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Supergirl – 2×10 We Can Be Heroes / 2×11 The Martian Chronicles

Por: em 8 de fevereiro de 2017

Supergirl – 2×10 We Can Be Heroes / 2×11 The Martian Chronicles

Por: em

Quando tudo vai indo bem até demais é de se esperar que uma hora ou outra as coisas desandem um tanto, seja em razão da nossa expectativa que se eleva a cada episódio de uma série ou simplesmente por que em determinado momento as coisas deixam de funcionar tão bem conforme eram antes. Ia chegar um ponto em que Supergirl teria que lidar com os próprios problemas da protagonista e do seu elenco de apoio, o problema disso foi tudo ser entregue em apenas um episódio que não passou do bom para o nível que vínhamos nos acostumando. Será que apenas o “bom” é suficiente para uma série que nos entregava, semana após semana, episódios excelentes e engrandecedores?

Depois de toda a jornada de autodescoberta de Alex, a série nos provou que sabe sim desenvolver bem um plot que não esteja necessariamente ligado a protagonista. No entanto, tentar repetir esse sucesso com James Olsen e Mon-El não funcionou tão bem quanto esperado. O primeiro por que ele simplesmente não consegue transmitir um terço do carisma que Chyler Leigh esbanja, o personagem de Mehcad passou por inúmeros plots, sempre tentando encontrar algum que demonstrasse a mínima necessidade do personagem na trama, porém verdade seja dita, o personagem ainda não conseguiu fazer diferença nenhuma ou nos vender uma boa história que pudéssemos comprar. O Guardião é um herói que já passou o manto diversas vezes nos quadrinhos e incumbir Jimmy de assumir a responsabilidade de tomar frente como um herói já consolidado foi um tiro no escuro, que infelizmente não saiu como esperado. O novo herói em questão não nos vende sua motivação e nem convence dessa vontade de querer ajudar os outros, e por maior que seja sua convicção isso simplesmente não consegue ser transmitido por Brooks ou muito menos convencer que a sua saga como vigilante de National City é o plot que o personagem aguardava para mostrar sua importância.

Mon-El por sua vez é um personagem que vem sendo mal aproveitado, e muito, na história. Poucas vezes vemos um personagem masculino resumido à ser apenas o par romântico, geralmente quem assume esse papel são personagens femininas fadadas à ficarem na sombra do herói da história, no entanto, fica clara que a participação de Mon-El se resume à isso e se não fosse a química inegável entre Wood e Benoist, nem mesmo para isso o personagem serviria. A tentativa de transformá-lo em um super-heroi foi frustrada, o daxamita não demonstra as características necessárias para ser altruísta suficiente ao ponto de colocar o bem do povo de National City acima de qualquer coisa e isso é torna-se um empecilho dos grandes na jornada do personagem. Encaixá-lo ali com a única motivação de ficar perto de Kara e desenvolver o romance entre ambos personagens é simplesmente errado e se sustenta no clima que os atores proporcionam.

A protagonista da série finalmente descobriu o ônus de ser heroína e sobretudo ter que lidar com um arqui-inimigo, enquanto sua ideia fantasiosa de ter um antagonista fosse aquela que todos imaginamos enquanto acompanhamos as comic books e séries, a realidade passa muito longe disso. E colocar Livewire nesse papel foi um dos poucos pontos altos do episódio, afinal, a vilã faz um antagonismo perfeito a tudo que Kara representa na série, Curto-Circuito é imperdoável, causa dor e morte por onde passa e a ideia de levar a kriptoniana no limite com a mera ideia que sua inimiga estava a solta marcou pontuação para o episódio. E ainda transformar a vilã na verdadeira vítima foi outro bom momento no episódio, afinal, é muito fácil construir uma imagem negativa a todos que se contrapõem aos mocinhos, no entanto, criar uma empatia em cima de uma personagem tão impiedosa é difícil, algo que Supergirl soube fazer bem, dando início à uma trama interessante de redenção para a personagem.

No final das contas We Can Be Heroes foi mais uma competição para ver quem seria o herói da semana, o episódio não nos apresentou nada de novo e não existe problema algum no esperado, o problema disso é quando sua própria execução não sai tão bem e destoa do que a série nos entregava até então. Tivemos várias histórias de transição sendo trabalhadas, porém nenhuma delas conseguiu empolgar o suficiente, fazendo do décimo episódio algo morno e sem empolgação.

The Martian Chronicles

O décimo primeiro episódio, The Martian Chronicles, deu continuidade ao gancho deixado no final do episódio anterior e trabalhou a trama dos marcianos, algo que estava em estado de suspensão há algum tempo. O episódio desta semana conseguiu retomar um pouco da qualidade de Supergirl, mas ainda não chegou lá, a impressão que passa é que a série começa a dar suas primeiras retomadas de fôlego, porém, ainda há muita coisa boa para vir e nenhuma série se recupera tão bem como a da Garota de Aço.

A história de M’gann começou nos emocionar desde sua primeira aparição, a saga da Miss Marte que enfrentou seu próprio povo para salvar outros milhões de marcianos verdes foi arrebatadora, sem falar em toda a discussão social que foi possível de levantar em cima disso: escravização, espécies que se veem como superiores e a própria imigração, em tempos de um contexto tão perturbador, toda discussão nas entrelinhas de um roteiro é muito bem válida de ser analisada.

Embora a marciana branca não tenha tido o desfecho esperado, principalmente para os que torciam pelo casal entre M’gann e J’onn, a conclusão do seu arco na série me pareceu bastante temporário. Sua história de ir contra o sistema, sobretudo contra as características que definem os marcianos brancos e ir atrás de outros que se sentem da mesma maneira é um pretexto excelente que a CW deixa para um novo arco entre uma batalha entre os vizinhos interplanetários e a Terra

Se tem uma coisa sempre legal de ver são os atores saindo da pele de seus personagens e explorando novas personalidades. Já havíamos visto Chyler deixando seu papel de mocinha na temporada passada e mais uma vez em The Martian Chronicles quando um dos inimigos do episódio tomam forma da agente do DEO e passa a enganar todos próximos a ela. No entanto, quem roubou a cena mesmo foi Jeremy Jordan, encarando uma personalidade completamente oposta do carismático e desengonçado Winn. Enquanto Schott estava escondido, um marciano branco se passava pelo agente de T.I do DEO, utilizando até mesmo sua inteligência para criar um cenário caótico no episódio, a transformação, desde as expressões faciais até mesmo para as cenas de luta, coisa que não vemos Jordan participar muito, foi excelente e conseguiu passar muito bem o tom de ameaça para quem acompanhava o episódio.

Por falar no cenário caótico criado, outra vantagem para essa semana foi concentrar-se principalmente em uma trama só ao redor dos marcianos e criar um clima de tensão e desconfiança, conforme nos primeiros momentos não conseguíamos ter certeza de quem era quem ali. A capacidade dos vilões de incorporar não só a aparência, mas também a personalidade e memórias de quem está copiando é completamente perigosa, afinal alguns truques de perguntas pessoais passam longe de ser o suficiente para desvendar.

No entanto, algo que tem me incomodado em Supergirl é o uso desnecessário do drama durante o episódio. Embora a série tenha como um dos pontos fortes seu roteiro que sabe bem a importância de momentos mais intensos, já passamos por episódios com uma carga dramática pesada, porém essencial para os personagens e para a série e talvez seja a hora de equilibrar apenas um pouco com algumas coisas simplesmente desnecessárias agora.

Toda a discussão sobre a relação entre as irmãs Danvers agora que Alex está num relacionamento sério me pareceu deslocada e não tinha a mínima precisão disso por agora. É natural no começo de uma nova relação as pessoas quererem passar um tempo juntas e foi injusto, tanto por parte do texto da série quanto por parte de Kara, fazerem Alex se sentir mal por isso. Embora eu ame a relação entre as irmãs e isso já mostrou muitas vezes ser um dos pontos mais fortes na série, justamente porque as duas sempre estão juntas para se apoiarem e ajudarem quando uma precisa da outra, soou redundante ter que reafirmar isso para Kara simplesmente porque feria um pouco de seu ego não ter sua irmã somente para si mais.

Supergirl ainda não conseguiu voltar à qualidade de seus episódios, mas o mais recente deles nos entregou um pouco do que a série costumava fazer antes do seu hiatus. Concentrar em apenas um plot para ser desenvolvido foi uma parte boa, afinal, como aconteceu em We Can Be Heroes, às vezes dar atenção para todos os personagens e desenvolver suas tramas todas juntas causa uma confusão no episódio e acaba que nada se desenrola como deveria. O que falta em Supergirl, se me perguntassem, é coragem para fazer uma limpa nos plots em excesso, todos os personagens tendo suas próprias histórias é digno e excelente, porém quando tudo isso começa a defasar é sinal que está na hora de cortar um pouco. Começamos pela história de Miss Marte que foi concluída em The Martian Chronicles e agora vamos aguardar pelas melhoras nas tramas.



Gabriela Vital

A Kardashian perdida que sonha em ser médica um dia.

Vitória / ES

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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