É tudo uma questão de perspectiva. Isso é algo que The 100 já vem nos mostrando há algum tempo, mas que se tornou ainda mais evidente no episódio dessa semana. Episódio que, diga-se de passagem, foi o melhor que a série exibiu nessa temporada. Finalmente todas as tramas pareceram unificadas e tudo o que foi exibido funcionou bem em tela e como conjunto. Tenho me queixado bastante do que tem sido apresentado nesse terceiro ano, mas para Bitter Harvest finalmente tenho elogios. O que, acreditem ou não, me deixa em júbilo, afinal, detesto ser obrigada a tecer críticas negativas sobre uma das minhas séries favoritas.
Um dos pontos que tem se tornado interessante nessa temporada é o modo como a liderança de Pike nos faz olhar para os Sky People de uma forma diferente. Até então ele eram os nossos “mocinhos”. É claro que no universo de The 100 não há realmente mocinhos e vilões, mas era pela perspectiva deles que vínhamos acompanhando os acontecimentos, nos tornando mais propensos a defendê-los. Ainda assim, a nova postura adotada por alguns deles, e principalmente o discurso que repetem incansavelmente, os faz assumir uma papel semelhante a dos colonizadores europeus, que chegaram em uma terra nova e dizimaram os povos nativos, em busca de desenvolvimento.
É interessante perceber também como a divisão entre os personagens fica cada vez mais explícita e irremediável. A ideia de povo como uma comunidade a ser defendida vem se perdendo entre os Sky People, que começam a agir de acordo com acreditam que é certo, ainda que isso signifique se voltarem uns contra os outros. Algo que é bem ilustrado pelas figuras de Octavia e Bellamy. Os irmãos Blake ainda não se declararem inimigos, mas desaprovam veementemente as atitudes um do outro. A saga de Octavia se torna ainda mais intrigante quando consideramos que ao tentar evitar um massacre de Grounders, pode ter sido indiretamente responsável por uma armadilha contra seu povo e a morte de dois deles, incluindo Monroe (uma das figurantes com fala da série).
Enquanto isso, o clima fica cada vez mais tenso na Pólis. Era óbvio que a decisão tomada por Lexa, de não retaliar, não seria facilmente aceito por seu povo, trazendo um conflito , que deve se intensificar ainda mais na próxima semana, quando as novas investidas de Pike chegarem aos ouvidos da Heda. Fica cada vez mais evidente que nada conseguirá evitar uma guerra e o legado de paz da atual Comandante é apenas um sonho distante. Clarke, por sua vez, esteve cara a cara com um de seus maiores demônios. O último homem da montanha veio para lhe lembrar do massacre que promoveu e ao desejar matá-lo, a Wanheda queria matar a culpa que vai carregar para sempre. Ainda assim, foi maravilhoso vê-la deixar a hipocrisia de lado, o que já é algo novo para a personagem, e começar a agir da forma pacífica que tanto prega.
Por fim, e surpreendentemente, toda a trama envolvendo Jaha e a Cidade da Luz começa a se tornar instigante e a despertar minha curiosidade. O que parecia algo espiritual, está se voltando cada vez mais para a ficção científica e nada poderia me deixar mais feliz. As famigeradas “pílulas” que seriam a chave para a bendita Cidade da Luz agem no cérebro humano e, como a própria Abby já percebeu, fazem muito mais do que eliminar a dor. Certamente isso deve estar criando algum controle nas pessoas que a ingerem e a Cidade da Luz é apenas uma alucinação, ou qualquer coisa assim. É claro que essa é apenas uma hipótese, mas já me agrada e faz finalmente ter alguma esperança de que esse plot possa funcionar de alguma forma.
De qualquer modo, Bitter Harvest foi um bom episódio. As tramas estiveram equilibradas e até mesmo empolgaram, trazendo vontade de continuar a assistir a série e ver como todas essas situações irão se resolver. A promo de Thirteen indica que as coisas continuarão interessantes. E eu realmente espero que isso aconteça!
