos. Depois de repassar os termos com Louis, que acreditava ser melhor o colega de escritório conduzir a reunião, ele acaba se vendo em um beco sem saída. Soloff não só reafirma a nova divisão no repasse de lucros, como propõe que ela seja mantida por pelo menos um ano. Foi bom para confirmar a total falta de escrúpulos de Jack para conseguir o que ele quer, deixando Louis completamente sem ação.

Gostei muito como Donna apareceu nesse momento, além de contar a verdade para Jessica, foi ela que colocou uma luz na cabeça do novo chefe. Finamente, né? Foi bom Louis ouvir de uma pessoa que ele realmente escuta que estava na hora de mudar a sua forma de conduzir as coisas. Sempre há alguma falha, alguma mentira, algum esquema e mesmo que assumir isso cria a hipótese dele ser demitido, valeria a pena tentar para talvez conseguir uma segunda chance de ganhar de volta a confiança de Jessica, que mais uma vez foi a rainha que ela sempre é. Louis cria coragem para enfrentar a sócia majoritária, assumindo que colocou a folha de pagamento de Harvey na copiadora. Ao ouvir isso, ela pede que ele chame Soloff para conversar com eles também. Como essa mulher é inteligente, meu deus! Já disse que quando eu crescer quero ser ela?

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Jessica conseguiu jogar direitinho com Jack, fazendo ele assumir que sabia do plano de Louis em expor os ganhos de outro advogado e com isso ele tinha o dever de informar à ela e não o fez, ou seja, ela poderia muito bem demitir os dois naquele momento. Mas a proposta foi outra, fazer com que Soloff admitisse que não considerou a existência de um termo que tornaria a votação ilegal, que em tese era o plano inicial de Louis. No final das contas, ela conseguiu jogar a atitude inconsequente dos dois advogados em favor de Louis, possibilitando que ele conseguisse finalmente desfazer uma ação que ele fez apenas para prejudicar Harvey. Agora não há realmente nada entre os dois sócios nominais e ele ainda ganhou de presente uma sessão de banho de lama não só com Donna, mas com Rachel. Foi tanta emoção que ele até desmaiou!

Rick Hoffman mais uma vez deu um show mostrando Litt tentando dar o melhor de si para fazer a coisa certa e falhando. Não sei se foi a decisão mais acertada terminar esse arco do personagem logo, mas conhecendo como eu conheço Suits, não vai ser a ultima vez que Jack Soloff mostrou as suas garrinhas. Ele não tem medo de cachorro grande e não deve ter gostado nada de ter que sair com o rabo entre as pernas, afinal ele conseguiu criar a sua pequena revolução no escritório com o apoio de uma maioria e foi obrigado a voltar atrás. Aposto que da próxima vez ele vai agir de uma maneira que não tenha como ser colocado para escanteio novamente, afinal o que Soloff mais quer é crescer e aparecer. Fiquemos no aguardo dos próximos capítulos.

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Toe to Toe, comparando com os outros episódios, foi para mim o mais raso, porém não menos divertido de assistir. Algo como um filler, resolvendo algumas questões e deixando outras em aberto. Não consigo muito prever o que está por vir. Dentro do escritório, corporativamente, o principal problema trazido no início da temporada – a trapalhada de Louis – foi resolvido. Está claro que focaremos em Harvey e tenho certeza que em algum momento iremos testemunhar um colapso definitivo do personagem. Ele precisa cair mais fundo do que jamais foi, machucando não ele, mas também as pessoas ao redor dele. É o único meio dele se abrir completamente para novos aprendizados, as lições que ele precisa. Então talvez esse novo contexto de Louis, a sede de poder de Soloff e essa negativa de Harvey em aceitar que precisa conversar sobre seus traumas signifiquem algo… Talvez uma virada “definitiva” de jogo, quem sabe.

Essa é apenas uma possibilidade que passa pela minha cabeça. Ainda temos 5 episódios antes do hiato esse ano, e nós sabemos que Suits não sai de cena sem fechar as cortinas de uma forma digna, nos deixando remoendo nossos sentimentos até o retorno da temporada em 2016. No meio tempo, ainda estamos no que pode considerar naquele jogo de morde e assopra. Em alguns episódios temos uma coisa mais emocional e em outros aquela trama corporativa que aprendemos a amar. Para mim é certo que em uma hora – vide que Rachel agora também sabe da situação de Harvey – isso vai causar alguma avalanche dentro da Pearson-Specter-Litt.

Fique com a promo de Privilege, que vai ao ar dia 29 de agosto:

Você gostou do episódio? Fique a vontade para comentar e complementar a resenha.

Observações:

– Sério gente, me diverti muito com toda a coisa do banho de lama.

– Gosto muito de como a Dra. Paula sabe fazer o trabalho dela.

– Como eu disse na resenha, Soloff deve de fato voltar como uma Wrecking Ball. Mas acho que isso deve acontecer mais perto do midseason finale. Não sei porque, na minha cabeça, vamos ver ele conseguindo ascender à posição de Harvey em algum momento. Afinal, ele ama o trabalho e isso é algo que ele nunca cogitou perder…

– Donna na cama de Harvey, Suits você não me enganou, ok? Se fosse um flashback, ok, mas boa tentativa. Mas acho que serviu para mostrar o que ele realmente gostaria de ter, mas não consegue.

Donna

Harvey

– Gostei de, depois do agradecimento na semana passada, não haver nenhuma tensão entre Harvey e Donna. Como uma leitora disse em um comentário, aquilo serviu como uma virada de página. Não acho que vamos ter ele novamente questionando a decisão da ex-secretária.

– Apenas amando muito a Gretchen.

– Graças a Deus alguém fez justiça! O cabelo do Mike nessa temporada tá horrível.

– Quotes:

Louis: “And Donna, trust me when you dip your virgin toe in the deep warmth of my mud you’re never going to be the same again.”

Harvey: “I just need to get it translated from bullshit to English.”

Louis: “I’m picking Harvey every single time.” S2

Tanner: “If I was going to eviscerate someone you cared about all I would have to do is point out how Donna is no longer working for you. She’s working for Louis Litt.”And then I’d go up to her and say, ‘What happened, Red? Did Harvey get tired of banging you? Or was he such a lousy lay that you left him for the guy down the road just like Harvey’s mom did to dear old dad?’

Tanner: “I remember when you used to ride a bike.”
Mike: “I remember when you used to be a scumbag, but you didn’t pretend you weren’t.”

Donna: “One thing I do know is you’ve lost Jessica’s trust. This at least gives you a chance to win it back. It’s a whole lot better than cowering in here.”

Mike: “You’re acting like the bad guy. Not him.”

Louis:” Jessica, when am I going to learn not to defy you?”
Jessica: “You’re never going to learn, but as long as I know that, we’ll be okay.”

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Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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