Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Switched at Birth – 4×12 How Does a Girl Like You Get to Be a Girl Like You

Por: em 2 de setembro de 2015

Switched at Birth – 4×12 How Does a Girl Like You Get to Be a Girl Like You

Por: em

“The world looks at both of us and thinks, ‘oh, how sad.’ But it’s not sad. It’s just different. […] But I don’t want you to think that different equals worse. It’s just different.”

Switched at Birth é uma série linda. Provavelmente já mencionei isso um milhão de vezes nas minhas reviews e tenho certeza que todos que acompanham esses quatro anos já chegaram a mesma conclusão. Ainda assim, não consigo encontrar outra forma de começar esse texto. Se semana passada reclamei que o episódio foi parado, não posso nem de longe dizer o mesmo de How Does a Girl Like You Get to Be a Girl Like You. O décimo  segundo capítulo da temporada foi repleto de acontecimentos e levantou um milhão de questões interessantes e polêmicas. Lembrando como a série é corajosa e não tem medo de falar sobre tabus, sempre com muita competência e sensibilidade.

O episódio começou do exato ponto em que havia parado e a conversa entre Daphne e Lily fez com que a britânica finalmente reunisse coragem para conversar com Toby. A reação do rapaz não poderia ter sido pior, tanto que a ex-namorada, completamente ofendida, foi embora sem lhe contar que estava grávida de uma criança com Síndrome de Down. Coube a Daphne fazer a revelação ao irmão e, a partir daí, tudo ficou mais interessante.

Sejamos honestos, Toby sempre foi o personagem com as piores storylines da série. Dessa forma, vê-lo em um drama realmente tocante é maravilhoso. Incrível também vem sendo a atuação de Rachel Shenton. Até poucos episódios atrás Lily estava longe de ser uma personagem com destaque, ou amada pelo público. A garota era basicamente mais uma namorada do Toby e só isso, mas agora ela consegue roubar a cena com seu drama e a atriz não tem decepcionado.

Lily encontra-se completamente perdida e vulnerável, é fácil entender sua situação e se solidarizar. A decisão que deve tomar está longe de ser fácil. No meio de tudo isso Toby também entrou em pânico e quem pode culpá-lo? Ele é jovem e mal consegue se sustentar. A gravidez não estava nos planos de nenhum dos dois, que sequer continuam um casal. Sentir medo e ter dúvidas sobre a capacidade de serem pais de uma criança com Síndrome de Down é compreensível, assim como o fato de cogitarem um aborto. No entanto, a hipótese não deixa de ser chocante e soar cruel. Não é uma decisão fácil e é possível perceber que se optarem por ela será algo extremamente doloroso, especialmente para Lily, que já enxerga um pouco o irmão na criança.

Quem também se enxerga na situação é Daphne e isso ficou claro em suas conversas com Tobby e Mingo, que foram os melhores momentos do episódio. Para quem não possui nenhuma deficiência pode parecer que a vida de quem as tem é muito complicada, contudo não é necessariamente assim. Alguns ajustes são necessários, mas isso não torna a vida pior. Outro ponto importante levantado foi a pena que se sente dessas pessoas, enxergamos  tudo o que é diferente como algo triste, mas isso está longe de ser verdade.

Esse tipo de tapa na cara é uma das coisas que mais amo na série. Ela nos faz ver as situações por outras perspectivas e descobrir preconceitos que nem sabíamos que tínhamos. O mesmo ocorreu com Mingo, que ganhou ainda mais meu coração tentando aprender a língua de sinais. O garoto está longe de ser perfeito e, como ele mesmo disse, eventualmente irá cometer erros e dizer coisas estúpidas, mas está tentando e parece disposto a aprender tudo sobre esse outro mundo. Tenho gostado muito do casal improvável, bem ao estilo os opostos se atraem, que ele e Daphne estão formando. Além disso, o rapaz já é de longe o namorado da ruivinha de que mais gostei.

Enquanto isso, Bay continuava sentindo as consequências do estupro. Adorei o fato de não terem simplesmente deixado isso de lado. Mais do que impactos no relacionamento, toda a situação trouxe inúmeras questões internas. Ninguém é capaz de entender o que ela está sentindo e não querer ser definida pela experiência é completamente compreensível. A última coisa que ela precisa é de pessoas a julgando, mas isso acontece o tempo inteiro.

Há quem a chame de estúpida, ou puta, aqueles que a acham incrivelmente corajosa e os que sentem pena e enxergam como frágil e vulnerável. Ela não quer nada disso e todas essas opiniões, de gente que nem a conhece, não torna nada mais fácil. Ninguém quer ser definido pela pior coisa que já lhe aconteceu e somos muito mais do que as consequências de um evento traumático. Mais uma vez a série é incrível por mostrar esse lado e como todos temos o péssimo hábito de criar rótulos para as pessoas.

Outro ponto positivo foi a revelação que Travis havia sido abusado quando criança. Comentei semana passada que estava adorando a amizade entre ele e Bay e isso só tem crescido. A Kennish foi a primeira pessoa para quem ele contou o que aconteceu e creio que o fato de compartilharem essa experiência traumática irá os unir ainda mais. Além disso, a série toca em outra questão importante. Não apenas abuso infantil foi discutido ali, mas abuso de crianças surdas que, supostamente, não conseguiriam contar nada a ninguém. No caso de Travis isso era uma verdade, pois, mesmo se quisesse contar alguma coisa, não conseguiria, já que sua família não sabia sinais. O garoto cresceu sendo negligenciado de todas as formas e isso reflete bastante em sua personalidade fechada. Honestamente, espero que essa questão continue sendo trabalhada nas próximas semanas, pois é algo muito importante para ser apenas comentado.

No meio de tudo isso, os problemas financeiros dos Kennish têm se tornado ainda mais evidentes e eu só consigo ficar irritada com John, que insiste em fazer tudo sozinho e não contar a ninguém o que está acontecendo. De qualquer forma, How Does a Girl Like You Get to Be a Girl Like You foi um episódio incrível, mostrando que Switched at Birth é uma série boa, mas que se torna excelente quando escolhe abordar assuntos sérios e constantemente ignorados.


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

×