Mais uma semana, mais um episódio médio de SuperStar. O programa não está ruim, as bandas não são horríveis, mas o formato perdeu um pouco do ‘glamour’ – e da meta de audiência – quando mudou de horário, e isso acaba afetando um fator muito importante que é o engajamento do público que assiste no formato do voto. Mas vou aguardar mais uns 2 programas para entender e discutir isso melhor. Por enquanto, ficamos com as apresentações de um top 16 com algumas reviravoltas interessantes:

Preto Massa – Vem Quente Que Eu Estou Fervendo

Mais um episódio, mais dificuldade entender e classificar Preto Massa. Finalmente o vocalista encontrou o meio termo entre o berro do rock de A Quebrada e a melodia de Chinelo de Dedo, mas me incomoda que ele tenha precisado de uma música não autoral pra isso. O arranjo, por outro lado, ficou ótimo, mas incrivelmente genérico, e eles claramente foram privilegiados pelo pimp spot invertido do SuperStar – a partir de agora, ser a primeira banda (ou uma das primeiras) a se apresentar é um privilégio e dos grandes, porque não rola a justificativa do “dei não pra defender fulano” e a votação é puro gosto. E Preto Massa não tem, ao meu ver, a gostabilidade que vá fazer os jurados e parcela siginificativa do público votar não em outra banda só para vê-los seguir. Acho que Preto Massa não terá vida muito longa, não porque não sejam competentes, mas por causa do formato do programa em si. Vide a votação desse episódio (68%), que, ainda que não tenha sido ruim, não foi tão expressiva.

Fulô de Mandacaru – No Dia que Eu Saí de Casa / O Canto da Ema / Óia Eu Aqui de Novo

Semana passada eu disse que suspeitava que Fulô de Mandacaru seriam os azarões da temporada. Cada vez mais confirmada a hipótese. Ao contrário de, por exemplo, Preto Massa, sobram na gostabilidade e no carisma, sem em (quase) nenhum momento demonstrar problemas. Ok, a intro com No Dia que Eu Saí de Casa ficou aleatória à vera, o rapaz deu uma enrolada do tipo que não dá pra definir se ele disse muito rápido ou se esqueceu a letra, e essa não foi a melhor apresentação, mas não importa tanto. Fulô é uma banda que se garante, como eu disse, no carisma antes da competência, e isso eles têm de sobra. É uma versão menos cool de Os Gonzagas – e que tem tudo para dar tão ou mais certo que eles.

Negra Cor – Sossego / Uptown Funk

No meu aniversário eu quero os arranjos de Negra Cor de presente. Como que mistura as coisas tão naturalmente, gente? Eu fico impressionado. Uma pena que os vocais não sejam tão marcantes e o vocalista não seja lá um poço de carisma, senão a banda poderia ter uma vida longa no programa (não, eu não acho que vá ter – mas espero estar enganado). Sossego ficou razoável, mas Uptown Funk ficou agudo demais pra ele, e ainda tinha a questão dele no inglês que não era lá dos melhores. Isso em nada diminui o arranjo, que coroa essa ‘mistura’ que Negra Cor vem vendendo de maneira totalmente efetiva e satisfatória desde o início do programa. Só fico curioso para ver como eles fariam isso de forma original e/ou sem medleys e mashups, que pode ser a diferença entre uma eliminação precoce e uma, por exemplo, semi final. Só fiquei com uma dúvida: o tamborim era base? Porque eu só vi dois pandeiros e tinha certeza de ter ouvido um tamborim (e até uma cuíca) que não estavam em lugar nenhum do palco. Pode isso, Arnaldo?

POWERTRIP – Satisfaction

CANCELA O ARRANJO DE NEGRA COR E ME DÁ O DE POWERTRIP!!! Que arranjo abençoado pelos deuses da música, rolou até início de samba! E os vocais agressivos dele também acharam o tom e foram coroados por esse arranjo que eu vou repetir QUE ARRANJO BOM. Cheers pro baterista que, a cada semana, faz um trabalho melhor, e a gente esquece de mencionar. POWERTRIP tá se saindo melhor que a encomenda – e a recepção do público tá mais ou menos confirmando isso.

Katarinas – Suíte 14

[ALERTA TEXTÃO] Minha nossa senhora, o que foi isso? O SuperStar geralmente não sofre de um dos problemas mais comuns dos realities musicais – escolha errada de música. Isso porque a) as bandas têm uma identidade mais marcada que atos solo, tendo feito shows de cover com alguma frequência e/ou tendo seu próprio trabalho autoral; e b) a autonomia da banda no programa é muito maior, sem nenhuma espécie de “mentor”responsável por escolhar o material que a banda vai apresentar. Só que Katarinas conseguiu ESCOLHER ERRADO. 2 vezes aliás. Não é como se elas fossem potenciais vencedoras, mas disso para material de queima em top 16 é caminho demais, e elas definitivamente não eram nenhum dos dois extremos. Depois do princípio de desastre em Hello, sugeri (assim como Sandy, de maneira mais sutil que eu) que elas voltassem para a farofa. MAS NÃO ASSIM AMOR! Os vocais individuais, já não o ponto forte da banda, estavam fraquíssimos e desafinaram assim que a coreografia começou. As harmonias, ainda que funcionassem, não foram o suficientes para evitar o desastre que estava em curso. E a coreografia/dramatização ultrapassou alguns limites do ok, com carões simplesmente desnecessários e até inadequados. Sem contar no “rap” que, se com Guimê já incomoda, com as garotas não houve sinal de melhora. Uma pena ver Katarinas deixar a competição tão cedo, porque elas certamente tinham MUITO potencial para fazer uma temporada brilhante, como acts diferentes do indie pop e do rock engessado que esse programa já cansou de ver. Vou ver a audição maravilhosa delas mais umas 100 vezes para esquecer esses 2 desastres que foram essas apresentações.

Melim – Avião de Papel

Melim passou pela prova definitiva de competência, que é fazer uma boa porfermance, coerente com o resto das apresentações, só que autoral. A música tem a cara dos três, tem a malemolência e o relax que os botaram na lista dos favoritos. E botaram uma letra bastante interessante numa melodia relativamente genérica, o que já é metade do caminho pra se fazer um hit de sucesso. Cheers pro uso individual da voz dos três – primeira vez que não considero a voz dos meninos, que é tão boa quanto a dela, subutilizadas – e principalmente pras harmonias, que refletem a conexão deles no palco e são uma gracinha. Hoje, Melim é um candidato fortíssimo.

Gringo’s Washboard Band – Negro Gato /Sweet Home Chicago

Eu já adianto que nunca gostei de Gringo’s e tenho meus motivos. A banda é incrivelmente competente, essa retomada do jazz nova-orleanesco soa muito agradável, mas existe um caminho absurdo entre tudo isso e o funcionamento da banda num reality como o SuperStar. Eu totalmente ouviria um álbum deles, mas sinto que falta um carisma, um elemento de convencimento, para que o público de fato simpatizasse com a banda. Porque no fim das contas, reality é antes empatia que talento. Tudo isso somado a um medley que não foi dos melhores e uma performance vocal eventualmente desafinada eliminou a banda ainda tão cedo. Não queria dizer que foi justo, mas não dizê-lo seria não entrar no mérito de que o SuperStar é uma competição, e não um festival.

Alphazimu – Nos Barracos da Cidade

Às vezes eu fico impressionada com certas escolhas que o Brasil faz. Nunca esperei que Alphazimu seria um dos finalistas, mas imaginei que essa eliminação não seria tão precoce. Talvez a escolha de uma música não tão conhecido no repertório nacional tenha aumentado a exigência dos votantes, mas nada justifica. Foi uma performance estonteante? Não. Teve problemas de afinação e o arranjo, marca da banda, estava bastante simplório. Mesmo assim, foi bem melhor do que uma performance “abaixo da média” e Gabi, que finalmente ignorou Sandy e se jogou no dueto com o boy (isso pode ter sido um fator também, o boy não convence tanto quanto ela), tendo seu melhor dia. Uma pena ver Alphazimu saindo tão cedo.

Plutão Já Foi Planeta – Mesa 16

Plutão Já Foi Planeta está seguindo uma técnica muito valorosa que é a de fazer um caminho totalmente autoral no programa. Valorosa porque já os dista da maioria das bandas e principalmente dos seus concorrentes de nicho, que já apostaram em covers ao menos uma vez. Por outro lado, é muito fácil acontecer um efeito (que já aconteceu pelo menos 3 vezes no SuperStar brasileiro) que eu gosto de chamar de Efeito do Primeiro EP: por não ter um repertório tão extenso, a banda acaba escolhendo as músicas autorais dos primeiros trabalhos que, geralmente, soam muito parecidas, e a banda acaba eliminada por outras bandas que trazem algo novo e, numa votação literalmente instantânea, ganham o voto do público pelo fator surpresa. As letras de Natalia (segunda vocalista que eu lembro o nome) e sua patota seguem essa formulinha narrativa da nova MPB e são bem legais, além de estarem super coerentes com o que uma determinada galera anda curtindo. Mas, dentro do contexto da competição, é bom abrir olho. O Efeito do Primeiro EP é bastante perigoso.

Samba de Donanna – Aviso Aos Navegantes / Loving Every Minute

Assim como é triste a saída de Alphazimu, é também triste a saída de Samba de Donanna, que traziam uma perspectiva bastante singular da cultura brasileira pro programa e não eram enfadonhos nisso. E dessa vez não tem nem a justificativa da música não tão conhecida porque as DUAS músicas são beeeem mais que conhecidas. A questão é que os vocais dela não estavam num dia muito bom e, considerando o histórico de votações pouco expressivas da banda, não havia muito o que ser feito. A performance foi legal, divertida, mas ficou devendo no aspecto técnico mesmo – e o público acaba sentindo isso e não se sentindo impelido a deslizar a setinha azul. Uma pena, mas é o que tem pra janta.

OutroEu – Dona Cila

Eu aposto que tem gente que não concorda comigo, mas eu acredito que OutroEu não sofra do Efeito do Primeiro EP. Não sei a quantas anda a carreira deles na indústria, mas pra mim é claro que, no programa, eles já flertaram com outros gêneros, mesmo que sempre dentro do leque desse popzinho despreocupado que é claramente a zona de conforto deles. Ainda não é uma coisa nível POWERTRIP, mas não é algo que configure um problema, como suspeito acontecer com Plutão. De qualquer modo, foi mais uma performance na caixinha, competente, torneada por um arranjo simples e belas carinhas de bom moço – e, pra votação instantânea do SuperStar, é isso que precisa. Ponto pros outros dois, que deram uma ótima textura na música com os vocais de apoio!

Valente – Insossego

A essa altura, quem lê as reviews já deve ter percebido que eu não gosto de Valente. Acho os vocais muito fracos, os arranjos muito simples, e não vejo nada de diferente que possa compensar a falta dos dois. Mas, por algum motivo que eu ainda estou em processo de decifrar, público e jurados gostam muito da banda. Provavelmente foram convencidos pelas letras a lá Supercombo ou pelo baixista – que, ao contrário do vocalista, tá sempre animadão -, mas tá tudo bem. Eu ainda vou entender qual é o meu problema (ou o de todos vocês). É isso o que eu tenho a dizer por ora, desculpa.

Playmobille – Dama de Áries

É ISSO QUE EU CHAMO DE CARISMA MINHA GENTE. Levar Playmobille pra casa e guardar num potinho <3!! Sobrou vontade de cantar, de fazer a música – uma belíssima composição – chegar nas pessoas. Muito bom. Vocais gostosos e dinâmicos, arranjo rockzinho de leve gostosinho, e uma das melhores presenças de palco da história desse programa. Só não classifico como um wow moment porque a votação não foi lá tão espetacular (foi sim!! <3)

Bellamore – Love Me Again

Tenho que admitir que não estava levando Bellamore muito em conta não. As performances anteriores, ainda que muito boas, passaram meio batido nas minhas considerações. Nessa a coisa mudou um pouco de rumo. Em primeiro lugar, a escolha da música foi excelente, não só porque Love Me Again é uma canção maravilhosa mas porque ela permite uma espécie de desafio pra quem tá cantando. O vocalista fez um ótimo trabalho – ainda que eu senti uma mimetização do Newman de vez em quando – e o arranjo, não tão fiel ao original, segurou bem o conjunto. Foi até um  principiozinho de wow moment! Ao contrário de Playmobille, que é uma banda descolada, Bellamore é uma banda forte, ou como diria Ludmillah Anjos da primeira temporada do The Voice Br, é uma banda PAH!! Por enquanto me convence.

Pagan John – Inesperado

Pagan John está passando por um processo semelhante ao de Plutão Já Foi Planeta. O Efeito do Primeiro EP chega pra todo mundo (que faz um EP pelo menos), e Pagan John investe tanto nessa mesma pegada que eu nem sei se acredito mais no potencial da banda de levar esse prêmio. Ainda assim, foi uma boa performance, de uma composição legal – mas dentro desse mesmo perfil narrativinho da nova MPB. Tem a justificativo “em time que tá ganhando não se mexe”, mas o que é ganhar num episódio em que 2/3 dos competidores simplesmente não são eliminados. Não sei. Vamos esperar.

Georgia – Natural Woman

Eu leio Natural Woman e já me vem na cabeça as duas milhões de vezes que eu vi essa música ser destruída em palcos de realities (e as 4 em que a vi justamente celebrada). Não sei em qual dos dois essa apresentação de Georgia se encaixa. Assim, os vocais foram bastante sofríveis, com alguns problemas de afinação meio complicados e com esse tom embargado desde o começo, o que prejudicou um pouco minha avaliação. Mas o agudo, e, principalmente as harmonias, funcionaram incrivelmente bem. A vocalista principal já fez performances vocais muito boas (melhores do que essa) então não me preocupo tanto, por ora. Mas já acende um sinalzinho de alerta na minha cabeça. Apesar de que o público tá gostando bastante, aparentemente (ou a votação expressiva foi só uma maneira de assegurar que, finalmente, Gringo’s fosse para casa).

Com o fim do programa, sacramentou-se a eliminação de Gringo’s Washboard Band, Alphazimu, Katarinas e Samba de Donanna. Motivos e desmotivos já foram discutidos aqui (#VoltaAlphazimu), e é hora de seguir em frente. Qual a melhor maneira de fazer isso? RANKING! Ah, como eu amo o ranking! Não, não o do programa, que têm muitas variáveis que não nos cabe levar em consideração sempre (a votação é fucking instantânea), até porque elas mudam toda semana. É meu ranking, arbitrário, subjetivo e de pouquíssima relevância, mas totalmente adequado a uma review, hehe. Vamo lá então:

12º – Preto Massa: Foram privilegiados pelo pimp spot às avessas e ainda assim tiveram uma votação baixa. Além de aparentemente terem se estabilizado num formato que, se não evoluir e provocar momentos marcantes, não vai rolar.

11º – Valente: Do fundo do coração, alguém me explica porque vocês curtem tanto Valente? Eu ainda prefiro acreditar que, numa situação mais competitiva, as coisas mudem de rumo.

10º – Georgia: Não sei até que ponto uma banda ‘vocal’, nesse formato, vá conseguir se dar bem na competição. Se ela berrar um pouquinho mais e melhor, sobe no ranking. A gente ama gente que berra.

9º – Negra Cor:  Tá aqui só porque não tá empolgando tanto. Mas vejo um pouco mais de futuro ainda.

8º – Pagan John: Não sei vocês, mas eu não tô começando a riscar o nominho da banda da lista de preferidos. Não sei, acho que tem coisa mais legal acontecendo.

7º – Fulô de Mandacaru: Estava numa curva ascendente impressionante, mas deu uma leve estabilizada – nos números e na performance. Pode ser a síndrome d’Os Gonzagas?

6º – POWERTRIP: Também está numa curva ascendente entregando performances incríveis. Mas vocês me desculpam se eu disser que acho difícil uma banda de hard rock vencer um reality desse naipe (e no Brasil)?

5º – Melim: Eles são uns fofos, uns amores, umas coisas lindas. Mas acho que, na hora do vamo ver, eles vão precisar de um pouquinho mais de PAH nesse amorzinho todo.

4º – OutroEu: Tem nem o que falar, só sentir. Sempre melhorando e sempre cativando com essas carinhas de bom moço.

3º – Plutão Já Foi Planeta: Terminaram a audição como favoritos, mas o Efeito do Primeiro EP me preocupou de verdade. Por enquanto, não acho que tenham muitos riscos, mas já estamos no top 12!!!

2º – Bellamore: Pode ter sido um movimento ousado colocar a banda na vice-liderança, mas a evolução da banda me surpreendeu muito. Vai ter que dar ~o sangue~ para manter a posição.

1º – Playmobille: Sei que eu vou ser bastante criticada pelo Brasil inteiro, mas tô bastante impressionado com Playmobille. A banda tem a cara do domingo à tarde, e isso não traz nenhum demérito. E mais: não vejo nenhum Lucas e Orelha correndo por fora (ainda), o que facilita definir o topo do ranking.

Por enquanto é isso. Um beijo pras Katarinas!!

Sobe o Ranking 1: Desespero de Fernanda Lima de provar que não tem rixa com a Sandy e chamando ela quase toda hora. Pelo menos as abobrinhas de Paulo Ricardo ficam em segundo plano.