Segundo a Wikipédia, plot twist é uma mudança radical na direção esperada ou prevista da narrativa de um romance, filme, série de televisão, quadrinho, jogo eletrônico ou outra obra narrativa. Nessa semana, The Exorcist nos mostrou como se faz um verdadeiro plot twist e como isso pode alterar tudo que vimos até agora.
Angela sempre foi uma mãe batalhadora e preocupada com os filhos, mas já era claro desde o início que alguma peça ainda estava faltando. As atitudes dela no episódio piloto foram, no mínimo, estranhas. Afinal, quem em sã consciência vê um filho com sintomas depressivos e considera isso como uma possessão demoníaca? Mas, o que não esperávamos, era que isso viria a ser explicado. O fato de tantos acidentes e coisas estranhas estarem em volta dela não foi uma simples coincidência do acaso ou um infortúnio.
Após o acidente, Henry fez de tudo para tentar melhorar, mas mesmo assim ele não era o mesmo. Mas, apesar disso, ele continuou lutando pela família. Mesmo com os constantes apagões, perdas de memórias e limitações de fala, ele continuou lutando para ser quem ele foi um dia, continuou lutando pela verdade. A verdadeira essência nunca se perde. E, depois de tanto tempo tentando melhorar, quem diria que o que iria derrubá-lo de vez seria a verdade? Depois de anos casados, histórias escritas em papel e momentos salvos pela lente de uma câmera, qual a sensação de perceber que não conhece a verdadeira pessoa que está do seu lado? Ele passou tanto tempo tentando entender a si próprio, que não percebeu que não conhecia de verdade a pessoa com quem dividia a cama.
Regan nunca esteve a salvo e ela sabia disso. Mesmo assim, ela resolveu construir uma vida e tentar ser feliz. Não é culpa dela, quem não gostaria de uma vida dos sonhos após tanto tormento? O problema é que mentiras são como um castelo de areia: uma vez que a água do mar chega, é como se nada tivesse estado ali. A revelação não foi apenas chocante por ser inesperada, mas sim por ditar um novo caminho para os personagens. Afinal, essa não é a história da família Rance, mas sim a continuação da história da família MacNeil.
Agora, Henry não sabe se pode confiar na esposa. Ela sempre foi uma boa pessoa e o ajudava sempre; o amor deles deveria prevalecer a isso. Mas, se fosse com você, qual seria sua reação? É certo que ele não está nada feliz agora, mas não tem como não criar expectativas com um possível perdão. Ela agora precisa dele mais do que nunca. O demônio não está atrás da filha, está atrás da mãe. Ele a quer de volta e não vai parar até conseguir. Ele está vindo.
Kat, por sua vez, se encontra perdida. Ela realmente acreditava que a irmã estava apenas doente. Quão grande deve ter sido a surpresa dela ao saber que estava sendo enganada esse tempo todo? É possível ver como a culpa pesa sobre seus ombros, mas o que será que ela fará com isso? Não sabemos qual foi a explicação dada pelos pais para a polícia, mas, quando Casey voltar, será que tudo permanecerá o mesmo? É difícil acreditar que a guarda não seja perdida, levando em conta o estado em que a garota estava quando foi encontrada.
O demônio está fugindo com o corpo de Casey e ao mesmo tempo ela está fugindo de si mesmo. Ele não vai deixá-la ir, não até ter quem ele quer. Ele quer a ela. Ele quer Angela. Ele quer Regan. Casey é apenas um peão em um jogo de xadrez, mas será que ela irá se sacrificar pelo rei? Temos esperanças, mas o destino da garota não parece estar em boas mãos. Se ele for embora, ela ainda estará destruída. Não só pela trauma que levará no corpo e na alma, mas também por saber que ele pode voltar a qualquer momento. Sempre me perguntei o que acontecia com um ex-possuído. Em cada exorcismo que eu via, nunca acreditei que o demônio estivesse totalmente fora da pessoa ou que tudo acabaria bem, e é bom ver como The Exorcist nos consegue mostrar as coisas por outro ângulo.
Conseguimos entender a mente de Casey e como um demônio agia, sendo algo não muito explorado no gênero. Afinal, as pessoas só querem saber de sustos e gritos. Mas o verdadeiro terror é aquele que fica na sua mente e te persegue, e é esse terror que a série quer nos mostrar. Agora, a família está completamente despedaçada e sem esperanças. O único fato curioso é o motivo de o demônio querer tanto Angela. Com bilhões de pessoas no mundo, muitas já possuídas, o que ela tem que as demais pessoas não têm? Será que estaremos preparados para quando isso nos for revelado?
Já Tomás está se perdendo cada vez mais. Ele fez a escolha dele, mas isso ainda o persegue. É nítido que a paixão dele por Jessica é forte demais para acabar com orações e penitências. Em uma possessão, o maior perigo não é o demônio, mas sim você mesmo. Ele não tem armas, você tem. O seu passado é o que pode te trazer sua ruína. Mas assim como pode trazer a ruína, ele também pode trazer forças para lutar. Demônios usam o passado como arma não por coincidência, mas sim porque sabem que o poder de influência do passado no presente é forte demais para ser enfrentado.
Marcus, que em sua arrogância o mandou embora por um erro, também caiu por terra. Ele ainda estava fraco e precisava de Tomás para continuar, mas a vontade de fazer tudo sozinho foi o que o colocou nessa situação e o que o tirou. Ele foi preso, mas a Igreja o libertou. Será que haverá consequências? Ninguém faz nada sem segundas intenções, por que seria diferente com ela? Mas é perceptível que um problema maior está a caminho. O Vocare Pulvere será usado para trazer alguma coisa para a terra, mas o que? Se for um demônio, será que o medo é que ele seja encarnado no Papa? Ainda não sabemos como vai ser, mas o fato é que ele está perto. Ele está vindo.
Claro, temos também Maria Walters. Apesar de não dar as caras nesse episódio, é impossível que a influência dela também não esteja em jogo. Ela é uma das personagens mais misteriosas até o momento, mas já é possível saber que algo grande está por traz de tudo. Bennett agora sabe da intenção do demônio graças a Marcus, mas será que ele levará a sério? E se sim, quem garante que a Igreja levará? Pelo que vimos até agora, a arrogância prevalece mais que a fé.
Apesar de ter se vendido como um episódio de exorcismo em tempo real, o que nos levava a acreditar que os quarenta minutos seriam dedicados apenas a esse fato, o episódio com certeza foi um dos melhores até agora. Seja pelas incríveis cenas do exorcismo em si, pela narrativa ou pela virada final, The Exorcist agora mostra que tem muito a oferecer e que nada pode nos preparar para o que está vindo. Ele está vindo.
Observações:
–Tomás estava fazendo o que estou pensando? E, se sim, sério que ele beijou a Jessica depois?
–A cara da Kat vendo a Casey indo embora é igual a minha quando termino a prova e vou conferir as respostas com os colegas.
–A mãe da Angela/Regan chegando me lembrou muito o Padre chegando no filme original.
–Aliás, será que veremos a irmã dela também? Seria interessante ver Kat ajudando Casey e Angela sendo ajudada pela irmã.
–Queria mais cenas no convento, mas parece que foi somente isso mesmo.
–Perdão pela demora em postar a review. Ainda estava digerindo o episódio.
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