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The 100 – 3×05 Hakeldama

Por: em 20 de fevereiro de 2016

The 100 – 3×05 Hakeldama

Por: em

“Blood must not have blood”

São inúmeros os motivos que podem levar alguém a se sentir insatisfeito com uma série. Muitos deles de natureza puramente subjetiva. Assistir a séries, de qualquer forma, é– e sempre será– uma atividade de extrema subjetividade. Sei exatamente o que me faz estar descontente com The 100. Em parte, a expectativa. Um hiatus tão longo pode ter esse efeito. Em parte, a lembrança de uma segunda temporada praticamente irretocável. Minha memória me leva constantemente a momentos de pura tensão e adrenalina. Unhas roídas, lágrimas, arquejos de surpresa. Sentir a série e não permanecer impassível diante a seus acontecimentos era algo de que senti falta nas últimas quatro semanas e que começa a se resolver aqui.

Hakeldama foi, de modo geral, um bom episódio, marcado por momentos impactantes, dramáticos e viscerais. Além disso, os caminhos que começam a se delimitar para alguns personagens soam bastante interessantes e promissores. Destaco de cara o confronto entre Clarke e Bellamy. Na conversa, nada amigável, entre os dois vimos muitas verdades serem ditas e gostei de como,, naquele momento, a série não tentou definir um mocinho ou vilão. Clarke deseja paz, mas foram vários os motivos que levaram cada um deles ao ponto no qual se encontram e boa parte deles foram elencados. Não estou defendendo o rapaz e o massacre que ajudou a causar – e que cenas fortes as que focaram nos corpos dos 300 Grounders brutalmente assassinados – apenas digo que consigo entender seus motivos. Assim como entendo os motivos de praticamente todos os personagens da série. Uma série onde todos têm as mãos sujas de sangue e justificam sem atos execráveis com a certeza de que estavam fazendo o que era melhor para o seu povo, vale ressaltar.

The 100

De certa forma, The 100 reflete bem a história da humanidade e nossas constantes guerras. Desde que o mundo é mundo, território, poder, riqueza, ou a pura intolerância diante ao diferente têm feito com que o outro seja visto eternamente como uma ameaça, ou como alguém que pode ser eliminado para que se consiga o que é melhor para mim e para pessoas com as quais me identifico.

Clarke e Lexa, no entanto, querem parar o ciclo de mortes e ataques, que se iniciou no instante que os Sky People colocaram os pés na Terra. A Heda prometeu não retaliar e gosto da postura sensata adotada pela personagem. Ainda assim, não sei até quando isso irá durar. Pike não parece disposta a parar até que tenha eliminado o último Grounder e a imagem da Comandante já anda abalada diante ao seu povo. De qualquer modo, Lexa e Clarke finalmente voltaram a funcionar para mim. A traição da Heda, ainda que compreensível, foi algo que digeri com dificuldade, assim como o fato de Clarke tê-la perdoado tão rapidamente. Sejamos honestos, a loira foi praticamente a largada para morrer. No entanto, acho que terei que aceitar a benevolência da filha de Abby e seguir em frente, porque, pelo menos nesse episódio, a relação das duas voltou a me soar natural.

The 100

Todo o caos que se instaurou em Arkadia, por sua vez,  tem feito Octavia e Lincoln receberem mais destaque, algo que me agrada bastante. O conflito interno que acometia os personagens desde o primeiro episódio da temporada, já era algo interessante de se acompanhar, agora as coisas atingem outro nível. Eles são Grounders – Lincoln por nascimento, Octavia por identificação e escolha – e não conseguem permanecer estáticos, enquanto assistem seu povo ser massacrado. No caso da garota, ainda há é necessário somar o irmão à equação. Por quanto tempo o laço que os une será suficiente para fazê-la perdoar seus atos?

Como nem tudo são flores, é preciso falar sobre Jaha e a Cidade da Luz. Eu juro que tento encontrar um propósito para a simples existência desse plot, mas essa tem se mostrado uma missão impossível. Neste episódio, contudo, o problema deixou de se limitar a uma implicância com o antigo chanceler. A trama começa a me lembrar tudo o que me incomodou nas últimas temporadas de Lost. O que não é nada bom. Até então tínhamos uma série que poderia ser classificada como de ficção científica, mas elementos espirituais estão sendo inseridos e ganhando cada vez mais destaque. O que, se bem feito, até poderia funcionar, mas não é o caso.

The 100

Desde a temporada passada venho comentando sobre como a jornada de Jaha, em busca da sua Terra Prometida, é quase bíblica. Com a certeza de que a Cidade da Luz não existe fisicamente, se limitando a algo do mundo espiritual, tudo isso ganha novos significados. Principalmente quando o ex-chanceler surge, diante a uma guerra eminente, como um homem de fé, pregando a salvação e formas de obtê-la. Deixo claro que não tenho problemas com tramas que remetam a religião e temáticas mais sobrenaturais ou espirituais, na verdade, é algo que me interessa bastante, apenas acho que destoa de tudo o que veio sendo trabalhado por The 100 até o momento e não se encaixa no contexto da série.

O fato de terem incluído Raven, uma das minhas personagens favoritas, na trama que mais me irrita, não contribui para que minha simpatia pelo plot aumente. De qualquer forma, reconheço que faz sentido que a mecânica tenha sido a escolhida. A moça está completamente perdida e em constante dor, não apenas física. Seguindo essa lógica, o próximo a se render às maravilhas da Cidade da Luz deve ser Jasper. Ainda assim, a não ser por Jaha, Hakeldama foi um bom episódio. Esses quarenta minutos me fizeram crer que a partir de agora a história irá engrenar de forma efetiva. Continuo sentido que falta alguma coisa para que a série retorne ao patamar da segunda temporada, mas esse episódio já é um bom começo.


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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