Após uma terceira temporada irregular e considerando a completa mudança pela qual os personagens passariam, não tinha grandes expectativas para esse quarto ano de Switched at Birth. Sabia que, independente de qualquer coisa, a série sempre seria uma das minhas queridinhas, mas realmente não esperava uma temporada tão maravilhosa quanto essa. A trama começou lenta e despretensiosa, mas ao longo dos episódios foi mostrando a que veio e consolidando essa como uma das melhores temporadas exibidas pela série. To The Victor Belong The Spoils seguiu a linha que temos visto há algumas semanas. Após um ou dois episódios mais lentos, ganhamos um terceiro impecável, abordando questões que geram reflexão e iniciando plots que repercutirão pelos próximos “capítulos”.
Mais uma vez tivemos questões que, de uma forma ou outra, abordavam a misoginia. Fico sempre feliz quando isso acontece e, pela milésima vez, elogio a iniciativa de se abordar essa temática em uma série com um público majoritariamente jovem. Acho interessante como novamente a universidade esteve, ainda que indiretamente, envolvida. Como universitária sei como esse é um ambiente paradoxal. Ao mesmo tempo em que gera reflexão e problematiza, está sempre repleto de comportamentos machistas, seja por parte dos professores, alunos e, por vezes, até da própria instituição.
No caso da série, veio por parte de um aluno extremamente babaca, vendendo camisetas com frases sexistas e que depreciavam as mulheres de um milhão de formas diferentes. Uma delas inclusive fazendo apologia ao estupro. Para completar a situação, a camiseta contava com uma arte de Bay – a famosa Garota do Machado – como estampa. O que indignou totalmente a garota e fez com que não parasse até acabar com o negócio do rapaz.
No meio disso, tivemos também o rompimento definitivo de Bay com sua obra mais antiga, em uma excelente metáfora para o amadurecimento da garota. A Garota do Machado foi criada há quatro anos e teve grande importância na vida da menina e de seus amigos. Ainda assim, por uma série motivos, acabou perdendo seu significado e deixando de fazer sentido. A garota forte e independente do desenho acabou transformada em uma “vagabunda”. Mais do que um paralelo a vida da Kennish, que foi tachada da mesma forma, é uma representação desse momento mais vulnerável em sua vida. Bay já não é a garota indestrutível com um machado, mas também está longe de ser o rótulo que lhe foi atribuído. Chegou a hora de se redescobrir e começar algo novo. Pelo fim do episódio podemos perceber que é o que ela pretende fazer.
Enquanto isso, Daphne tentava arrecadar uma quantia de dinheiro para ajudar no projeto que indiretamente ajudou a criar no México. Mingo mais uma vez se mostrou um fofo, se empenhando para ajudar a namorada na tarefa. Ainda assim, o fantasma de Quinn ainda paira sobre os dois, ameaçando o casal mais fofo que a série tem tido há temporadas.
Por fim, tivemos o retorno de Lily, com barriguinha e tudo, e Toby. Dessa vez, os problemas eram dois: primeiro o ciúmes do rapaz, segundo a vontade da garota de voltar para Londres. O último tópico é completamente compreensível. Lily está grávida, em um país estrangeiro, sem amigos, ou família. Em qualquer situação querer ir para casa seria compreensível, considerando a experiência dos pais dela e suporte que podem oferecer na criação do filho é ainda mais fácil entender o lado da moça.
É claro que Kathryn e John não ficaram satisfeitos, mas, após algumas brigas e uma conversa honesta, Toby resolveu se mudar com a namorada, deixando os pais sem ação. A decisão faz sentido, mas precisamos assistir aos próximos episódios para saber o que acontecerá efetivamente. De qualquer forma, To The Victor Belong The Spoils apresentou um desfecho incrível, com direito a créditos silenciosos para gerar mais tensão, e aumentou significativamente nosso desejo pelo próximo episódio.
