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Supergirl – 2×12 Luthors / 2×13 Mr. & Mrs. Mxyzptlk

Por: em 23 de fevereiro de 2017

Supergirl – 2×12 Luthors / 2×13 Mr. & Mrs. Mxyzptlk

Por: em

Nem sempre as semanas loucas da vida permitem a gente deixar as séries em dia, quanto menos as reviews, mas se tivessem me avisado que os dois últimos episódios de Supergirl seriam tão bons teria me adiantado quanto a isso. Dois episódios com ritmos completamente diferentes, enquanto um seguiu uma trama muito mais densa, sobre a família Luthor, outro foi pelo caminho mais tranquilo, divertido e, nem por isso, deixou de nos surpreender e encantar, embora estivesse completamente desconexo da temporada. Então vamos falar sobre eles, não é mesmo.

Luthors

Luthors foi de longe, um dos melhores episódios de Supergirl até aqui, me arrisco a dizer. Um episódio fora dos padrões para tamanho potencial e nem por um instante focou na protagonista, pelo contrário, fez questão de narrar sua história em torno de uma das personagens mais ambíguas, Lena Luthor. É importante notarmos o peso imenso que apenas o sobrenome Luthor carrega no Universo DC, principalmente neste protegido por Supergirl e Superman (afinal, nas demais Terras, não sabemos muito bem como essa família se sai por lá). Não é preciso de muito para que apenas de citar Lex Luthor na série a gente já entenda a ameaça que o supervilão representa para o primo de Kara e mais do que isso, carregar tal sobrenome é quase como carregar os traços para ser vilão na sua genética, o que nos faz perguntar seriamente, podemos mesmo confiar em Lena Luthor?

Nem por um instante o foco do episódio esteve no irmão da empresária da L-Corp, essa introdução besta só serviu para nos situar da importância de tais personagens para a trama como um todo, e admito que estava sentindo uma imensa falta de Lena nos episódios. A última vez que a vimos, a caçula da família entregava a mãe para a justiça e desde então foi um completo sumiço da personagem. Bem, o décimo segundo episódio fez questão de ser redimir pelo esquecimento. Lena sempre se sentiu como uma forasteira na própria família e deve ser no mínimo arrebatador ter que lidar todos os dias com pessoas questionando sua índole e mais que isso, você mesma questionando se talvez você tenha nascido destinada ao antagonismo.

Lilian Luthor retorna para ser a vilã da vez e nos mostra a grande antagonista que ela é. A matriarca da família tem seu comportamento puramente vilanesco e pior que isso, ciente do que está fazendo como se houvesse alguma justificativa racional em tudo aquilo. Supergirl nunca escondeu seu discurso político e engajado, e numa mistura de xenofobia e ódio cego, retornar com Lilian e Metallo foi uma analogia ótima para o momento atual que os EUA permeiam no governo daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Reforçar esse ponto tão presente na política norte-americana pode não surtir tanto efeito em nós quanto surte por lá, mas é uma mensagem muito bem válida também. Os vilões são tão convictos de sua mensagem que não enxergam a problematização por trás dela.

E bastou apenas um vislumbre da família Luthor, feito com eficiência, para entendermos a complexidade entre eles. O flashback conseguiu resumir de uma maneira sucinta o histórico familiar dos Luthors, onde Lex foi criado pela sua mãe, uma figura calculista e fria, algo transmitido por uma simples cena de xadrez, momento este retomado no final do episódio com Lena encarando a peça do mesmo jogo que estabeleceu a primeira ligação com seu irmão, mantendo a ambiguidade da personagem.

Luthors surgiu como um grande episódio e nos entregou tudo aquilo que faltava na série desde seu retorno no segundo ano. O roteiro equilibrou-se na ação, no profissional e nos romances da série e não deixou de atrair sua atenção para nenhum deles, a trama evoluiu e desenvolveu-se ao longo de uns 40 minutos de uma história muito bem contada.

Nós sabemos que eventualmente Kara irá surgir para salvar o dia, mas não seria muito mais sensato enviar J’onn, ou até mesmo os dois juntos, para resgatarem Lena e lutar contra uma bomba atômica ambulante prestes a explor. Todos sabemos que essa seria a opção mais óbvia, mas por razões tão óbvias quanto, manter a sensação angustiante de correr contra o tempo, a heroína vai sozinha salvar a amiga e tendo o marciano aparecido somente no final para dar aquela ajuda. Correu tudo bem e todos saíram vivos, obrigada, mas o próprio roteiro precisa ficar de olho nesses detalhes que nós de cá percebemos.

Embora o próprio título do episódio já denunciasse que não seria um capítulo na saga da kriptoniana como falamos, é ótimo ver como a heroína se sai bem até mesmo nos momentos que o coadjuvantismo lhe é incumbido. A persistência de Kara em lutar pela amiga e sua confiança que ela era inocente foi a força-motriz do episódio. Mesmo que a certeza que no final tudo estaria bem, afinal uma sensação que Supergirl sempre nos forneceu é de que as coisas no final sempre encontrarão seu desfecho, a trajetória é o que rouba a cena.

O episódio equilibrou bem entre suas tramas, tirou algumas coisas de foco, como a saga de James buscando se estabelecer como um heroi e resolveu sua crise com Kara, afinal, ninguém aguentava mais. E voltou-se para os pontos muito mais interessantes de sua história.

Mr. & Mrs. Mxyzptlk

Se Luthors foi um episódio intenso, Mr. & Mrs. Não-vou-escrever-essa-palavra foi completamente contrário a isso, muito mais leve e divertido, que serviu seu propósito muito bem e ainda nos garantiu momentos engraçadíssimos. Supergirl voltou sua atenção para os relacionamentos numa onda “spread the love” que quase nos esquecemos que o vilão da semana era um ser que podia, literalmente, tudo (menos te fazer tomar suco de laranja, porque todo mundo sabe que coca-cola é melhor, entre outras restrições).

O episódio tratou com um roteiro bem leve um tema perigoso e difícil de agradar, há aqueles que adorem um bom romance clichêzinho, confesso que estou nessa lista, no entanto, existem também aqueles que encarariam o décimo terceiro episódio um completo desperdício de papel e tentar agradar esses dois grupos é uma tarefa quase impossível, mas uma hora ou outra Supergirl teria que desenvolver suas tramas, e entre elas, os relacionamentos dos seus personagens.

Um ponto que não deixou de me incomodar foi atribuir uma visão tão distorcida do amor e no final justifica-la com um simples “eu só queria ser amado”. Para uma série que leva tão a sério debates sociais (feminismo, xenofobia, homossexualidade e entre outros), foi um tanto decepcionante o episódio encerrar com essa fala. Mxyz não amava Kara, ele queria tê-la como sua propriedade e quando recebeu um não para uma proposta que imaginou ser tão irrecusável perdeu a cabeça. Agora levante a mão que garota nunca passou por uma situação dessas, alguém simplesmente te enchendo a paciência por mais que você não queira, e isso não pode ser justificado com um “eu quero ser amado”, ações como essa não são movidas a amor ou sentimento parecido, são movidas a ego e o bom e velho machismo no sentimento de que deve ter alguma posse sobre a pessoa. Pelo menos Kara falou por todas nós quando disse que não é assim que se conquista uma pessoa.

Mas fora de todo esse debate, Supergirl lidou com outros relacionamentos e o principal deles, Kara e Mon-El. Aqueles que torcem o nariz para o casal, geralmente sob o pretexto que a série está apelando para o estereótipo da boa moça tentando transformar um valentão em boa pessoa, acompanham um discurso um tanto quanto sem sentido para esse contexto (jamais desmerecendo a discussão no total). Há duas maneiras de enxergar esse relacionamento, a primeira é esse clichezão mesmo que estamos tão habituados a vermos em inúmeras séries e filmes, outra maneira no entanto é vermos que Mon-El chegou nesta temporada completamente perdido nas relações sociais como um todo e Kara por sua vez, tentou ajuda-lo no caminho, existe uma certa inocência nas atitudes do daxamita que não compreendia até então como funcionavam as coisas e aos poucos foi pegando o jeito.

Vejam bem, uma coisa é você estar num relacionamento abusivo, onde há um claro senso de superioridade e inferioridade, algo que não deveria existir e tentar corrigir o irreparável em uma relação que suga sua energia, mas não é bem este o caso no romance desenvolvido entre os personagens que aos passos lentos chegou ao seu ápice. No entanto essa é uma discussão extremamente delicada que não consigo ver como um ponto tão negativo o relacionamento destes dois.

Outro argumento é que Supergirl não precisa de um parceiro para se definir, e realmente, Kara deu várias demonstrações que ela se sai muito bem sozinha e obrigada. A trajetória de Supergirl nunca foi sobre romances atrelados ao seu heroísmo, sendo que este primeiro sempre ficou em segundo plano, talvez trazê-lo em destaque foi o ponto mais delicado aqui. Após passar a primeira temporada inteira desejando um relacionamento com James, quando ambos finalmente ficam juntos, Kara decide que sua jornada como Supergirl precisa ser trilhada sozinha e não haveria espaço para um romance naquele dado momento. Mas vejam bem, treze episódios se passaram até este ponto e diante de tantas mudanças é perfeitamente compreensível que Kara decida que esse é o momento para ter alguém em sua vida. Ter um parceiro com ela não é uma prova que vá diminuir a personagem, a história de Kara é muito mais que seu heroísmo, mas sim sobre seu caráter e compaixão que sempre foram os norteadores da personagem e ter um interesse amoroso não resume Supergirl a isso.

Se foi um episódio sobre relacionamentos, não poderíamos deixar de falar do melhor deles, Maggie e Alex. O romance das duas é tão grandioso, bem escrito e bem desenvolvido que é impossível não elogiar o trabalho delicado do roteiro nesse aspecto. Principalmente quanto à Maggie, que sempre se mostrou confiante, servindo como uma âncora para Alex no seu processo de aceitação e quem diria que poderíamos imaginar que teria uma história tão difícil por si própria.

E mesmo com minha opinião duvidosa sobre Mxyzptlk (consegui escrever sem olhar no google), não fazer um elogio seria uma afronta ao duende Mxy, interpretado por Peter Gadiot. A versão leve de Gadiot garantiu momentos divertidos, mas não deixou de chamar atenção para um ponto importante, um relacionamento não é construído na base de exigências e certamente ninguém alcança o coração de uma pessoa através da coerção.

Easter-eggs e mais:

  • Só aceito separarem Kara e Mon-El se for para juntar a heroína com Lena Luthor, queremos esse OTP para ontem CW.
  • Em Smallville, Lex e Clark tinham uma relação como a abordada em Supergirl, Iniciaram como amigos, antes de vilão e heroi.
  • Vemos o traje de batalha de Lex Luthor, bem como a planta “black mercy” e uma caixa com uma luz azulada brilhando, será que veremos a kriptonita azul no universo da série?
  • Aquele momento que Alex vai sair do armário para todos e eles ficam meio “beleza fia”.
  • Mxyzptlk surgiu na revista Superman #30, de 1944. Inicialmente como vilão, mas já teve seus momentos de anti-heroi. Seus poderes são exatamente como explicados na série, Mxy pode dobrar a própria realidade e fazer o que bem entender.
  • Não comentei na review, mas adorei o romance de Winn, já estava na hora do nosso agente encontrar seu par. A sortuda vem de Starhaven, que nos quadrinhos tem conexão com a Legião dos Herois (olha ela aí de novo).
  • Namorem alguém que, basicamente seja como o Winn, é isso mesmo.
  • “You wanna get nuts? Let’s get nuts”! A frase dita por Kara saiu diretamente de um dos filmes do homem-morcego, lá de 1989.
  • Essa semana é carnaval, então coloquem suas fantasias de Supergirl, Superman, Flash e outros e vamos para as ruas achar nossas Maggies, Mon-El ou Winn, mesmo que só por um dia. Já dizia aquela música: “Superman ficou louco, o pinguim jogou kriptonita” (do fundo do baú).


Gabriela Vital

A Kardashian perdida que sonha em ser médica um dia.

Vitória / ES

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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