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Survivor Second Chance – A temporada até aqui

Por: em 5 de dezembro de 2015

Survivor Second Chance – A temporada até aqui

Por: em

Faltam só mais dois episódios pra uma das melhores temporadas de Survivor chegar ao fim. Cambodia surgiu criando expectativas, gerou mais expectativas, atendeu expectativas, e é só a Kimmi não ganhar o título de Sole Survivor que as minhas expectativas pra essa reta final provavelmente também vão ser atendidas. Mas o fato é que pra uma temporada ser considerada tão boa assim antes mesmo de se encerrar, muita coisa tem que ter acontecido nos episódios já exibidos. E uma das melhores formas de entender melhor como esse Final 7 chegou até aqui é colocando a memória pra refrescar e recapitularmos um pouco do que aconteceu nesses últimos 3 meses.

Uma das características mais marcantes dessa temporada está sendo a relevância dos voting blocs no desenrolar das estratégias. Não é um estilo de jogo inédito, mas se destaca nessa temporada por ter sido batizado e discutido abertamente. Cambodia, por influência forte do Fishbach, é uma temporada extremamente metalinguística — o tempo todo se discute os comos e porquês de estratégias que, mesmo enraizadas no jogo já há algumas temporadas, nunca tinham sido tão abertamente discutidas dentro dos próprios episódios. Essa é a primeira peça que podemos usar pra entender a grande singularidade dessa temporada: alianças fortes se formaram, se dividiram, se quebraram e se reagruparam, mas a forma como tudo isso esteve sempre escancarado entre os próprios jogadores é algo que pode fazer Survivor realmente evoluir em edições futuras.

Episódios 1 e 2 – Second Chance e Survivor MacGyver

Como os dois primeiros episódios tiveram derrotas da Ta Keo, a principal influência desse começo de temporada no Final 7 envolve os jogos de Kelley, Abi e Spencer. A eliminação do Vytas foi orquestrada pela Shirin, que consequentemente se tornou um alvo no episódio seguinte por ter tentando fazer um big move cedo demais. A apreensão da galera old school e a imprevisibilidade da Abi fizeram meu anjo de luz (QUE SAUDADES DE VOCÊ, SHIRIN) sair cedo demais e de cara mexeu drasticamente com as estratégias de Kelley e Spencer. Principalmente do Spencer, que por pouco não foi eliminado. A Kelley teve bastante jogo de cintura em conseguir mudar de lado antes de se tornar um alvo (além de ter sido incrível encontrando o idol sem ninguém desconfiar), mas Spencer corria sério risco de sair do jogo no episódio seguinte, não fosse pela primeira tribe swap logo em seguida.

Episódios 3 e 4 – We Got a Rat e What’s the Beef?

O ponto forte de Spencer foi saber aproveitar muito bem essa sorte da mudança de tribos. Ele era uma aliança fácil pra Stephen, Jeremy e Kimmi na nova Bayon, já que ele não tinha mais nenhum aliado no jogo. Só que cultivar essa aliança e conquistar a confiança deles foi crucial pra eventual grande jogada que o Spencer acabou armando: o blindside no Stephen. Mas isso é bem mais pra frente. O mais importante desses episódios foi a criação da terceira tribo, Angkor — uma das provas incontestáveis de que mesmo bons jogadores nunca estarão imunes à imprevisibilidade do azar em Survivor. É muita sacanagem sair de um acampamento prontinho e ser obrigado a montar um outro completamente novo em um lugar ferrado e sem comida. Não foi à toa que eles foram ao tribal council duas vezes seguidas. E nas duas ocasiões a Abi controlou a eliminação. Eu realmente não sei o que comentar sobre o jogo da Abi, porque eu não sei explicar exatamente como ele funciona. Ela é imprevisível e paranoica, mas menos louca do que a edição faz parecer e bem mais consciente das alianças que tem que fazer pra não ser eliminada. (Mas ela é um pouco louca, sim.) (SE NÃO FOSSE POR ELA, EU AINDA TERIA SHIRIN.)

Episódio 5 – A Snake in the Grass

Kimmi e Monica apareceram pela primeira vez pra discutir a extinção de espécies da vida marinha. Se Survivor fosse um drama, esse seria o episódio solto da temporada, que foca no coadjuvante ainda misterioso. Mas em vez de ser interessante, só serve pra quebrar o ritmo da trama principal e pegarmos raiva do personagem. PORÉM. Quem é fã de verdade teve paciência e hoje pode aproveitar o verdadeiro pay-off: Kimmi tentando ganhar relevância no Final 7 usando justamente a estratégia que eliminou a Monica.

Episódio 6 – Bunking with the Devil

A eliminação desse episódio, de novo, teve o dedo da Abi (porém a jogada foi toda da Ciera), mas eu quero mesmo é destacar a loucura de se ter mais uma tribe swap um episódio antes da merge. São muitas alianças mudando de acampamento rápido demais e essa é uma característica importante pros voting blocs terem sido bem sucedidos. O laço das alianças originais ficou um pouco mais fraco, já que as pessoas passaram menos tempo juntas. E conhecer outros participantes a cada swap criou oportunidades de surgirem novas relações sólidas o suficiente pra serem exploradas no futuro. Mesmo que essas relações não tenham sido expostas durante a edição. Além disso, mais uma vez Spencer quase foi eliminado, sendo salvo pela Kass — swing vote desse tribal council.

Episódio 7 – Play to Win

Merge inédita com 13 pessoas!!!!! Esse episódio consolidou de maneira bem firme a aliança Abi-Wentworth-Ciera. E prova como o Spencer acertou em se aliar com o pessoal da Bayon lá no terceiro episódio. Enquanto as 3 meninas se tornaram alvo fácil diante da eliminação da Kass nesse episódio, Spencer pôde fugir pro lado da maioria e foi nesse momento que ele finalmente conseguiu construir um certo grau de segurança no jogo. Também foi aqui nessa pós-merge que o Joe confirmou o tamanho da sua ameaça como jogador físico. É fora do comum o quanto ele é bom emchallenges e eu total acho que ele só não venceu mais alguns porque a temporada até então está desproporcionalmente favorecendo provas que focam em equilíbrio. Nessa altura do jogo, o Joe ainda era um ótimo escudo pro Jeremy, que mantinha seu jogo fora dos holofotes com certa maestria. Ele tinha uma aliança forte com alguém confiável e que valia a pena defender (Stephen), tinha uma aliança maior relativamente sólida (Savage, Tasha e Kimmi), tinha o restante do pessoal original da Bayon + agregados (Keith, Joe, Kelly e Spencer), e pra fechar ainda tinha um idol. É um domínio enorme do jogo e por mais que eu só tenha conseguido alimentar um resquício de simpatia por ele no episódio duplo mais à frente, não dá pra não admirar o jogo que ele construiu.

Episódio 8 – You Call, We’ll Haul

Kelley se estabelecendo como uma das rainhas de Survivor. Ter mantido o segredo do idol revela 1. a habilidade de manter um segredo importante pra cacete por tanto tempo e 2. a capacidade de construir alianças e confianças exclusivamente através do seu jogo social. Isso é mais importante do que nunca agora no Final 7, porque sua situação com o idol é exatamente a mesma. Além disso, também foi o jogo social que fez com que ela soubesse que aquele era o momento certo de usar o idol. E a controvérsia da não-divisão dos votos fica ainda mais complexa agora que a gente conhece o lado oposto da moeda (a votação que resultou na eliminação do Stephen). O blindside no Savage foi o primeiro baque da aliança da Bayon.

Episódio 9 – Witches Coven

Mas longe de ter abalado completamente a estrutura da aliança, já que os números ainda eram enormes. Tanto que Stephen aproveitou a oportunidade para se a aliar às 3 meninas e armar oblindside pra cima da Wigles. Como o Stephen exigiu muita confiança do Jeremy e do Spencer nesse voto, dá pra ver como esse episódio foi crucial pra jogada do Spencer alguns episódios adiante. É engraçado também como a Wentworth tá claramente numa situação ruim em relação aos números, mas não aparenta fraqueza. Ela veio forte do último tribal council e conseguiu se posicionar bem como alguém disposta a fazer jogadas com quem estivesse interessado. Ela é tão underdog quanto o Spencer, talvez até mais, mas o seu jogo parece muito mais confiante e determinado, e eu imagino que isso possa influenciar muito positivamente num Final Tribal Council se for usado sem arrogância.

Episódios 10 e 11 – Like Selling Your Soul to the Devil e My Wheels Are Spinning

Stephen total é o meu jogador dessa temporada. Por mais que eu ame assistir Kelley e Abi e Ciera e etc, a paranoia e o medo e as estratégias e os choros… tudo que o Stephen fez me deixava empolgado assistindo. Mas eu não fiquei arrasado com a sua eliminação igual eu tinha ficado com a da Shirin, porque o Stephen teve a chance de jogar tão tão tão intensamente. Ele passou por quase tudo que esse jogo pode proporcionar, e ser eliminado usando a própria vantagem foi poético de um jeito que combinou muito com a sua trajetória na temporada. E o mais impressionante: Stephen me fez achar aceitável uma possível vitória do Jeremy. Eu AMEI a forma como o Jeremy usou o idol. Aumentou uma confiança que já existia pra níveis VOTO-CERTO-SE-FOR-PRA-FINAL e ainda tornou impossível que alguém desconfiasse do seu segundo idol. Estratégias à parte, o que também me deixou encantado foi o Survivor Folklore. Ao mesmo tempo em que é incrível só pelo fato de ser uma das provas mais clássicas de Survivor, eu achei impressionante como o programa pode se beneficiar com uma mudança simples, como foi essa prova à noite. A gente acompanha Survivor tão focado na questão do jogo e dos participantes, que me pegar surpreso desse jeito com os níveis de produção era algo que eu não sabia que sentia falta. Sair um pouco da rotina é algo que faz bem pra qualquer coisa exibida na TV.

Episódio 12 – Tiny Little Shanks to the Heart

E finalmente ficamos em dia com o episódio dessa última quarta-feira. Joe perder a segunda imunidade seguida deixou muito difícil evitar que ele fosse eliminado, então a principal questão dessa semana é saber se a aliança feminina realmente pode ir pra frente. Recapitular os episódios dessa forma me deixou um pouco triste em perceber como a Tasha tem pouca influência nas jogadas da temporada. O jogo dela foi bem relevante na época da Angkor, mas só. De resto era estar na aliança certa na hora certa. E nem isso é suficiente, já que várias vezes ela se pegou blindsideada pela própria aliança. Tasha é uma participante inteligente, mas numa temporada em que as pessoas procuram tanto se destacar, o seu jogo seguro provavelmente se tornou bem ineficiente. Ela pode chegar na final, mas tem que contar com condições bem específicas pra ganhar o jogo.


Ufa, acabou.

Falei da Kelley, da Abi, da Tasha, da Kimmi, do Jeremy, do Spencer e… É. Não falei do Keith. Mas eu amo o Keith. Eu acharia PERFEITO se depois de uma temporada estratégica como essa ele ganhasse o título de Sole Survivor. De verdade. Eu tô amando tanto essa temporada que eu realmente vou ficar feliz com a vitória de qualquer um.

MENOS DA KIMMI.


Guilherme Peres

Designer

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita:

Não assiste de jeito nenhum:

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