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The 100 – 3×16 Perverse Instantiation – Part 2 (Season Finale)

Por: em 22 de maio de 2016

The 100 – 3×16 Perverse Instantiation – Part 2 (Season Finale)

Por: em

O que nos faz humanos?

Essa é uma questão complexa, admito, no entanto, direta ou indiretamente toda a terceira temporada de The 100 girou em torno de tal indagação. Apesar de um caminho tortuoso e de inúmeros problemas, algo que também se reflete nesse season finale, a série acertou ao retratar toda a ambiguidade que caracteriza tão bem a humanidade e conseguiu criar arcos que desenvolvessem mudanças significativas em determinados personagens.

Comecemos por Raven e Jasper. Os dois iniciaram essa temporada sem esperança e afundados em luto e dor. Para Raven a primeira escolha foi tentar fazer tudo isso desaparecer. Naquele momento, ela precisava fazer a dor sumir, no entanto, para que isso fosse possível acabou abrindo mão de muito mais. Perdeu suas lembranças e a capacidade de sentir e tomar suas próprias decisões. Sem isso, o que somos? São nossas memórias, tanto as boas quanto as ruins, nossas emoções e escolhas que moldam nossa identidade e nos fazem ser humanos. A mecânica aprendeu a lição da pior forma possível e precisou lutar muito para voltar a ser quem era e retomar o controle da própria vida.

The 100

Jasper, por outro lado, experimentou as supostas maravilhas da Cidade da Luz e sentiu-se feliz. Uma felicidade artificial e que exigia que abrisse mão de sua personalidade, mas, ainda assim, um sentimento que ele há muito não sentia. Ver seu lamento ao deixar o sonho e retornar a uma realidade sombria é algo que faz sentido. No entanto, sua conversa com Monty sobre como eles eventualmente voltarão a ser verdadeiramente felizes, mostra que sempre há esperança e isso é tudo ao que se pode agarrar. Espero que Jasper aceite o conselho e siga em frente, pois, ainda que entenda seus motivos, o personagem passou a temporada inteira limitado a lamentar. O garoto certamente merece tramas melhores.

Embora outros personagens também tenham sido levados à Cidade da Luz, esse dois conseguem exemplificar bem a essência do que foi apresentado. É importante, então, refletir sobre a figura de A.L.I.E. Como uma Inteligência Artificial, ela é incapaz de entender as particularidades dos seres humanos. Foi criada para acreditar que os fins justificam os meios e não consegue enxergar problemas na morte de muitos, para que alguns consigam se salvar. Além disso, durante a temporada, deixou bem claro que seus métodos incluíam torturar e infligir dor física ou psicológica, não pela crueldade, mas por entender que aquilo seria capaz de fazer com que as pessoas se submetessem aos seus desejos. Surge, assim,como exemplo claro de completa objetividade e, por isso, talvez seja uma das vilãs mais interessantes que The 100 já teve, justamente por fugir do clássico “fiz o que fiz para defender o meu povo”.

The 100

Saindo da Cidade da Luz, temos Bellamy e sua saga de erros e arrependimentos. Se estamos falando do que nos torna humanos, como ignorar essa trajetória? Confesso que me incomodei bastante com a forma como isso foi trabalhado durante os primeiros episódios, às vezes, sinto que a série cria alterações abruptas demais nos personagens, algo que já havia acontecido com Finn,  na temporada passada. De qualquer forma, Bellamy fez besteira. Deixou se levar pela desconfiança, o luto pela morte de Gina e a facilidade de acreditar em um mundo preto e branco, dividido entre mocinho e vilões.

A vida certamente seria mais fácil se bem e mal fossem estados absolutos e não existisse toda uma área cinzenta entre eles. Mas ela existe e, apesar da presunção de se achar o mocinho que estava fazendo o era certo para as pessoas com quem se importava, Bellamy errou. Muito. Ainda assim, percebeu o erro e se arrependeu verdadeiramente. Isso quer dizer que merece ser perdoado? Talvez sim, talvez não. Mas se é para julgar, que julguemos igualmente todos os personagens da série. Dificilmente alguém será declarado completamente inocente. Nem faria sentido se o fizesse, afinal o que há de mais humano que errar e se arrepender?

The 100

Enquanto isso, Octavia continua sendo uma das personagens mais interessantes e complexas de The 100. Nem Sky People, nem Grounder, a moça acabou perdendo dois dos seus principais laços afetivos durante essa temporada. Lincoln, aquele que ela mesma definiu como o “seu povo”, e Bellamy, o irmão que ainda não foi capaz de perdoar. Nesse episódio, vimos que, apesar de tudo o que foi debatido nesse terceiro ano, para ela sangue se paga com sangue. Sendo assim, não hesitou ao tirar a vida de Pike, no instante em que tudo pareceu estar resolvido e já não precisavam dele como aliado.

Confesso que a atitude me surpreendeu, era evidente o ódio que Octavia sentia e seu desejo pela morte do chanceler, mas já nem acreditava que veríamos o desfecho desse plot ainda nesse episódio. Após a morte de Lincoln e todos os demais acontecimentos, acho difícil que a menina deseje voltar para Arkadia, sendo mais provável que liberte Indra, que segundo Kane estava em uma das cruzes, e siga a mentora para algum lugar.

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Quem parece fazer o caminho inverso é Murphy, já que acho muito plausível que ele retorne à Arkadia. E como eu gosto de falar sobre John Murphy! Esse é um daqueles exemplos clássicos de personagens que odiei com todas as forças e, em algum ponto, acabei me apaixonando. Não adianta tentar evitar ou negar, o rapaz se tornou uma dos meus personagens favoritos e forma junto com Emori um dos poucos casais que realmente shipo na série.Falando na moça, adoraria que ela recebesse mais destaque, especialmente no que diz respeito à sua mutação.De toda forma, vimos mais uma vez o rapaz deixar o egoísmo de lado e ajudar a salvar a vida de Clarke, ficando com a difícil missão de impedir que o coração de Ontari parasse e, com isso, a filha de Abby não recebesse o sangue que precisava.

Por fim, chega o momento de falar de Clarke, que foi sem dúvidas a grande estrela do episódio. Primeiro, preciso desabafar e dizer que achei extremamente forçada a resolução que fez com que ela pudesse receber a “chama”. É algo que faz sentido, mas me incomoda um pouco o fato da loira acabar sempre sendo a grande heroína abnegada. Entendo que ela é a protagonista da série, mas deixar o dia ser salvo por outra pessoa seria interessante, além de soar mais realista.

The 100

É provável que esse descontentamento se deva às minha ressalvas particulares com a personagem que, ainda que compreenda toda sua importância em níveis de representatividade, consegue me irritar profundamente em alguns momentos, principalmente pela hipocrisia de algumas de suas atitudes. De todo modo, mais uma vez Clarke esteve no centro da ação e isso só não me incomodou mais, porque gostei dos paralelos criados com o finale da temporada passada.

Novamente nossa protagonista esteve diante a uma alavanca, tendo que tomar uma decisão impossível. E se no início da temporada ela fugia de seu passado e do sofrimento causado pelas mortes que provocou, agora entendia que não há como fugir. Suas cenas na Cidade da Luz tiveram alguns bons momentos e, é claro, que foi maravilhoso rever Lexa.

The 100

Dessa vez, tivemos a chance de nos despedir apropriadamente da personagem e até mesmo ignorar as circunstâncias ridículas em que  foi morta. Ali estávamos diante da guerreira que Lexa era, a guerreira que tem seu espírito vivo na “chama” e que teve a oportunidade de proteger e lutar junto a sua amada. Ainda assim, não consigo ignorar a previsibilidade de tudo isso e a pieguice de alguns pontos do roteiro. Não estou dizendo que é necessariamente algo ruim, na verdade, funciona pelo grande fator emocional envolvido, no entanto, fiquei com a sensação de que toda essa sequência poderia ter sido melhor trabalhada. Do jeito que foi feita, valeu pelo saudosismo e a despedida Clexa, mas podia ter sido melhor.

A grande surpresa do episódio veio do confronto entre Clarke, Becca e A.L.I.E. Aqui preciso tirar um momento para aplaudir a atuação de Erica Cerra. A atriz foi maravilhosa durante toda a temporada, mas nessa cena conseguiu dar o tom perfeito para diferenciar as duas personagens que interpretava. Ficamos sabendo, então, que as usinas nucleares que foram destruídas pelas bombas, que teriam destruído a Terra há quase 100 anos, começaram a derreter, liberando grandes níveis de radiação que impossibilitarão a vida  em seis meses. A única esperança para essa ameaça seria a Cidade da Luz.

The 100

O conflito gerado pela revelação era grande. De uma forma, ou de outra, Clarke poderia estar condenando a humanidade. No entanto, assim como no Mount Weather optou por descer a alavanca, acabando com o controle estabelecido por A.L.I.E, e agora precisará lidar com as consequências de sua escolha. Algo que já revela o principal plot da próxima temporada.

A segunda parte de Perverse Instantiation conseguiu fechar as tramas que precisava e criar novas possibilidades para a série e os personagens. De certa forma, funciona como season finale. Ainda assim, a sensação que deixa é que algo ficou faltando. Tanto na análise do episódio quanto da temporada como um todo. Tivemos momentos corridos, muita obviedade e um texto que usou e abusou dos clichês e da breguice. Podia ter sido melhor, mas o desfecho ao menos consegue ser satisfatório, algo que, após os primeiros episódios, eu sequer achava que seria possível.

Observações:

— Essa terceiro ano foi sangrento e o saldo de mortes alto. Então, que descansem em paz: Gina, Monroe, Titus, Aden, Hannah, Sinclair, Emerson, Shay, Roan, Pike, Ontari (morte cerebral conta como morte, né?), Lexa e Lincoln;

— Sigo sem entender de onde tiraram a ideia de que Monty e Harper fazem sentido como casal, mas é aquele ditado, né: vamos fazer o que?

— Expresso aqui meu profundo ódio com esse episódio por ter me feito temer profundamente pela vida do Bryan, pra cinco minutos depois, ele estar de boa como se nada tivesse acontecido. O moço já está junto com Monty e Emori na categoria de personagens fofos que se você atacar, eu vou atacar. Ah, quero mais Miller e Bryan (alguém me diz qual o nome desse ship?) na próxima temporada;

— Octavia rainha mandou Pike direto para o inferno!

— Foi um prazer acompanhar e comentar essa temporada com vocês.

May we meet again!


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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