Sabe quando o episódio termina e você continua olhando inerte, pra tela do computador, sem conseguir esboçar qualquer reação que seja? Poucas séries conseguem esse efeito comigo e The Flash, com estes 42 minutos, conseguiu entrar pra seleta lista. Não que todo o tempo gasto em tela tenha sido explosivo, não, pelo contrário. Os primeiros 30 minutos seguem no ritmo habitual do programa, inserindo toques de mitologia e desenvolvendo a trama com calma. A pancada vem no ato final. E, meus amigos, devo dizer: É dura.
Era um plano suicida e todos tentaram alertar Barry disso. Jay, Cisco, Caitlin, Joe… Mas, obviamente, ele não ouviu. É interessante ver como o idealismo heroíco ficou tão forte no nosso velocista, a ponto dele estar disposto a arriscar a vida para salvar seus amigos e sua cidade. E, neste ponto, suas conversas com Joe são perfeitas, porque pontuam os motivos para que Barry esteja agindo dessa maneira. Já devo ter dito aqui em algum texto, mas não custa repetir: Este é o melhor relacionamento da série. O mais bonito, mais sincero e mais puro. Joe não enxerga o Flash ali; no fim do dia, é apenas seu filho, aquele que ele escolheu e que ele se recusa a ver entrar em uma jogada perigosa. É bonito que Barry queira enfrentar Zoom de um modo a quitar uma dívida pessoal idiota que ele colocou na cabeça que tem depois das mortes de Roonie e Eddie. Bonito, mas estúpido.
E é mais estúpido ainda que ele tenha escolhido envolver Linda na história. Não vou negar que fiquei bastante feliz pelo melhor uso da personagem; Linda é fantástica e rende cenas maravilhosas (“Eu namorei o Flash??”), mas não devia ter sido jogada nessa história toda, muito menos como isca. Ao menos, algumas das cenas mais legais do episódio decorreram disso: O momento em que Barry se revela, o treinamento e a luta forjada com a garota no traje de Dra. Luz. Alguém conseguiu segurar o riso? Foi impossível. Espero que a jornalista tenha sido uma adição definitiva ao Team Flash de agora em diante.
Ainda no tópico “movimentos questionáveis”, podemos citar o modo nada discreto de Cisco de investigar Wells. Eu já não consigo entender porque tanta desconfiança pra cima dele (Sim, ele tem o rosto do mesmo homem que infernizou a vida de todos, mas às vezes parece que eles esquecem que aquele NÃO era Harrison Wells e sim Eobard), mas foi bem vergonha alheia assistir Cisco tentando tocar em Wells de forma nada discreta para captar suas vibrações. Tenho certeza que eles conseguiriam pensar em um tipo de ‘abordagem’ melhor se se esforçassem um pouco mais. Espero que esse plot diminua um pouco (já que as desconfianças ainda devem persistir) agora que eles descobriram que Zoom tem a filha de Wells cativa – e aproveitando, quero elogiar novamente todas as sequências da Terra 2. A despeito daquele tom de sépia saído de um filtro brega do instagram, a intercalação dos mundos tem funcionado muito bem.
Patti segue sua jornada de sucesso, conquistando não apenas o coração de Barry, mas o nosso também. A entrada da personagem é em um momento ideal, por tirar de Iris o peso de par romântico que lhe fez mais mal do que bem e por trazer à Barry desafios que não podem ser vencidos com super velocidade ou relâmpagos. Após salvar o dia, ele agora tem algo para o qual voltar, alguma coisa a que se agarrar além dos amigos. O meu único medo é que prolonguem por tempo demais a revelação do segredo a ela e esse plot se perca, mas por enquanto tá tudo tão lindo, que nem tenho coragem de especular sobre isso.
E, já que falei em Iris, aproveito pra elogiar mais uma vez a personagem. Sem a sombra do amor platônico de Barry, a garota andou e agora é muito, mas muito mais interessante do que no ano passado. Ok que, efetivamente, ela ainda é apenas mais uma sidekick do velocista escarlate, mas eu consigo ver essa história crescendo e dando à ela uma maior relevância. E sim, eu já tô ansioso pra ver como vai ser Iris e Linda trabalhando juntas para ajudar Allen. Se juntar a Patti na história, então, o potencial para cenas cômicas cresce exponencialmente.
E todos esses momentos bonitinhos foram importantes, porque nada nos preparava para o que vinha a seguir. A luta de Zoom e Flash foi digna de season finale e comprovou o que os produtores nos prometeram no começo do ano: Zoom é um monstro. Ele pode ter sido um dia humano, mas não parece ter restado ali nada do que um dia foi alguém capaz de sentir algo bom. Toda a caracterização do personagem contribuiu para passar isso, do efeito de voz até o traje. Realmente, assustador. E, na verdade, dizer que Barry e Zoom lutaram é injusto: O vilão massacrou o Flash de uma maneira inesperada.
Zoom fez de Barry um brinquedo. Seu brinquedo.
Difícil dizer qual cena é mais impactante entre toda a sequência onde ele arrasta o corpo do herói, inerte, pela cidade inteira e mostra a todos o que fez. Por agora, eu fico com o momento à lá Batman, onde ele quebra a coluna do Flash como se fosse um palito de dente. Sem autoestima, sem forças, quebrado interna e externamente e sem os movimentos das pernas, Barry termina o episódio com um olhar que passa de descrença a decepção pessoal. Com essa pequena demonstração do poder do vilão, é compreensível o olhar abatido.
Outras observações:
- Linda foi ficar uns tempos com amigos em Coast City. É tanta referência ao Lanterna que não dou mais 2 anos pra uma série.
- Cisco tem as melhores camisetas do universo.
- Grant Gustin é muito bom. Já disse, mas depois desse episódio, é bom falar de novo.
- O Joe falando “couldn’t care less” pra Patti é basicamente uma representação do que eu passo quando alguém que não tenho intimidade começa a me contar toda a sua rotina.
- Jay fez falta.
- Será que a entrada do Wally West vai ser importante para a derrota do Zoom ou só o veremos depois, em outro arco? Curioso.
- Eu sei que eu já disse, mas eu vou dizer de novo: Que temporada linda. Quero colocar num pote pra ninguém estragar.
Fiquem com a promo de Gorilla Warfare, episódio de próxima terça. Até lá, comenta com a gente!
