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Suits – 5×15 Tick Tock

Por: em 28 de fevereiro de 2016

Suits – 5×15 Tick Tock

Por: em

É com aquela dorzinha que chegamos ao penúltimo episódio da 5ª temporada de Suits. Sim, essa é mais uma daquelas séries que esperamos chegar e passam rápidas demais! Talvez seja essa uma das características que tornem uma série, a princípio simples, uma das tramas mais prazerosas de assistir: a expectativa e a eficiência de, em apenas 16 capítulos conseguirem cativar os espectadores a continuarem acompanhando os dramas dos protagonistas a partir do momento em que Harvey Specter e Mike Ross se conheceram naquele hotel e logo pactuaram para – ilegalmente – serem uma das duplas dinâmicas mais aprazíveis de se assistir.

Eu sempre repito que Suits é uma série subestimada. Conheço muitas pessoas que não assistem pelo preconceito de se tratar de mais uma série com advogados resolvendo seus engenhosos casos, mas não. Em mais uma reta final de temporada, Tick Tock foi brilhante. Não apenas pelo seu roteiro, mas também por entregar atuações magnéticas de Gabriel Macht, Patrick J. Adams, Rick Hoffman e Gina Torres (rainha).

Enfim, vou parar um pouco de pagar pau e desfiar os acontecimentos dessa semana. De todos os sentimentos que servem como engrenagem para as narrativas, o medo é um dos mais poderosos se levarmos em consideração o que as pessoas são capazes de fazer quando o sensor aranha começa a piscar. Ele faz com que diversos cenários passem pela sua cabeça e libera ondas de choque necessárias para que se aja da melhor forma possível em um momento em que uma palavra pode mudar tudo. Diria mais, o medo é um dos maiores responsáveis por aquilo que conhecemos como epifania.

Para ser mais didática ainda, epifania é uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo. Também pode ser um termo usado para a realização de um sonho com difícil realização. Ela é usada nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém “encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa”, quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza (este é o uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão “I just had an epiphany”, o que indica que ocorreu um pensamento, naquele instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase sobrenatural). Simplificando, é a hora que a grande ficha cai como uma bigorna na cabeça das pessoas.

Tick Tock desencadeou em nosso A-team um processo que creio eles nunca tenham passado antes: a tomada de decisões baseadas no medo. Não estou falando muito do Louis, que diversas vezes já entrou em pânico por diversos motivos... Mas nunca Mike, Jessica e principalmente Harvey se deixaram sucumbir por nada. Apesar de tentarem manter o otimismo, a incerteza do desfecho do julgamento de Mike faz com que os vejamos em lugares completamente desconhecidos para eles, fazendo com que cada um tome as atitudes que achem convenientes para conseguir dar algum tipo de esperança para o futuro. Jessica ordena que seu pupilo consiga a dissolução do julgamento, na esteira, Harvey usa de artifícios mesquinhos para manipular uma pessoa para isso. Sim, o homem que sempre venceu pelo seu talento e segurança apelou para uma tática completamente antiética, traindo o profissional que ele sempre foi. Por mais nebulosa que seja a situação, testemunhamos os dois monstros da Pearson-Specter-Litt darem sinais de que todos podem um dia abrir uma brecha para deixar a emoção sobrepor a razão.

Enquanto isso, Mike tenta a todo custo provar que ele sempre foi um advogado e que seus atos fizeram sim a diferença para alguém, por mais inválidos que eles possam ser legalmente. Ao conseguir o testemunho da mãe do homem que ele livrou de uma prisão injusta, ficou bem claro que – apesar de tudo – o seu conto de fadas ajudou pessoas. Por mais que ele seja culpado de todas as acusações, ele é o nosso protagonista e é muito difícil não ficar dividida vendo ele fazer todo aquele discurso de ter se deixado levar pelo corporativismo, disvirtuando-o do sonho de ser um instrumento da justiça para quem realmente precisa dela. É aquilo que a senhora de luto falou, por mais falso que ele possa ser, se o filho dela tivesse Mike de advogado desde o primeiro dia, talvez ele ainda estivesse vivo.

Mike então, realizando isso, tenta negociar com Anita Gibbs um acordo que não prejudique ninguém além dele, mas era óbvio que a implacável promotora não aceitaria de primeiro, pois isso a faria parecer acuada diante da genialidade do seu Réu. Mike também tenta espairecer um pouco fazendo aquilo que ele sempre aspirou, ajudando uma pessoa sem ganhar nada em troca. Usando o tempo livre antes do veredito, ele se dedica a livrar um homem de uma prisão desajustada até o momento em que é oferecido ao seu próprio cliente um acordo oferecendo a sua liberdade em dele entregar os amigos que participaram do assalto com ele. De onde ele menos esperava veio o tapa na cara: Não importa se ele fique preso ou saia livre dali, os seus amigos vão acabar pagando pelos seus crimes de qualquer maneira em algum momento.

Desde que os policiais federais prenderam Mike em Faith, o que conteve o jovem de expiar os seus pecados foi a lealdade dele para com Harvey. Ross nunca entregaria o homem que deu a chance dele ser quem nunca poderia. E por mais que Rachel tenha se mostrado insatisfeita, ele planeja manter-se assim até o fim dos tempos. Por falar na Srta. Zane, as vezes eu não a entendo. Desde que a verdade sobre seu noivo lhe foi revelada, ela nunca pareceu ficar reticente com a (enorme) possibilidade da casa cair em algum momento. Foi por livre e espontânea vontade que ela escolheu permanecer ao lado de uma pessoa que era uma granada ambulante. Que moral ela tem para exigir de Mike um acordo que sirva os peixes grandes de bandeja se ela mesma é tão cúmplice quanto eles dessa farsa toda? Se semana passada eu disse que Rachel parecia estar segura sobre a sua posição dentro dessa confusão toda, em Tick Tock ela voltou ao egoísmo de tentar manter a sua relação em cima daquela porta que salvou Rose em Titanic, deixando to o resto congelar e afundar no oceano sem fim (que metáfora! Hahaha)

Louis, como nós vimos semana passada, quase cometeu o mesmo erro que todos sempre esperam dele. Entregar os pontos para não se prejudicar… Apesar de toda armação com o gravador, o momento em que ele confronta Harvey sobre tudo me pareceu bem verdadeiro e, mais uma vez ficou provado que ele sempre foi o elemento mais humano dentro do escritório. Suas decisões sempre foram movidas pelo medo de perder tudo – o trabalho é a única vida dele – e não pela mesquinhez. Pareceu que Louis finalmente conseguiu quebrar a casca de Harvey para a realidade de que sim, talvez ele também devesse estar no banco dos réus junto de Mike. Mas graças ao bom Odin a rainha Jessica conseguiu demovê-lo do plano e quando ele apagou a gravação (muito amor pela Gretchen nesse momento) eu senti um alívio em perceber que dessa vez não seria ele o elo mais fraco do time.

Tudo isso e o esculacho do assessor de Gibbs, que não cedeu a sua chantagem, fez com que Harvey também começasse a minguar. Onde ele foi capaz de chegar para evitar uma (merecida) derrota? Quem é ele para ir de encontro à um eventual e justíssimo veredito que condene Mike? E por que Mike está passando por isso sozinho? Não foram os dois, de comum acordo, que deram início a tudo? Absorto em toda esse redemoinho, ele procura a única pessoa que conseguiria ajudá-lo a voltar a raciocinar: Donna.

Mais uma vez os dois dividiram um momento muito genuíno. Por mais que eu torça para que eles um dia assumam o amor que sentem, as vezes penso se – depois de todo esse tempo – não seja melhor que eles continuem sendo o que são um para o outro atualmente. Harvey ainda não está pronto para assumir qualquer tipo de relacionamento estável e Donna é a pessoa que não cobra isso dele para ser seu porto seguro. Uma coisa que ela disse me fez pensar – a questão toda não gira em torno da culpa dele e de Mike, mas sim se eles são dignos de aspirar a presunção de inocência do júri. E, por mais errados que tudo tenha sido, no final das contas, ela acha que eles sejam.

E é assim que chegamos à manhã do veredito. Os jurados chegaram à uma decisão, mas Mike não quer arriscar ter que enfrentar a justiça que, ele realizou com a ajuda de Diaz, provavelmente vai chegar para os seus amigos independente de qualquer coisa. A caminhada decidida que ele fez até o escritório de Gibbs deixou claro que de alguma forma ele vai tentar pormenorizar a situação aceitando um acordo. O desespero de Harvey ao materializar isso foi sufocante. Obvio que um slow-motion sempre ajuda no drama, mas o que foram aqueles segundos finais do episódio?! Eu prendi a respiração, torcendo para que ele conseguisse alcançar Mike… Mas não. Ainda não sabemos o que ou quem, mas essa decisão do seu protegido deve virar mais uma vez a história na prorrogação do jogo, deixando um gancho arrebatador para a próxima temporada.

Então é isso. Se preparem, pois nessa semana mesmo saberemos qual foi o acordo, qual resultado do julgamento e quem vai acabar pagando o pato por toda o conto de fadas vivido dentro das paredes da Pearson-Specter-Litt. O futuro de todos está em cheque, e 25th Hour pode ser um dos episódios mais intensos de Suits até então.

Dá a mão aqui e assista a promo:

O que vocês acharam de tudo isso? Há alguma chance para Mike e Harvey? Já ta sofrendo por conta do season finale? Fique a vontade para dividir os seus sentimentos e impressões aqui comigo.

Observações:

– Desculpem pelo atraso da publicação. Estudo na UFRJ e estamos terminando 2015 ainda, ou seja, estive cheia de prova essa semana.

– Apesar de ter curtido, achei o julgamento um pouco corrido e vocês?

– Eu não consigo odiar a Anita Gibbs. Ela é determinada e não está errada.

– Jessica estava maravilhosa de preto.

– “Because I think you’re worthy. And I don’t want to lose you.” – Donna

– A trilha sonora desse episódio foi Mara. A música que embalou o Walk of Shame do Mike foi Judgement Day da banda Stealth.

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Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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