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The Flash – 2×23 The Race of His Life (Season Finale)

Por: em 26 de maio de 2016

The Flash – 2×23 The Race of His Life (Season Finale)

Por: em

The Race of His Life encerra uma temporada que não foi tão constante quanto a temporada de estreia, mas que foi bem mais interessante em questões de trama. A história dos multiversos é talvez um dos arcos da DC Comics mais complexos de se adaptar e, mesmo assim, Greg Berlanti e equipe deram a cara a tapa e trouxeram Terra-2, Jay, Zoom, Terra-3 e uma infinidade de elementos que tornaram a trama do ano mais dinâmica. Com um foco maior na história de Zoom e sem tantos fillers, poderia ter sido uma temporada tão épica quanto alguns de seus episódios. Mas precisamos nos lembrar que, apesar de tudo, ainda estamos na TV aberta e temos 23 horas para cobrir por temporada, então as freadas na trama acabam sendo inevitáveis.

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Mas deixemos esta análise mais destrinchada para o final e, por hora, vamos nos ater ao episódio de encerramento. E como esperado, logo nos primeiros minutos já damos de cara com um Barry completamente destruído pela perda do pai. Como já é de costume, mas é sempre bom ressaltar porque temos essa sorte, Grant Gustin esteve excelente tanto nos momentos onde segura o corpo sem vida de Henry quanto no posterior velório. O olhar transmitido por ele era o exato olhar de alguém que tinha perdido seu chão – exatamente o que Henry significava pra Barry. Todos sabemos o quanto ele ama e é grato a Joe por tudo que ele lhe fez, mas seu farol era Henry. A pessoa por quem ele mais arriscaria tudo, por quem daria a vida sem pensar duas vezes, por quem viraria a Terra de cabeça pra baixo. Vê-lo ser morto, em sua frente, sem nada conseguir fazer para impedir… Deve ser desesperador e mexe muito com a cabeça de qualquer um.

E é apenas por isso que torna-se aceitável a ideia de Barry de aceitar o desafio idiota proposto por Hunter. Claro, o vilão tinha seus planos maiores por trás da corrida que queria disputar, mas que o Velocista Escarlate tenha realmente decidido entrar na jogada, a princípio sem plano nenhum, não é exatamente a mais inteligente das ideias. Nesse ponto, foi bacana ver todo o time preocupado com Bar e prendendo-o para que ele não faça besteira, mas um tanto quanto prepotente demais enfrentar Hunter sozinhos, depois de todas as vezes em que o vilão passou a perna neles. Assim como eu imaginei, se agarraram a ideia de Caitlin ser sua fraqueza, mas não foi suficiente e isso era tão óbvio que chega a dar raiva que não tenham realmente pensado num plano B melhor do que “aconteça o que acontecer, não vamos abrir a ponte novamente.”

Eles em nenhum momento pensaram como Barry se sentiria quando fosse libertado e descobrisse que, depois de ver o pai biológico ser assassinado por Hunter, perdeu também o pai adotivo? Sério. Não entra na minha cabeça como isso pode ser uma boa ideia e como ele reagiria bem. Que Wally tenha sido o único a pensar racionalmente e tenha libertado Barry foi esperado, levando-se em consideração o história de evolução do personagem no decorrer dos últimos episódios. Wally entrou na série como uma criança birrenta, mas pouco a pouco conquistou seu espaço próprio, como um personagem de respeito e não apenas “o filho secreto de Joe”. Em uma análise geral, fica um pouco a decepção de não tê-lo visto como velocista ainda, mesmo com tudo construído pra isso. Mas dá pra entender a decisão dos roteiristas de primeiro trabalhar o lado humano do garoto, para só mais na frente transformá-lo em herói. Só espero que não demore tanto assim e que, na 3ª temporada, já sejamos apresentados ao Kid Flash.

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O plano de Hunter, no fim das contas, não era algo tão surpreendente assim. Já sabíamos que Zoom era um psicopata megalomaníaco, então essa coisa de “king of the world” realmente não chega como surpresa nenhuma. Nem acredito também que ele achou que Barry compraria a ideia da corrida como uma simples decisão de quem era o homem mais rápido vivo. Com Cisco e Harry no time, era óbvio que o plano de gerar energia para destruir os multiversos seria descoberto, mas Zoom deve ter se agarrado a ideia de que o velocista faria qualquer coisa pra salvar aqueles que ama. E, no fim, ele estava certo. O tempo “preso” fez bem a Barry porque o permitiu enfrentar Hunter com a cabeça mais fria e com um plano já traçado, coisa que ele provavelmente não teria se tivesse aceitado a corrida de imediato. Ia perder e fazer com que todas as Terras fossem destruídas e Zoom se tornasse o senhor desta. O problema, pra mim, foi na execução de todo o negócio.

Eu ainda acho que toda essa história de remanescentes do tempo é algo conveniente demais. Foi legal usar isso como justificativa para trazer o Flash Reverso de volta por 1 episódio, mas eu nem consegui entender o conceito por trás disso pra aceitar bem que seja a causa da derrota de Hunter. Acredito que se o conceito tivesse sido trabalhado mais vezes durante a temporada e de maneira um pouco mais clara, daria pra comprar melhor esse final. Zoom foi um ótimo antagonista, deu muito trabalho, pareceu quase impossível de derrotar e, por isso mesmo, é legal que sua derrocada tenha vindo de um truque que o próprio usou, mas faltou um pouco mais de cuidado do roteiro ao apresentar essa possibilidade. Não entendi exatamente como o remanescente do tempo do Barry sabia que tinha que ir para ali (Ok, dá pra aceitar que ele tenha viajado dimensionalmente para recrutá-lo e tals, mas ainda assim acho que fica confuso), mas a cena da morte dele é ótima e bem emocionante. Mesmo não sendo o nosso Barry, ver Grant Gustin morrer nunca poderia ser algo legal.

Tirando esse pequeno detalhe, a corrida entre os dois foi realmente ótima. Talvez a melhor parte do episódio. As cenas foram muito bem feitas, especialmente o posterior confronto, com Flash dando uma rasteira merecida (e esperada) no Zoom, socando aquela cara e deixando ele ser morto pelos espectros do tempo. Mesmo com toda a raiva canalizada, Barry ainda não parece pronto para carregar o peso de uma morte nos ombros (não quando está totalmente destruído por dentro), mas eventualmente isso terá que mudar, porque alguma situação extrema pode exigir. Mas isso é coisa pra gente discutir quando chegar a hora e não agora.

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Não foi surpresa alguma o homem da máscara de ferro ser o verdadeiro Jay Garrick e menos surpresa ainda que ele fosse o sósia de Henry. A única coisa surpreendente aqui foi ele ser oriundo da Terra-3, e não da 2. Mas a ausência de choque não quer dizer que tenha sido uma má decisão, pelo contrário. Com essa escolha de roteiro, Jay Garrick não fica marcado como um vilão (coisa que os fãs mais hards das HQ’s talvez tivessem dificuldade de aceitar), podemos ver Jonh Wesley Shipp mais uma vez utilizando o uniforme de Flash (pra quem não sabe, o ator interpretou Barry na série exibida pela CBS, no começo dos anos 90) e fica a porta aberta para um possível retorno do ator no futuro. O momento em específico em que o ator veste o uniforme, com uma trilha sonora característica, é bem emocionante e um dos mais bonitos do episódio, competindo diretamente com o choro escondido de Barry ao ser obrigado a encarar novamente o rosto do pai, após tê-lo perdido.

Outra sequência bem bonita desse ato final do episódio é a despedida de Harry e Jesse. Lembro de ter lido uma entrevista do Kriesberg [um dos produtores] falando que uma das coisas que ele mais se orgulha deste segundo ano da série é o Harry, e eu concordo plenamente com ele. Tom Cavanagh é um ator fantástico e conseguiu construir um personagem totalmente diferente do Eobard Thawne que conhecemos no corpo do Harrison da primeira temporada. Sua interação com todo o time foi excelente durante toda a temporada e ver o adeus do cientista a Cisco, Cait e Barry foi bem bonito. Eu fiquei o tempo todo olhando pro relógio do episódio e pensando o que poderia dar errado para garantir a permanência dos Wells na Terra-1, mas eu sem dúvida não estava preparado para o que estava por vir na cena final.

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Barry já agiu muito por impulso e já fez muita besteira nesses 46 episódios de série. Mas essa talvez esteja no topo. Sabe a conversa com os amiguinhos da speedforce sobre superar o passado? Sabe ver com seus próprios olhos como mexer com o tempo não é uma boa ideia? Pois é. Ele preferiu jogar tudo no lixo em nome da dor que sentiu por perder o pai e da busca por algum tipo de paz. Aqui, eu não tô em momento nenhum julgando o que Barry sente, longe disso. Com certeza é uma dor inexplicável. Mas depois de tudo que ele passou recentemente e de todo o amadurecimento que vimos, não acho que seja a mais condizente das atitudes voltar no tempo e salvar Nora. Dizer que ele alterou a linha do tempo é amenizar… ele praticamente ARROMBOU a timeline e não dá nem pra saber pra onde vamos caminhar. Tentei pensar alguns caminhos, mas me perdi entre todas as possibilidades e paradoxos. Melhor esperar e ver no que isso vai dar. Minha preocupação é que isso não influencia apenas em Flash, mas Arrow, Supergirl, Legends of Tomorrow… Quero só ver como o senhor Berlanti vai lidar com isso.

No fim das contas, foi um ótimo season finale pra uma temporada que foi boa, mas que poderia ter sido bem melhor, com um pouco mais de foco. Ainda assim, acredito que The Flash segue sendo a melhor série do seu universo e uma das melhores de super-herói da atualidade. Há muito o que acertar, claro, mas este final me traz uma boa sensação e abre muitas possibilidades. Até então, o show não tem me decepcionado e espero poder continuar dizendo isso nas resenhas da próxima temporada.

Outras observações:

— Pra quem quiser ter uma ideia do quanto a decisão de Barry de salvar Nora pode afetar a série como conhecemos, indico a animação Liga da Justiça: Ponto de Ignição, em inglês chamada de Flashpoint Paradox, que é ótima, curtinha e dá pra ter uma boa noção do quanto a pequena aventura pode ter custado. Claro, ver Flashpoint Paradox adaptado fielmente na TV é impossível dado aos personagens que lá estão presente, mas certamente é dessa fonte que Berlanti e equipe vão beber.

— Várias caras novas tornaram essa temporada mais interessante, mas eu queria destacar mesmo o Teddy Sears, por ter construído um ótimo personagem que nos levou do amor ao ódio em questão de segundos. Sei que ele já está escalado para outra série, mas com esse hard reset do Barry, pode ser legal vê-lo em alguma participação especial novamente.

— Queria agradecer a todo mundo que leu, comentou, se fez presente e me acompanhou aqui nas discussões semanais da temporada. Foi muito mais bacana assistir debatendo os rumos com vocês! E mesmo quem apenas lia e não comentava, meu muito obrigado também. Todos vocês tornaram essa temporada mais interessante e me ajudaram a enxergar e teorizar coisas que, sozinho, eu não conseguiria. 🙂

A gente se vê na 3ª temporada, e até lá, nos esbarramos em outras reviews, especiais e notícias por aqui. Mas, antes disso, não esquece de deixar seu comentário e me contar o que achou dessa season finale e do segundo ano do nosso Velocista Escarlate.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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