The Affair chega em sua metade e não posso dizer, em nenhum momento, que houveram baixas nessa temporada (que inclusive é superior a primeira). Dirigido por Jefrey Jeinner, Episode 6 é dinâmico na medida do possível e oferece olhares pouco comuns aos protagonistas, como os belos planos onde Helen é vista de costas, a já anunciada separação entre Margaret ou quando Noah caminha por entre a mata do acampamento buscando paz. A primeira parte acompanha Helen e tem mais força do que a segunda, dedicada a Noah (ou o fato dele ser um babaca na maior parte do tempo tenha feito com que seus vinte minutos durassem mais do que o tempo real).
Apesar das dores de estômago constantes de Martin, do trabalho escolar de Trevor ou da insistência da própria mãe, Helen, num gesto de altruísmo decide incentivar a ida de Noah com os filhos para o estádio, num programa tipicamente masculino. Tudo o que parecia dar certo envolvendo cachorro-quente, sorvete e a tentativa de reconstruir os vínculos abalados pelo caso cai por terra. Numa de suas piores crises Martin é levado para o hospital e acaba tendo que ser operado. A dor estomacal não é psicológica e sim resultado de uma doença crônica, herdada pelo lado materno dos Solloway.
Após discutir com Noah sobre a culpabilidade da doença enquanto o filho está na sala de cirurgia, Helen tem uma epifania. O caso não destruiu somente seu casamento. Se ambos pais não agirem como adultos, ele destruirá também as crianças. As raízes da traição e do rancor se alojaram nessa família e somente aqueles que foram responsáveis por plantá-las podem retirar as ervas daninhas. É nesse espírito que Helen, mais vulnerável e honesta que nunca, decide propõe a trégua: fim da ordem de restrição contra Alison, a custódia conjunta e tudo aquilo mais que Solloway desejar. É o começo de um novo tempo.
Margaret tem um casamento infeliz. Casada com Bruce, o que dá ao relacionamento é a comodidade e dinheiro, bem mais do que qualquer espécie de sentimento. O dinheiro é tão caro à Margaret que seus votos de casar a filha com Max nunca foram apenas uma brincadeira. Impulsionado (ou inspirado?) pela coragem do genro em abandonar tudo por amor, Bruce Butler decide largar a mulher e ir atrás de uma de suas antigas alunas. Abandonada pelo marido, a mãe de Helen permanece com a filha, ajudando no complicado período de divórcio. Com enorme clareza e ciência de seus atos (o que não faz deles menos cruéis) Helen permanece como sua mãe a controla e a envenena contra Noah, projetando na filha todos seus próprios conflitos. E é por isso, numa sequência triste mas igualmente bela, que Margaret é expulsa da casa da filha. As ervas daninhas precisam ser arrancadas. Mesmo aquelas que amamos.
A parte final do episódio mostra Noah indo atrás de Alison, depois de seis semanas que os separaram. Com o filho curado e a casa comprada, é hora de levar a donzela para seu castelo. Ou não. Afetada pela maneira como seu noivo escreveu sobre ela, Alison mostra-se relutante em voltar para a casa, o que desperta a fúria de seu amado, que não entende a disciplina com a qual ela cuida da cozinha do acampamento (ou retiro espiritual?) ou pratica yoga.
Arrastado, a graça aqui é ver o humor de novo, quase pastelão, presente nas situações inusitadas vividas por Noah ou a presença sempre exotérica de Athena. Mais uma vez The Affair investe num humor negro e mais uma vez acerta. A graça, ou a maior graça, do episódio é a revelação da gravidez por parte de Alison.
A segunda temporada de The Affair ainda tem mais seis episódios. Até aqui, entregou uma das melhores séries da atualidade.