E The 100 entra em sua reta final com um season finale dividido em duas partes. E se há algum adjetivo capaz definir essa primeira metade de Blood Must Have Blood ele com certeza não é “previsível”. Afinal, assistir a uma traição por parte de Lexa não fazia parte de qualquer cenário remotamente imaginável e essas reviravoltas no roteiro apenas aumentam o meu amor por essa sério. Mas acho que estou me precipitando, então vamos pisar um pouco no acelerador e analisar com calma os eventos desse décimo quinto episódio.
Tudo começou em clima de guerra. Tínhamos um exército, distribuído em pontos estratégicos, um plano bem arquitetado e muita vontade de pagar sangue com sangue. Ainda assim, no meio do caminho alguma coisa mudou, para ser mais específica a lealdade de Lexa mudou. Após receber uma proposta do Mount Weather, em que todos os Grounders em seu domínio seriam libertados se a comandante desistisse do ataque, a mulher não pensou duas vezes antes de trair a confiança daquela por quem supostamente possuí sentimentos. Com isso, todo o plano de Clarke caiu por terra e chegamos a um contexto em que não faço ideia do que está por vir. Como toda essa situação será resolvida é um completo mistério para o qual só teremos resposta na segunda parte do episódio.
Ainda assim, e apesar da minha revolta, é possível entender o lado de Lexa, afinal, como ela mesma mencionou, o seu dever era com o seu povo e com o acordo ela encontrou uma forma de garantir a liberdade de todos os seus e se garantir que nenhum deles se machucasse. É claro, que não deixa de ser uma traição e, que isso aniquila qualquer possibilidade de um romance entre ela e Clarke, mas Grounders, especialmente Lexa, não são conhecidos por sua sensibilidade ou por seguir seu lado emocional. A razão vem sempre em primeiro lugar e, no momento, o mais racional e seguro era aceitar a proposta do Mount Weather.
Proposta, essa, que veio justamente do sempre enigmático Dante Wallace. O antigo presidente deixou claro porquê governou por tanto tempo aquele lugar e ainda jogou na cara do filho que em uma semana ele praticamente conseguiu extinguir seu povo e destruir tudo o que foi construído durante 97 anos. Confesso que gostei da cena e a atitude de Dante, assim como a de Lexa, apenas mostram que no mundo de The 100 não há limites éticos ou morais quando o assunto é a segurança de seu povo.
De qualquer forma, em meio a todos esses acontecimentos, há duas personagens que merecem destaque. A primeira delas é Maya. No episódio passado entendemos que esse seu lado revolucionário vem de sua mãe, que morreu por recusar o tratamento fornecido pelo Mount Weather. Isso deixa claro que ela sempre soube que tudo aquilo era errado, mas conhecer e se envolver com Jasper provavelmente intensificou esses sentimentos. Ainda assim, apesar de não concordar com o que fazem ali, ela não pode viver fora do Mount Weather e, como mesma mencionou, é muito difícil que Cage permita que continue morando ali após tudo o que fez. Dessa forma, ao ajudar Jasper, Bellamy e companhia a garota praticamente assinou seu atestado de óbito, arriscando tudo apenas para fazer o que julgava certo. A morte de seu pai começa a provar isso.
Mas além de Maya, temos Octavia, a personagem que mais cresceu durante a série. A garota que foi protegida a vida inteira pelo irmão e depois disso pelo namorado, mas aprendeu a cuidar de si mesma e lutar pelo o que acredita e pelas pessoas que ama. A menina que nunca se encaixou na Arca, mas encontrou seu lugar entre os Grounders , com direito a própria Indra declarando que ela – Octavia que veio das árvores e não mais do céu – era verdadeiramente um deles. O problema veio justamente da traição de Lexa, afinal quando a mais nova Grounder se recusou a abandonar o irmão e amigos no Mount Weather, desobedecendo ordens claras, perdeu o lugar que lutou tanto para conquistar.
Com isso, é possível pensar que toda a revolta da garota com Clarke no episódio anterior era uma pista do que estava por vir e uma prova de que a irmã de Bellamy não abandona as pessoas com que importa. Essa lealdade a seu povo de origem, assim como seu lado mais emocional, demostram que, ainda que ela não tenha um lugar verdadeiro entre a população da Arca, também não se encaixa verdadeiramente entre os Grounders.
Nesse ponto reside a semelhança entre as duas personagens. Apesar de nunca terem se encontrado e serem muito diferentes, Maya e Octavia se mantém presas no meio de dois povos diferentes, e ainda que não pertençam a seu lugar de origem, também não pertencem ao suposto inimigo a que se afeiçoaram. Não tendo, assim, um lugar para chamar de seu, um lar, ou uma identidade dentro de um grupo maior.
Por fim, é válido mencionar toda a situação envolvendo Raven e Wick. Os dois provaram mais uma vez que trabalham bem juntos e funcionam muito bem em cena. Ainda assim, o destaque vai para o momento em que Raven, após a certeza de que não conseguiria se mexer e, portanto, seria capturado pelos Homens da Montanha, pede para Wick não a deixar sozinha. Considerando a personalidade da personagem, toda sua auto suficiência e como ela detesta se sentir vulnerável ou depender da ajuda de alguém a cena se torna bastante significativa e faz com que eu me apaixone ainda mais pelo casal.
Assistimos, então, a um episódio excelente que apenas aumenta a curiosidade em relação ao que veremos no último episódio da temporada e prova que The 100 é uma das melhores séries exibidas atualmente.