Eu prefiro acreditar que SuperStar só está no ar ainda por causa do sucesso que as bandas fazem fora do programa. Porque tá difícil. Depois de uma 2ª temporada cheia de derrapadas e com um final meia boca, mudanças se faziam necessárias. Trocar um membro do painel, um Thiaguinho que não fedia nem cheirava por uma Daniela Mercury, ícone da música e já ‘experiente’ em realities. Eliminar o 2º apresentador, que anda ocupadíssimo aos sábados de manhã, e dar mais espaço à ‘cabine de interavidade’ de Rafa Brites. E, os dois mais importantes, que estão ligados: a mudança do público alvo e a mudança de horário. Para aproveitar o slot quente deixado pelo The Voicinha, botaram o SuperStar no domingo à tarde. E reformularam a divulgação do programa, de modo que deixasse de parecer um programa jovem adulto para ser um programa familiar. Ok, tudo certo.
Pena que não. Daniela Mercury estava mais perdida que cega em tiroteio, acompanhada por um Paulo Ricardo pedante e desnecessariamente rude com as bandas. Rafa Brites ficou encarregada de, basicamente, segurar as pontas quando o palco estava sendo montado/desmontado e a interatividade com as mídias sociais não existiu. E quanto à mudança de horário, temos que esperar mais algumas semanas mas a princípio deu ruim. A audiência não chegou nem perto do que o The Voicinha costumava dar e ficou na mesma média que o programa dava às 23. E, ainda que mudanças sutis tenham sido feitas, o programa não trouxe nenhum apelo novo para conquistar esse público diferente. Nem os VTs usaram muitos recursos emotivos, pra você ter uma ideia. Na prática, é o mesmo programa que passava à noite, e com os mesmos problemas, só que de tarde.
Para não dizerem que só falei mal: as bandas foram, em sua maioria, boas, Fernanda Lima continua assertiva e Sandy é a jurada mais honesta e gostável do trio. A direção/câmera também fluiu direitinho. Só faltou um pouquinho de emoção num programa que (em tese) é muito técnico. Mas vamos lá ver as performances desse episódio corridíssimo e esquecível que me fez queimar o arroz do almoço de domingo.
Fulô De Mandacaru – É Proibido Cochilar/Chililique
Começamos os trabalhos com a versão brega dos Gonzagas Fulô De Mandacaru e devo admitir que não prestei a atenção devida na apresentação pois HAHAHAHAHAHAHA DANIELA MERCURY!!! Gente, é tão difícil assim a alavanca? Ninguém fez uma espécie de ‘piloto’ com a mulher não? Misericórdia divina. Tirando o flop homérico de Daniela, foi uma performance ok. Trouxe a herança de família no VT, que tem um apelinho diferenciado, o vocalista é afinado o suficiente e o mashup dos dois hinos do forró deu certo. Não foi mind blowing suficiente para uma abertura de programa- na verdade foi tudo bem dentro da caixa- mas funcionou o suficiente para mim.
Resultado: 63% na teoria, 70% na prática. Daniela Mercury, rainha dos memes em potencial, puxou a alavanca pro lado errado e, por causa disso, a tela não subiu e a banda não passou. Apesar da falta de uma resposta oficial ainda durante a exibição, diz a lenda (e os sites de fofoca/ ~entretenimento~) que a direção reconsiderou e, no limite da porcentagem, a banda vai para a repescagem. Então tá.
Katarinas – Não Para / Hoje / Eu Sou A Diva Que Você Quer Copiar / Vou Desafiar Você / Amor de Chocolate / País do Futebol / Beija Ou Não Beija
Mais uma banda só de vocalistas desafiando o conceito do programa, mas essa eu perdoo porque , é aquele ditado: as bicha fecha. Foi uma performance encaixadinha, bem feitinha, mas não de cair a boca. Foi só surpreendente pelo fato de ser um trio cantando ~funk pop~, mas dentro do que a gente vê por aí no mercado não tem nada de mais. Quanto aos vocais, as três são decentes mas nenhuma é espetacular. A loira (não, eu não sei o nome delas) é a mais consistente, a morena é just fine e a ruiva tem mais dificuldade com a respiração, mas faz uma dissonância bem divertida nas harmonias – que também são ok. Pelo formato de votação do programa, podem garantir mais umas semanas pela participação de certa fatia do público, mas não acho que sejam páreas para os pagodes, sertanejos e pop rocks da vida. E adendo para a coreografia que foi simplinha – uma tentativa empobrecida de stilleto – mas que deu um tempero gostosinho para a apresentação. Só me preocupo o que elas vão fazer na próxima fase já que gastaram metade do repertório do funk pop na audição.
Resultado: 77% e as gatas vão direto pras finais.
Preto Massa – Fumaça
Essa performance dividiu meu coração. A atitude da banda convence demais, é muita segurança e confiança na letra e na música, mas eu não senti a mesma sensação na performance em si. O vocalista não é tão afinado quanto parece e a dicção dele na estrofe é ruim, o que é digno de nota, já que é um programa ‘familiar’ (eu sei que não é essa ‘família’ que vota, me deixem ser Alice). Por outro lado ainda, a música – percebi quando revi a apresentação e prestei mais atenção – é melodicamente muito boa e muito bem arranjada, o que me deixa ansioso pras próximas versões/originais que eles vão fazer. E Daniela Mercury lembrou de Xico Sá, então serei obrigado a dar uma chance.
Resultado: 74%, e Preto Massa vai pra repescagem.
Os De Paula – Que Mina É Essa?
Começou a cota pagode + família do programa, tava cedo demais. Essa pelo menos não foi ruim. A banda é bem legal, a música tem uma pegada soul bastante divertida – pegada que engatou na altura do refrão – e os dois vocalistas são decentes. A letra é gritantemente óbvia (quantas letras de pagode começam com “Eu não tô legal?”) mas tem essa proposta chicletinha simpática que funciona (funciona sim, Paulo Ricardo, vai ser pedante na sua casa). Voltando nos vocalistas, o de chapéu tem essa voz de ovo na garganta, mas tem um swaggzinho que, well, meio que convence. O outro tem mais dificuldade de afinação/respiração – o começo foi bem ruim mesmo -, mas nada ofensivo à nossa inteligência. E as harmonias dos dois são boas? Deu meio que certo.
Resultado: Mais um do combo 74%. Repescagem nos Netinhozinhos.
161 – Quando A Chuva Passar
Minha Nossa Senhora do Axé, me ajuda. Já temos uma nova Malta? O carisma convenceu do começo até o fim, o arranjo ficou gostoso, bem dinâmico, performance impecável. Só os vocais do vocalista que são limitados e guturais demais. Já viram essa história antes? Então não me culpe se eu ficar com um pé atrás. Não foi ruim, só foi berrado demais para uma música que, talvez, exigiria uma coisa mais coração e menos garganta. A banda é excelente – ênfase na baterista pimpada. Mas não fico ansioso para as próximas apresentações deles não.
Resultado: 79% , 161 direto para as finais.
Alphazime – Beleza Pura
1º membro da cota Humanas na área “pela paz e não-violência”. Vou admitir que me diverti a valer com essa apresentação. Essa pegada world music funcionou muito bem e é bem necessária para um programa com o conceito do SuperStar. A melodia da música ficou impecável e os vocais da Gabriela (única vocalista do dia que eu lembrei o nome) foram consistentes. O timbre dela é um agudinho simpático e foi tudo afinada, só na primeiro agudo mais extenso ela teve um pouquinho de dificuldade mas tudo se resolveu a tempo da glory note. E adorei Dani Mercury começando a se encontrar na sua cadeira montadíssima no balanço do axé. É pra isso que você foi contratada garota.
Resultado: Travou no 74% esse negócio? Repescagem para os fofinhos.
Supertoy – Blecaute (Slow Funk)
É nessas horas que a gente pensa duas vezes o que estamos fazendo com a nossa vida num domingo à tarde e bate a famosa bad. Foi bem ruim. Desafinado, arranjo tosquinho, mimetizando o Flausino (que não é exatamente um guia a ser mimetizado) e não teve personalidade. A banda perdeu a oportunidade de mostrar uma original, ou pelo menos alguma coisa menos óbvia. Ficou faltando tempero, algo a mais para convencer. E pra isso Paulo Ricardo dá os 7% né? hahahahaha ai, fica difícil levar esse homem a sério.
Resultado: 62%. Tchau Supertoy (e leva o Paulo Ricardo junto).
Turnê – Me Esqueça
Não é essa garota que diziam parecer a Cássia Eller no The Voice? De qualquer modo, não parece, mas ela canta bastante. Tem um timbre ácido que combinou muito com a melodia e com a letra da canção, mesmo que tenham havido problemas notáveis de afinação. Convenceu pela força e pela energia, além de ter uma presença de palco maravilhosa – rolou até flertezinho com a câmera!! E como Dani Mercury bem disse (finalmente, ela disse alguma coisa útil), a banda toca igual gente grande, com delicadeza apesar da maturidade da banda e da canção. Com as músicas certas, não tem motivo para Turnê não ir longe na competição.
Resultados: 89% . Turnê bem rainha mesmo.
GrooVI – I’m Still In Love With You
Desculpa, o quê? A cota Humanas parte 2 me deu sono (ok, pode ter sido o almoço). Tudo bem, você pode cantar Bob Marley essa hora da tarde no domingo, mas faz um esforcinho para segurar a audiência contigo né, babies. Mas eu tô só sendo chato, não foi ruim não. A banda, ainda que a melodia tenha sido idêntica à original (pelo menos eu não vi nenhuma diferença), fez um ótimo trabalho, e a vocalista tem um timbre agradabilíssimo, e o cara segurou a onda. Dani Mercury achou que seria melhor se a garota cantasse sozinha, mas eu discordo. A harmonia dos dois funcionou, com algumas limitações, mas funcionou.
Resultado: 82%. Gruve Ai GrooVI levando esse amor humanas pras finais.
Vou me abster de comentar a performance dos jurados, porque não dá. E aí gente? Pra quem vocês tão torcendo e porque Katarinas e Turnê? Beijos!
Sobe A Tela 1: As apresentações estão todas disponíveis no GShow.
Sobe A Tela 2: Paulo Ricardo falando, na performance das Katarinas, de funk carioca de não sei o que carioca não sei o que lá carioca. As minas são paulistas.
Sobe A Tela 3: As coisas que a Fernanda Lima fala das bandas às vezes fazem mais sentido do que as abobrinhas de Paulo Ricardo. Acho que esse homem ficou nos anos 2000, não pode ser.
Sobe A Tela 4: Essa alavanca da cadeira do jurado é difícil demais gente, Sandy ficou reclamando, Dani fez cagada. Vamos ajudar?
Sobe A Tela 5: 3 temporadas e ainda não resolveram o problema do eco quando abre o áudio pra plateia, na hora dos 70%
Sobe A Tela 6: Prints do sempre lindo @RealitySocial
