Não sei há quanto tempo estou pensando em como começar essa review. Há alguns anos Switched at Birth conquistou um lugar único no meu coração e se tornou a minha queridinha. É tanto amor envolvido que costumo perdoar qualquer equívoco da série e me deliciar com os episódios de qualquer maneira. Ainda assim, é necessário pontuar que A Mad Tea Party foi um tanto quanto decepcionante. Não acho que tenha sido um episódio ruim e vários temáticas de grande relevância foram trabalhadas, contudo, senti que alguma coisa ficou faltando e o ritmo lento não ajudou. Fatos que se tornam mais incômodos quando se considera que esse é penúltimo episódio da temporada.
De qualquer forma, a calmaria da semana passada foi interrompida quando Hope “sequestrou” um Will (ou seria Keon?) que estava sobre os cuidados de Bay. A mulher ainda chantageou Regina, pedindo dinheiro para não entregar a localização de Eric para a polícia. Ainda assim, talvez o maior impacto (indireto) de toda essa história tenha sido a forma como ela repercutiu em Bay. Após uma conversa com Daphne, a garota descobriu que a mãe biológica vinha mentindo e ocultando informações, mas não fazia o mesmo com a irmã. Fato que a deixou revoltada, com toda razão, diga-se de passagem. É claro, que é fácil entender o lado de Regina e perceber que suas atitudes não foram intencionais, mas a análise de todo o histórico entre ela e a filha também permite entender o lado da Kennish.
Quanto se trata de Regina, Bay se sente preterida em relação à Daphne. Por mais que as duas tenham se aproximado ao longo das temporadas, o relacionamento de mãe e filha entre as duas nunca chegou nem perto do construído entre Kathryn e Daphne e, em muitos momentos, a Vasquez parece se importa mais com a filha de criação que com a biológica. É óbvio que ela gosta e se preocupa com Bay, mas quando Daphne entra na equação algo sempre é desequilibrado e passa a tender para o lado da ruiva. Sendo assim, após o lindo discurso de Regina sobre sua experiência com a maternidade, tivemos Bay soltando todo ressentimento, que talvez nem soubesse, que alimentava há tanto tempo.
Enquanto isso, Lily tentava sobreviver ao seu Chá de Bebê, o que se tornou bem difícil graças às amigas de Kathryn e a professora de Daphne. Os comentários repletos de preconceito (disfarçado de boas intenções e simpatia) a respeito da Síndrome de Down foram terríveis de um milhão de formas diferentes, principalmente quando a doutora Marillo resolveu abrir a boca. A situação revoltante, no entanto, teve fim quando Kathryn assumiu o controle e não apenas discursou sobre a importância da diversidade, como colocou todo mundo em seu devido lugar, deixando claro que estaria ali para proteger Lily e o neto sempre que necessário.
Tal fato, assim como sua conversa com Bay, podem ter feito a inglesa perceber que não estaria sozinha e teria pessoas para apoiá-la caso resolvesse continuar nos Estados Unidos. Além disso, a preocupação da moça com sua carreira e o desejo de não desistir do projeto que ajudou Melody a construir pode acabar fazendo com que ela e Toby desistam da mudança.
Daphne, por sua vez, acabou reencontrando Shareen, uma de suas amigas dos tempos de escola. O encontro ocorreu em um momento chave, pois Marillo havia acabado de dizer à garota que deveria desistir da medicina, ao passo que sua amiga havia desistido da faculdade, por sentir que, por ser negra e bolsista, não se encaixava naquele ambiente. Dessa forma, Switched at Birth toca, ainda que superficialmente, na temática do racismo, focando, nesse caso, nas universidades. O assunto é de extrema importância e muito atual, por isso creio que a série poderia ter problematizado de forma mais ampla e detalhada. De todo modo, as duas meninas acabaram inspiradas a não desistir de suas ambições acadêmicas e talvez Shareen também volte a dar as caras.
Sendo assim, A Mad Tea Party está longe de ter sido um episódio ruim. Contudo, não conseguiu atender as expectativas e deixa a sensação que, embora essa temporada tenha sido ótima e repleta de episódios maravilhosos, faltou unidade à trama, que pecou pela não criação de clímax realmente interessante. Afinal, se na temporada passada a incerteza sobre o futuro de Daphne pairava no ar, nessa é uma possível prisão de Eric que entra em cena para causar tensão e, honestamente, quem se importa?