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Suits – 6×04 Turn / 6×05 Trust / 6×06 Spain

Por: em 23 de agosto de 2016

Suits – 6×04 Turn / 6×05 Trust / 6×06 Spain

Por: em

Senta que lá vem textão! Em virtude das Olimpíadas e a necessidade de estudo acabei ficando em falta com vocês, no que tange as minhas amadas resenhas de Suits. Mas eu sou resignada e para colocar ordem na casa, comentarei todos os acontecimentos de Turn (exibido dia 3 de agosto), Trust (exibido dia 10 de agosto) e, por fim, Spain (exibido dia 17 de agosto). Então já que o trabalho desta que vos escreve será grande, vou parar de enrolar e partir para análise dos acontecimentos nas últimas semanas da nossa querida série.

Qual o custo da liberdade?

Em Turn vimos que Mike não recebeu muito bem a proposta de acordo de Cahill, como já era esperado. Por anos acompanhamos o jovem ascender em uma fictícia carreira de advogado em um dos maiores escritórios de Nova Iorque, sem cumprir os únicos dois requisitos para tal: graduar-se em uma faculdade e passar no exame da Ordem. Ou seja, por 5 anos ele pegou o atalho conquistado por causa da sua inteligência fora de série e fraudou sem tirar nem por a coisa mais basilar em uma sociedade democrática, a Lei.

A intenção nunca foi ruim, mas há do que se falar em um trabalho que – por mais que aparentasse excelência, sempre foi permeado pela trapaça do seu início. Caminhos mais fáceis nunca te levarão onde você quer ir e essa é a moral da história de Suits até então (uma das). Não há como lutar contra um sistema que preza pela retidão, usando de subterfúgios – e agora, mais uma vez, nos vemos afrontados com este cenário.

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Nos Estados Unidos a questão do acordo é algo muito peculiar, pois realmente a colaboração de pessoas que cometeram crimes pode transformar uma condenação certa em possibilidade de liberdade, dependendo do que ela consita. Poderia citar como exemplo a Delação Premiada, que ficou famosa nos últimos anos no Brasil, mas que não segue os  mesmos moldes dos EUA, onde as possibilidades são muito mais elásticas.

A justiça americana não segue o mesmo caminho que a nossa, sendo muito mais abertas às negociações – utilizando esse recurso para combater outros crimes, as vezes mais graves, garantindo ao delator uma ampla possibilidade diálogo com o Estado e proteção – haja vista que sem esta parceria seria impossível levantar indícios de materialidade a autoria de certas práticas, devido à articulação e organização dos possíveis infratores. Algo que ocorre no caso de Kevin e Sutter. Em Spain nós finalmente descobrimos os motivos que levaram o parceiro de cela de Mike para cadeia, e o mais o importante, o porquê dele ser imprescindível para Sean Cahill em seu caso de Insider Trading (Uso de informações privilegiadas duramente combatido nos Estados Unidos).

Mas antes de debatermos os fatos mais recentes, vamos falar sobre a postura de Harvey com a condenação de Mike. Desde quando ele deixou o pupilo no season finale da 5ª temporada, o advogado está empenhado em conseguir diminuir o peso nas costas do seu protegido – Mike só acabou sendo preso pois não aceitar entregar que os cabeças da Pearson-Specter-Litt sabiam da sua condição.

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Primeiro foi a sua tentativa de transferir Gallo, para dar mais segurança ao rapaz durante a sua estadia no presídio. Depois vimos que ao ser ventilada a possibilidade de acordo para liberar Mike por Cahill, este passou a ser o objetivo da vida de Harvey, custando o que fosse. Agora é Harvey que claramente está tentando passar por cima da lei, ao fazer tudo o que está ao seu alcança para proporcionar a menor das chances de ver Mike sair logo que possível. Mas a pergunta é: Qual será a conta ao final? Qual será a consequência de todo esse traquejo feito pelo advogado nas últimas semanas para articular a liberdade de Ross.

Vou desdobrar os últimos passos de Harvey:

1) Acordo com Cahill, pagando o diretor para colocar alguma substância na comida de Mike, fazendo com que ele desmaiasse e pudesse ser removido da prisão;

2) Promoveu um encontro de Mike com Rachel, ao invés de levá-lo para Cahill, para fazer com que ele aceitasse delatar o colega de cela;

3) Ao descobrir que o caso de Cahill envolve Sutter, de imediato se prontifica para representar o homem que ele renegou por ser pior que Fortsman;

4) Apesar do pedido de Cahill, contou para Mike sobre a condição de Gallo e agora o representa sob ameaça de espalhar a sua posição de informante;

5) Articula com Cahill os passos dentro do processo que o mesmo abriu contra Sutter, para que o caso não seja encerrado antes que Mike possa fazer Kevin falar tudo o que sabe.

… and counting.

Ou seja, eu vi um Harvey que foi capaz de ir contra todos os valores da sua profissão mais uma vez para conseguir que Mike seja posto em liberdade antes de cumprir a sua sentença. Adicione-se aqui o fato de que, como Jessica mesmo disse, ele não está nem um pouco comprometido com a reestruturação da firma – e o único motivo dela não vetar, é pelo fato dela estar onde está com uma nova chance por conta de Ross. Ou seja, ao mesmo tempo que eles querem reconstruir, estão tomando decisões que podem trazer tudo à baixo de novo.

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Por mais que Mike esteja controlando seus atos para não prejudicar Kevin, a forma com que ele e Harvey o expuseram quando o levaram para a mesma sala de Sutter me deixou em dúvida se isso vai dar certo em algum momento. Em Spain, soubemos que ele foi preso por conta de uma embriaguez ao volante, em consequência de uma bebedeira causada por uma briga com a esposa – filha de Sutter – por esta estar ciente de tudo o que o pai fazia, usando um algoritmo criado por ele como laranja. Essa informação foi dada em uma conversa que Mike tentou reverter, para fazer parecer que a ideia de delação fosse de Kevin, mas seu colega está mais do que decidido em não expor seus filhos à prisão da mãe – por mais que isso signifique permanecer nesta condição para ele.

Eu só sei que estou começando a me perguntar se realmente vale tudo para liberar Mike. Harvey está se colocando no mesmo papel de Mike no Piloto da série, ao querer burlar o sistema. Muito diferente das jogadas e lacunas que ele encontrava em seus mais intrincados casos para ganhar. De alguma forma me vejo incomodada com a atitude de Harvey em achar que ele pode jogar desta forma e não sofrer nenhuma retaliação, pois está claro que as coisas vão acabar no ventilador em algum momento. Tudo conspira para o caos nesse plano maluco, onde mais uma vez todos serão atingidos.

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Ou, as vezes me pego pensando se de alguma forma Harvey queira ser punido. Todo cerne da genialidade dele como advogado sempre foi manipular o sistema sem trapacear, inclusive é por isso que muitos nutrem uma raiva visceral dele como profissional.  Mas tudo isso foi pelo cano quando Cahill chegou e ofereceu o acordo na surdina. Cahill mais uma vez aparece para ser um ponto de controvérsia – já vimos nas mais diversas produções americanas o que os Promotores de lá são capazes, vide How to Get Away With Murder. A motivação dele extrapola a Lei, e decai no fato da mãe ter falecido sem poder usufruir da sua aposentadoria (e viagem para Espanha), por conta do Fundo de Pensão ter sido aplicado na corretora de Sutter. Toda essa pessoalidade de Harvey e Cahill para com as suas atuações nesses casos são a receita para uma iminente tragédia.

Rachel e o Corredor da Morte

Eu já disse algumas vezes que nutria uma implicância muito grande por Rachel. Não sei, não fui com a cara dela e, comparando com as outras personagens femininas de Suits, ela sempre ficou para trás. Mas é bom queimar a língua e assistir o crescimento de alguém, transformando-se em mais uma mulher forte no mundo das séries.

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Rachel já mostrava sinais desde a 4ª temporada, mas a sua atitude na temporada passada e nesta está realmente me agradando demais. Ela não só soube lidar com tudo que comprometeu a sua vida, como se manteve de pé diante de todas adversidades. Se fosse a menina de cabeça fraca do início da série, estaria chorando pelos cantos pelo amor encarcerado, mas muito pelo contrário. Ela se manteve ao lado dos seus colegas para restabelecer o escritório, continuou seus estudos (aturando e sambando na cara de quem a provocava) e agora está se dedicando à um projeto muito sensível.

Suits sempre lidou com questões jurídicas, inclusive criminais, mas nunca no âmbito que pudesse abarcar entre os casos da carteira da série um homem no corredor da morte. A saída de inserir essa narrativa por conta de um programa de Columbia é interessante, já que é realmente algo que existe e traz uma nova problemática legal à ser tratada pelos personagens, sempre muito eficientes em suas funções.

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Em Spain, Rachel está lidando com o fato que seu professor não considera o caso de Leonard Bailey – mas obviamente ela já está completamente envolvida e não vai largá-lo tão facilmente. Rachel teve atitude em propor ao seu professor que o projeto continuasse extra oficialmente, sob a supervisão de um profissional de Pearson Specter Litt – e, era óbvio que ela procuraria Jessica para isso.

Mas foi uma aposta alta, por mais que Jessica tenha um compasso moral apurado, ela está enfrentando outras dificuldades e estabeleceu como prioridade máxima na sua vida a reconstrução da Pearson-Specter-Litt. Logo, era difícil que ela abrisse espaço para um caso pro-bono que merece total comprometimento, já que se trata da vida de uma pessoa.

Enquanto isso Rachel sai para procurar mais evidências que possam chancelar o pedido de reabertura do caso de Leonard, o que à leva para a ex-defensora do mesmo, que aparentemente ocupa uma boa posição dentro de um escritório de advocacia. Não sei porque eu tive a impressão que tem muito mais azeite nesse dendê que Rachel resolveu cozinhar, pois toda a explicação de Danner não desceu. Por mais que os recursos de defensoria sempre sejam escassos, não vejo mais como o argumento dos suspeitos serem usuários de drogas algo tão decisivo para desistir de continuar procurando meios de se provar inocência – ainda mais quando isso é uma questão de vida ou morte.

Foi com alívio que Rachel recebeu a noticia que Jessica aceitaria ajuda-la com o caso. Realmente faz todo sentido ganhar a publicidade de libertar um inocente do corredor da morte, do que continuar vendo o nome do seu escritório ligado ao caso de fraude de Mike. Toda essa problemática envolvendo Jessica, Rachel e a reabertura do caso de Leonard deve tomar contornos dramáticos agora que a data da execução foi marcada. Será interessante ver elas se equilibrando diante de tantos problemas, pois além de Mike estar preso e um escritório para funcionar, elas terão de correr contra o tempo para salvar a vida de uma pessoa.

Louis e Donna: O desperdício de personagens em alívios cômicos.

Desde o início desta temporada eu venho afirmando que Suits teria como maior desafio se reinventar depois que decidiu concluir sua premissa central, que era a prática ilegal da advocacia por Mike. Agora temos uma firma tentando se reerguer das cinzar, Mike envolvido com seus problemas cotidianos da prisão e Harvey completamente imerso na missão de ajudar seu pupilo a sair muito antes do que poderíamos esperar.

Todo esse esforço para estabelecer novas perspectivas para o futuro, tem resultado na subutilização de dois personagens com excelentes potenciais dramáticos. Não que eles não saibam ou possam fazer comédia, mas Louis e Donna têm servido exageradamente como alívio cômico nos últimos episódios – e…apenas isso.

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O momento em que ele se abre falando da sua dificuldade em conseguir um relacionamento foi muito bonito, bem como o fofíssimo plano dele para conquistar Tara – mas é uma pena vê-los alheios à trama principal. Louis  e Donna estão servindo de figurantes de luxo, e eu gostaria de vê-los em muitos mais momentos decisivos do que somente sendo fofos, engraçados ou dando alguma palavra de apoio!

Suits é uma série maravilhosa que está no meio de uma enorme reestruturação. Não tem um fã que não tenha se pegado pensando: “Nossa, e agora?” quando a 6ª temporada estava para começar. Ora, sem Mike trabalhando e rebolando para manter o seu segredo, qual futuro poderíamos vislumbrar para a história. Ao que tudo indica será Harvey que estará neste papel em breve, e temos apenas 4 episódios em 2016 para descobrir.

Fique com a promo de Shake the Trees, que vai ao ar dia 24 de agosto:

O que vocês estão achando? Existe alguma chance dos planos de Harvey darem certo? E quanto ao resto da firma? Fique a vontade para dividir suas opiniões nos comentários!

Observações:

– Mike Ross é um melhor Sean Cahill que o próprio Cahill haha

–  “I just thought showing Tara your wood wasn’t the only way to show her what kind of man you are.” – Mas no final funcionou!

– Jill é para Kevin o que Harvey é para Mike… adoro esses paralelismos de Suits.

– Outro paralelismo é a “terapia” que Mike tem feito com Julius. Assim como Paula na temporada passada, ele é um bom intérprete de sonhos! Hahaha

– Gente, essa brincadeira com a morte da Rachel…

– Amando a química do Neal McDonough com o Gabriel Macht. Uma bela sacada trazê-lo de volta, já que Harvey precisava de outro ponto de tensão no seu dia a dia.

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Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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