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Supergirl – 2×03 Welcome to Earth

Por: em 28 de outubro de 2016

Supergirl – 2×03 Welcome to Earth

Por: em

Supergirl nunca tentou abaixar a voz ao tratar temas polêmicos ou que causem desconforto quando discutidos. Enquanto na primeira temporada a série lançou mão da imagem de super-heroína feminina para discutir questões sobre o emponderamento e a bandeira feminista na luta pelos direitos iguais, essa segunda temporada, que desde já nos mostra sua competência, vai tratar da imigração, inserido no contexto dos alienígenas que buscaram asilo no planeta.

Levando em consideração o contexto atual que o mundo enfrenta, sobretudo os Estados Unidos como bem sabemos, o show não se mostra tímido ao tratar da inclusão de uma maneira bem clara no universo que a série se passa. Depois de dois episódios iniciais maravilhosos, Supergirl se encontra no centro de uma nova história excelente. Sem Cat Grant ou Superman, a série prova que ainda mantém uma excelente qualidade e tem muita história para contar.

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Se tem um assunto que sempre foi muito tratado nas comic books é a inclusão, logo de cara já podemos lembrar dos X-Men por exemplo, que embora seja “da outra”, também não se abstém de falar a respeito do preconceito e intolerância. Supergirl trazer esse debate para dentro da série mostra seu comprometimento, não apenas com o entretenimento, afinal não podemos negar que essa é uma das principais razões de assití-la, as séries estão lá para nos entreter principalmente, mas bem como de estender a mão em um sinal de esperança. A série voltou neste segundo ano respirando ar fresco na nova casa e também com muito mais confiança que tinha desde a sua temporada anterior. Enquanto vivemos num mundo no qual políticos sugerem a criação de um muro para separar dois mundos e impedir a entrada de imigrantes ilegais, Kara vive num mundo que não se distancia muito dessa nossa realidade, basta olhar esses próprios alienígenas como os imigrantes que procuram na América um lugar para fazer seu lar.

– I can think of no better time than the present to extend our hand in friendship.
– Even if that hand might get bitten off? – One has to have hope.
– What if it’s false hope?
– It’s hope, J’onn. How can it be false?

Entretanto, quem roubou mesmo a cena foi Lynda Carter, na sua participação maravilhosa e essencial dentro do universo televisivo da DC. Em tempos onde o emponderamento feminino é um assunto tão destacado, a série explorou o máximo da Mulher Maravilha na sua participação, e proporcionou interações excelentes com Melissa Benoist durante o episódio, que também se aproveitou de sua veia cômica para promover estes momentos. A figura feminina de uma presidente passa exatamente a mensagem que a série nos manda desde seu início sobre o tratamento da mulher nos diversos setores da sociedade, pincipalmente lá nos Estados Unidos, onde é evidente o cenário político que eles enfrentam. Carter não poderia brilhar mais interpretando uma chefe de Estado disposta a estender a mão para imigrantes de outros planetas.

E se Kara anteriormente não passava de uma assistente, foi durante essa semana que muitas dúvidas foram sanadas. A repórter mostrou todo seu potencial ao estar envolvida no centro de toda a trama, seja como super-heroína ou humana, e lidou com uma temática tão importante e delicada para ela. Colocá-la para interagir diante de duas opiniões tão distintas foi um norteador para o episódio como um todo. A kriptoniana e Lena Luthor deram uma amostra de uma parceria forte que pode iniciar ao longo da temporada, principalmente com Kara e todo seu engajamento pró-anistia, em contraponto à irmã de Lex, que viu nessa lei uma oportunidade de fazer negócios. As duas enquanto polos tão opostos dessa amizade tiveram cenas ótimas e mostram o crescimento de Danvers em somente um episódio.

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É notável, e também aplaudível, como a série abraça tantos temas excelentes e dignos de discussão. Outra personagem que incita isso foi Maggie Swayer, uma detetive latino-americana, numa série que até então só encontrávamos protagonistas brancas, e assumidamente lésbica. A inclusão da personagem, que se posiciona também como uma defensora dos direitos iguais, estimulou a curiosidade em Alex e nosso foco retornou para a irmã da super-heroína, que há tempos andava sem o destaque merecido na série.

Numa série protagonizada por mulheres nos mais diversos tipos, incitar uma discussão agora sobre sua sexualidade também se torna importante, quando temos tantos assuntos discutidos, LGBT certamente merece sua devida atenção. A inserção desse tema só tem a somar na série que não é omissa quanto a discussão alguma. Essa nova interação criada pela série é possível ver as novas possibilidades para a personagem, que anteriormente não passava de uma protetora para Supergirl e sua relevância acabou sendo colocada um pouco de lado.

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O episódio desta semana trouxe muitos acontecimentos importantes para incluir em uma review só e Supergirl a cada semana se supera no seu enredo. A presença da Última filha de Marte e Mon-El em Welcome to Earth fortalecem a carga dramática da série, embora sua comicidade ainda sobressaia, essa bagagem parece necessária para os próximos episódios. O contraste que teremos entre Kara Zol-El e Mon-El vão promover momentos interessantes, entre a kriptoniana que viveu maior parte da sua vida na Terra e agora dedica-se a protege-la e um daxaniano recém-chegado. Com Cat Grant agora fora de seu papel regular, sua empresa fica sob a direção de James Olsen, e resta torcer que isso traga o destaque necessário para o personagem nessa temporada, que se encontra mais apagado que nunca, embora nesta semana tenha sido legal vê-lo exercer sua função e se impor em seu novo cargo, falta muito para que Jimmy me faça ter o mínimo de interesse nele.

Welcome to Earth traz uma luz ao que vai ser a força motriz da série. Se no episódio anterior tínhamos uma organização que declarava guerra contra os alienígenas presentes na série, essa semana por sua vez, mostra um contraponto enorme ao apresentar uma líder de Estado estendendo a mão para esses refugiados. Após dois episódios essencialmente de ação, este terceiro mostra o potencial da série e de Melissa Benoist como protagonista após a aparição de seu primo no início da temporada. Supergirl permanece divertida, mas não abandona sua carga dramática ou deixa de tratar temas que merecem destaque, mas sempre de maneira que se encaixe no seu roteiro e esteja presente a todo momento nas entrelinhas. A soma de tudo isso foi um episódio importante para a temporada a respeito do autoconhecimento.

Observações:

  • A direção de Rachel Talay neste episódio pode ser considerado uma própria referência. A diretora já esteve presente em Legends of Tomorrow e The Flash, retorna à série do velocista no 3×09. E é conhecida pela adaptação cinematográfica de Tank Girl.
  • Lynda Carter é uma mulher importante para o universo da DC. Ela protagonizou a série live-action da Mulher Maravilha nos anos 70 e agora retorna ao universo da comicbook no cargo presidencial.

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  • Maggie Swayer foi apresentada inicialmente quando John Byrne era responsável pelas histórias do Homem de Aço e tornou-se importante por ser uma personagem abertamente homossexual. Maggie mudou-se para Gotham e iniciou um relacionamento com Kate Kane, a Batwoman.
  • A Divisão Científica, onde a detetive Sawyer trabalha, é percursora da Polícia Científica, que foi vista inicialmente na Legião dos Super-heróis. Eles trabalham com crimes cometidos por alienígenas e meta-humanos.
  • Vai ser interessante ver como a DC vai abordar o assunto sobre o registro trazido pela nova lei, já que é um assunto muito comum e evidente nas histórias “da outra”.
  • Mon-El finalmente despertou e o personagem traz consigo muitas dúvidas. Ele é do planeta Daxam, muito similar a Kripton, mas suas histórias vão muito além disto. Daxam sofre com outras calamidades devido a destruição de Kripton. Nos quadrinhos, Mon-El era fascinado pelas histórias do planeta vizinho, e segue a nave de Kal-El, porém sofre um acidente e perde a memória. Por muito tempo ele atuou como Superboy, depois que ele é atacado e fica perdido na zona fantasma, é resgatado pela Legião dos Super-Herois, onde passa a integrar a equipe.
  • No filme clássico ET: O Extraterrestre, o protagonista queria retornar para sua casa e quando desenvolve um pouco da língua inglesa, tenta contatas seu povo para resgatá-lo. Essa cena fica bastante referenciada no episódio.
  • Quem mais notou a referência expressa quando Lynda/Presidente Olivia Marsdin fala sobre seu “outro avião”, obviamente se referindo ao Avião Invisível da Mulher Maravilha.
  • M’gann M’orzz se auto-intitulou a “Última Filha de Marte”, a Miss Marte. Se a história for fiel aqui, Miss Marte é uma marciana branca que optou por ser boa e usa o visual verde no lugar de sua forma original, ela trabalhou principalmente com os Jovens Titãs.
  • “How did anyone even vote for that other guy?” Preciso dizer mais nada não é.

Gabriela Vital

A Kardashian perdida que sonha em ser médica um dia.

Vitória / ES

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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