Como já tem virado costume na série, The Flash retornou do hiatus com um episódio calmo, quase como se nos desse um tempo maior para respirar e se preparar antes de voltar a mergulhar na trama central – no caso, a batalha contra Zoom. Episódios assim são mais do que comuns em temporadas grandes e o bacana é ver que, mesmo neles, o show do Velocista Escarlate não esquece de sua mitologia e acrescenta, aqui e ali, detalhes importantes; no caso de Trajectory, a descoberta de que Zoom e Jay podem ser a mesma pessoa.
Por meio da história de Eliza, mais uma pessoa pra provar que o “My name is Barry Allen and I’m the fastest man alive” é a maior piada dos últimos tempos, a série trabalhou três frentes narrativas: O treinamento de Barry para se tornar mais rápido que Zoom, a tentativa (um tanto quanto fracassada) de adaptação de Jessie à Terra-1 e os problemas profissionais de Iris com Scott devido aos crimes de Eliza, inicialmente relacionados (com razão) ao Flash.
Os acontecimentos da Terra-2 ainda mexem muito com Barry, mais do que ele ousa aparentar. Essa “armadura” construída por ele na forma de treinamento para se tornar mais rápido que Zoom é necessária para que o Flash não deixe transparecer aos seus amigos o quanto ele ainda se sente responsável pelo que aconteceu (incluso a suposta morte de Jay) e o quanto acredita ser sua – de uma maneira solitária – a missão de capturar Zoom. O pequeno surto com Caitlin ao saber da existência do V9 deixa bem claro isso. Bar quer, a qualquer custo, derrotar Zoom , mesmo que ele própria se perda – fisicamente ou metaforicamente – no caminho.
E esse desejo desenfreado influencia no dia-a-dia do herói muito mais do que ele imagina. O fracasso na tentativa de ser mais rápido ataca diretamente a auto-estima de Barry e o faz fraquejar em momentos nos quais ele não pode se dar esse luxo, como o confronto direto com Eliza, a antiga colega de Caitlin que, graças ao V9, também se tornou uma velocista. É somente ao deixar de lado seus medos e enfrentar de frente não só sua “inimiga”, mas também a possibilidade de falhar mais uma vez, que Allen consegue ir além. A cena onde ele atravessa a ponte correndo, perto do fim do episódio, é uma das melhores do segundo ano, em execução e em sentido. É o momento em que Barry acreditou. E, por acreditar, conseguiu.
Um contraste certeiro pra história de Eliza que, por acreditar demais em seus desejos e se deixar guiar por suas vontades, encontrou seu fim em um tipo de overdose de V9. Mais uma vez, um fato que parecia ser apenas o fim de uma história filler acabou se mostrando bem maior, por permitir a Barry, Cisco e cia cogitar a possibilidade de Jay ser Zoom. E, confesso, isso bugou muito cérebro. Faz sentido eles pensarem que o Jay que conhecemos desde o começo da temporada é o vilão, com a descoberta de que Zoom provavelmente está doente e precisa da velocidade de Barry pra se curar. Contudo, Jay-Zoom olhou diretamente nos olhos do Jay-nosso (nomenclatura horrível, mas relevem) quando o “matou”.
Minha aposta: Zoom é mesmo Hunter Solomon, que de fato está doente e vê em Barry algum tipo de “cura”.
Paralelo a tudo isso (mas ainda assim, encontrando um jeito de não parecer totalmente deslocado no episódio), tivemos Jesse procurando se adaptar a nova vida que será obrigada a ter na Terra-1. Foi bem divertido vê-la saindo para festas com Barry, Cait e Cisco e tentando realmente se acostumar àquele mundo novo, mas desde o começo, já era óbvio que isso não funcionaria. Questionar as escolhas que o pai fez foi uma atitude impulsiva e que desperta sentimentos dúbios. Ao mesmo tempo que dá pra entender a revolta de Jesse em ver seu herói com atitudes duvidosas, é óbvio que todos os caminhos errados que Harry tomou foram visando salvar a filha das garras de Zoom e não por instintos egoístas – como é o da garota de “fugir” para desbravar o novo mundo, deixando apenas uma carta.
Outras observações:
– Vocês também sentiram que vai dar liga entre Iris e Scott, mesmo com todo o plot de desavença no jornal?
– Tenho gostado de ver como Cisco já tem um bom domínio de seus poderes, mas achei que ele seria mais afetado depois de ter visto seu duplo da Terra-2.
– Cisco dançando: Rei
– Tem algum WestAllen com esperança depois da conversa de Barry e Iris sobre o casamento da Terra-2?
– Barry correndo pro penhasco e gritando. Que cena… estranha.
– Peço desculpas pelo atraso gigante na review essa semana. Problemas pessoais. Mas, semana que vem, tudo estará normalizado. Prometo!