A 5ª temporada de Suits está de volta, depois de mais um hiato que pareceu durar mais do que deveria – e, mesmo com todo esse tempo, ainda estamos sob efeito de tudo que aconteceu em Faith.
Sim, Mike realmente foi preso por ter fraudado a sua aptidão para exercer a advocacia. Haviam algumas dúvidas sobre a real motivação disso tudo e foi um alívio perceber que não seria outro tipo de acusação. Toda a mentira sobre o real status de Mike foi o pontapé inicial para Suits acontecer. A duvidosa, porém frutífera parceria entre ele e Harvey sempre foi a força motriz da série. No início tudo girava em torno da utilidade da genialidade do jovem e um esforço deles (e Donna) para que ninguém descobrisse.
Por algum tempo o segredo pairava apenas internamente da Pearson-Specter-Litt. Fomos acompanhando, no decorrer das temporadas, como a verdade afligiria os principais personagens: Donna, Jessica, Rachel e Louis. Um à um, eles foram sendo dragados para um buraco negro claramente sem um futuro aprazível a oferecer. Vale notar que, em seus plots mais recentes, Suits deixou a trama de Mike adormecida – focando no crescimento dele dentro da firma – para ser usada no momento certo. E parece que ele finalmente chegou.
Foram necessárias 5 temporadas para fazer com que Mike colocasse a mão na consciência para assumir que o caminho que ele estava seguindo não tinha outra possibilidade senão a do medo reiterado de ser descoberto. Isso só aconteceu por ele finalmente usar um pouco da sua empatia e se colocar no lugar da pessoa que ele ama – Rachel – afim de garantir alguma perspectiva possível de felicidade à eles. Foi tarde demais. A prisão dele representa a principal virada na trama desde a sua estreia, vide que concretizou algo que estava se esgueirando desde o encontro com Harvey naquele hotel no episódio Piloto.
Em Blowback somos apresentados a promotora Anita Gibbs (Leslie Hope), que parece estar realmente imbuída em acabar com a fraude de Mike. A pergunta que repercutiu o episódio inteiro foi sobre quem denunciou a prática criminosa para o Estado. A notícia ruim é que vamos ter que esperar até semana que vem para saber, mas ao que parece Trevor e Scottie já estão fora da suspeição.
O retorno do hiato mostrou as primeiras horas depois da prisão de Mike e a repercussão dela dentro da Pearson-Specter-Litt e agregados. Por alguns momentos até me esqueci da demissão de Harvey por conta de Fortsman, que logo se colocou como mais um problema vide a necessidade de um dos pilares do escritório estar lá dentro para desanuviar suspeitas e pensar em uma possibilidade de controlar a sujeira da merda que alguém jogou no ventilador.
O primeiro revés foi à designação inicial de Robert Zane como advogado do genro. Rachel desabou completamente depois da prisão do noivo e, agoniada no meio tempo em que Jessica e Harvey pensavam no que fazer, suplicou ao pai por ajuda. Neste momento vemos um Mike quase que resignado com tudo o que está acontecendo, como se ele soubesse que provavelmente não vá haver saída dessa situação diferente de uma condenação – seja ela minorada pelo trabalho do seu genial time de cúmplices ou não. Até eu titubeei um pouco ao ver o papai Zane prostrado na porta da sala de interrogatório, o poderoso advogado foi mais uma vítima da mentira de Mike e a possibilidade dele se realizar enganado já fez com que ele chegasse lá irado. Cansado de mentir e vestindo a carapuça que lhe serve lindamente, Mike então assume tudo para o sogro que, a partir daí se presta a arranjar alguma forma de livrar a filha de qualquer sofrimento – nem que isso signifique em aceitar a oferta de jogar a batata para cima de Harvey, algo que obviamente não é possível que aconteça (por enquanto).
É nessa hora que Harvey entra em ação e tirar Mike do pânico. Por mais culpado que todos sejam, a promotoria não possui nenhuma prova fática do crime praticado por eles. Como bem disse o advogado, o ônus da prova está todo nas mãos de Gibbs, cabendo à eles encontrar meios de refutar as ações da promotora. Aliás, as ações dela confirmam como a justiça americana é sempre retratada como impetuosa nas obras de ficção americana (valendo mencionar How to Get Away With Murder também como exemplo). Tudo parece um jogo de gato e rato, onde o que vale é sair como vencedor – nem que seja subjetivamente em um acordo desfavorável a alguém.
Gibbs surge como mais uma excelente personagem para dançar na ciranda de Suits. Ela parece ser implacável e inflexível, sendo mais uma mulher forte dentro da trama da série. Ao contrário de outras situações já vividas antes, agora o lado que está contra o mocinho é o lado certo. Ela está buscando por justiça e fazendo o seu trabalho com afinco, enfrentando de igual para igual o sempre resoluto Harvey Specter. Soma-se isso o fato de Mike também estar ciente da sua falta de direito, o que deixa qualquer movimento para sua defesa mais sensível, tornando qualquer movimentação passível de lançar estilhaços mais longe do que ele deseja. Creio que para ele, nesse momento, o importante é evitar que os outros sejam prejudicados pela sua mentira, mostrando que a sua lealdade para com os seus amigos é inquestionável.
Citando mais uma vez a maravilhosa série de Viola Davis, nota-se que há uma similaridade também entre a abordagem das séries. Tanto Murder quanto Suits estão tratando de assuntos semelhantes ao retratar a tentativa de livrar a cara de uma pessoa (alegadamente) culpada perante a justiça dos Estados Unidos. A única diferença entre elas é que em Suits – todos querem ajudar uma pessoas boa – enquanto Annalise Keating manipula o sistema para desvencilhar alguém sem se importar com o fato dele ser culpado ou não, pois é assim que as coisas funcionam: qualquer um pode usar de todo seu arsenal possível para derrogar a lei que eles querem sobrejulgar.
Creio que o maior desafio agora é como Mike e Harvey se manterão os bom moços da história, apesar de terem feito uma coisa muito errada. Afinal por mais que os amemos, eles cometeram um crime muito grave. Pode todo o bem que eles fizeram nesses anos de parceria aliviar o peso das suas condutas? Mike chegou onde chegou porque sim, ele tem um talento quase sobre humano. Mas será que ele tem o direito de passar por isso incólume só por ter sido um fantástico (e falso) advogado? Apesar de toda coesão mostrada no episódio, com a tropa de elite – Donna, Jessica, Louis e Harvey – unindo-se em prol da causa, é difícil não pensar que ao final desses 5 episódios restantes, não estejam todos na mesma posição de Ross.
E o Louis, gente? Mais uma vez o roteiro brincou com o pé atrás que a maioria tem com ele. Ora, sua vida é a Pearson-Specter-Litt, logo, pautando-se no seu histórico, não era de se chocar que ele tomasse uma postura defensiva quanto a situação de Mike. Mas tudo foi sendo desconstruído, culminando na conversa em que ele demite Donna por perceber que por mais que ele queira protegê-la das consequências que virão sobre todos em algum momento, ela é imprescindível ao lado de Harvey nesse momento (afinal, eles não podem envolver a Gretchen nesse furacão). O resultado disso foi um emocionado abraço entre chefe e (ex) secretária e o reconhecimento da atitude por Jessica (que ainda não parece estar atraída por um revigorante banho de lama).
Para os que shippam a ruiva e Harvey, a cena da reunião dos dois transbordou o afeto que eles têm por si. Não que Donna não estivesse feliz por Louis, mas ela sabe que nesse momento o seu lugar não é mais ao lado dele. Donna e Harvey sempre estiveram juntos, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e mais do que tudo – nesse momento – eles precisam se alinhar novamente. Ainda não há nenhum sinal, além da química gritante que saltam nos olhos, de que os dois ficarão juntos em um futuro próximo. Mas vê-los conciliando-se depois de tudo o que passaram nos últimos tempos.
Os últimos movimentos do episódio foram de Mike, usando sua inteligência para tentar sair da areia movediça. Tanto com Gibbs como com Zoloff (que mais uma vez aproveita a situação para ameaçar Jessica de uma insurreição), por mais inteligentes que sejam, ainda estão um passo atrás da capacidade do pupilo de Harvey. Ele, mais do que ninguém, sabe pisar em ovos e agir usando a sua engenhosidade para virar a situação à seu favor. Ele conseguiu o direito de responder em liberdade e dobrar Zoloff para que ele não informasse Fortsman sobre as atividades de Harvey dentro do escritório.
Acho que foi isso. Suits é uma série que sempre conseguiu orquestrar viradas impressionantes, mesmo tendo uma história verossímil. A prisão de Mike, certamente, foi a maior delas, por representar um marco que mudará para sempre a história que conhecemos. As coisas finalmente caíram por terra e o jogo inverteu, não são mais eles que estão no comando. Apesar desse episódio ter sido mais morno, ao mostrar apenas os reflexos imediatos da prisão de Mike, podemos esperar momentos de segurar o fôlego nos próximos 5 episódios até o fim da temporada.
Fique com a promo de Live to Fight, que vai ao ar dia 3 de fevereiro, nos Estados Unidos.
E você? Conseguiu matar as saudades de Suits? Comenta comigo o que achou do episódio!
Observações:
– Pelo visto, semana que vem descobriremos o X-9! Para você, quem foi? O canal USA abriu votação e eu pensei em fazer o mesmo versão Pt-Br. Vote! #WhoSoldMikeOut
– Será que a Rachel vai acabar perdendo o controle para tentar livrar a cara do amado?
– Além disso, vimos que a mãe dela ta sabendo de tudo…
– Robert Zane foi responsável por boas cenas nesse episódio, desde o seu confronto com Mike até seu encontro com Jéssica.
– Por mais que eu tenha criado ranço, a Scottie apareceu de novo para mostrar que Harvey realmente a amava.
– E o Trevor? Ele genuinamente pareceu não ser responsável pelo que está acontecendo com Mike.
– Louis e Jessica: que dinâmica linda!
– Referências s2
– Senhor dos Anéis é sobre poder ou amizade?
– Eu gostei muito do Zoloff quando ele apareceu, mas ele está se provando um recurso meio repetitivo. Ele poderia ser utilizado como um personagem chave por estar fora da cúpula do escritório.
– Por que aquele policial foi avisar Mike em casa? Essa Gibbs deve ser osso duro! Alguém chama os Keating Five!
– Uma coisa me chamou atenção nesse episódio: a falta de continuidade temporal. Eles mostram takes amanhecendo e cortam para cenas de noite… #FalhaNossa
– O desespero de Donna achando que algo tinha acontecido com Harvey…acho que deu até um alívio nela ao saber da prisão de Mike.
– Será que todo o drama psicológico de Harvey com a mãe vai ser deixado em segundo plano? Imagina se essa mulher surge agora?
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