Chegamos ao oitavo episódio e já podemos afirmar que The Crown é uma série sobre o poder e como ele afeta as relações pessoais. Não há grandes conspirações políticas, nem reviravoltas ou escândalos. É sobre a vida, no caso a da família real britânica, em sua forma mais ordinária e crua, mas não menos apaixonante.
Como em todas as famílias, na realeza também existe inveja, ciúmes e a disputa entre irmãos pelo amor dos pais. Com Elizabeth e Margaret não é diferente. Enquanto uma se tornou rainha e precisa seguir com a tradição da monarquia, a qualquer custo, a outra quer viver livremente, sem a camada de verniz que a nobreza exige.
Enquanto Elizabeth saiu pelo mundo com Philip, em uma exaustiva viagem pelos países da Commonwealthy, Margaret aproveitou para ter seu momento de brilhar. Suas piadas e opiniões sobre tudo, no entanto, rapidamente desagradaram o governo e Churchill precisou intervir.
A conversa das duas irmãs foi dura, mas mostrou como Elizabeth está cada vez mais compreendendo seu papel. Ela era o orgulho do pai, enquanto a irmã era sua alegria. Isso fazia de Margaret a preferida dele? Não sei se existe essa preferência, mas o rei certamente entendia a personalidade de cada uma.
Durante a viagem, a rainha finalmente tomou uma decisão sozinha e optou por, sob os protestos de Philip, seguir com o itinerário desgastante de compromissos e cumpriu tudo o que estava programado. Ela insistiu, inclusive, em visitar Gibraltar, mesmo com as ameaças devido à instabilidade política na região.
A viagem se mostrou um grande acerto, já que a repercussão positiva na imprensa e entre a população deu um novo gás para a monarquia britânica, desgastada em um mundo de tantas inovações e quebras de tradições.
Se tudo parece caminhar bem em seu reinado, o mesmo não se pode dizer da vida pessoal de Elizabeth. A briga com Philip foi tensa. Os dois não tem se entendido desde antes da coroação, natural que uma explosão assim acontecesse, e isso ainda deve implicar bastante na vida da monarca. Ele sabia desde o início o que esperar desse casamento, mas não deve ser fácil ser apenas um ornamento perante a opinião pública.
Achei desnecessário todo o tempo que o episódio passou mostrando a rainha-mãe na Escócia, comprado um castelo. Tudo bem que ela também perdeu muito ficando viúva e agora sem função, mas não vejo como essa história pode implicar nos acontecimentos principais. A não ser que ela engate um romance com o dono da propriedade, mas duvido.
Estamos vendo ao longo desses episódios Elizabeth se tornando rainha e tudo que isso implica. Como bem apontou Churchill, a família real é uma fantasia, algo bonito que faz as pessoas terem esperança. Não importa como ela esteja se sentindo, a ilusão deve prevalecer (mesmo que ela fique com o rosto doendo de tanto sorrir).
Fico sempre me perguntando o que é real e o que não é nas cenas, já que os personagens existem. Acho que nunca saberemos, dada a discrição da família real britânica. O que sabemos é que, 64 anos depois, Elizabeth II segue sendo uma das rainhas mais queridas do mundo e seus herdeiros, especialmente o príncipe William e sua esposa Kate, trilham o mesmo caminho. Ainda há muitas histórias a serem contadas.
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