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The Flash – 3×01 Flashpoint

Por: em 5 de outubro de 2016

The Flash – 3×01 Flashpoint

Por: em

“Essa não é sua vida. Essa é uma miragem. Uma ficção.”

 

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Há 5 meses, The Flash encerrou sua 2ª temporada e nos deixou com o maior cliffhanger possível. De lá pra cá, foram muitas entrevistas, especulações, fotos divulgadas e uma grande expectativa construída em torno do Flashpoint, aquele que é um dos eventos mais conhecidos da história do velocista escarlate e que os fãs (eu me incluo aqui) esperam ver adaptado desde a primeira temporada. Ainda não dei uma olhada internet afora para ver as reações ao que foi visto aqui, mas conhecendo a fanbase da série como eu conheço, acredito que ela deve estar um misto de decepção com conformismo, o que é perfeitamente compreensível. Da minha parte, digo que não existe nenhum dos dois sentimentos. Flashpoint (episódio e evento) foi exatamente aquilo que eu estava esperando e já prevendo.

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Vejam bem, era um tanto quanto esperado que um acontecimento desse porte não funcionaria muito tempo. The Flash não é uma série que se sustenta sozinha. Ela faz parte de um universo, o chamado Arrowverse, que engloba as séries de herói da CW. O que acontece em uma, afeta a outra, em escalas maiores ou menores. Ou seja: Quanto mais tempo Barry passasse naquele “admirável mundo novo” que ele construiu, mais complicado seria para o roteiro traçar uma narrativa coerente. Dessa forma, o foco volta-se não para o mundo do flashpoint em si, mas para as consequências de sua criação – isso sim, um plot que deve durar toda a temporada e que soa bem interessante.

Claro, a decisão dos roteiristas, por mais entendível que seja, traz algumas coisas que não soam tão bem assim na execução. Barry e Iris, por exemplo. Quem lê meus textos desde a 1ª temporada, sabe que eu odiava os dois como casal, passei a gostar bastante e terminei a temporada passada torcendo muito para que eles finalmente conseguissem encontrar o caminho que levaria um aos braços do outro. Mas, mesmo assim, achei rápido demais como tudo aconteceu com eles na nova realidade. O começo foi bacana e interessante, afinal é sempre bom ver Grant interpretando esse Barry tímido e sem peso nenhum nas costas – apenas um garoto apaixonado por uma garota e sem saber como agir. Contudo, quando o episódio avançou no plot e o romance veio ao foco, a coisa acabou ficando um tanto quanto artificial. É bonito o que a Iris disse de acreditar na história dele sobre o novo mundo criado por “sempre sentir que faltava algo em sua vida“? É. Muito. Agora soa um tanto quanto apressado, cru… Especialmente pelo fato de Iris ser uma personagem apresentada como racional e metódica desde o começo.

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Ressalvas à parte, o episódio funciona, como sempre, quando foca nos dilemas pessoais de Barry. É interessante vê-lo tentando transformar aquele mundo no seu, reunindo o velho time, mesmo com cada um seguindo caminhos diferentes ali. Foi um tanto quanto precipitado ele revelar tudo assim, de cara, no mesmo dia que encontrou com todo mundo, mas é entendível tratando-se de Barry. Muda-se a realidade, mas a pessoa não. Sr. Allen jamais deixaria Wally enfrentar sozinho um velocista perigoso como aquele “The Rival” soava ser. Outra coisa bem bacana foi a história de origem do Kid Flash ser bastante parecida com a do Flash original. Fez com que Barry se enxergasse muito naquela versão de Wally e deu a sustentação narrativa necessária para que ele percebesse o quão errado ele estava sendo em viver uma vida falsa, construída de memórias que não eram suas e que logo menos seriam as únicas que ele teria (outro ponto bem interessante do roteiro, vale ressaltar. A possível perda das memórias faz com que a decisão de consertar tudo não soe tão impulsiva e precipitada).

De uma maneira geral – ignorando os desdobramentos narrativos que já falei -, o flashpoint funcionou por apresentar uma realidade alternativa a que estávamos acostumados. Foi ótimo ver uma amostra do que Wally será quando se tornar Kid Flash (porque ele precisa descobrir logo seus poderes na realidade original também!), conhecer uma versão mais rica e irônica de Cisco e até mesmo ver Barry vivendo a vida que ele teria vivido se Eobard não tivesse assassinado Nora. Uma vida simples, estática, sem preocupações. Sem metahumanos, sem responsabilidade, sem carregar praticamente o peso do mundo nos seus ombros. Um vislumbre rápido de felicidade, que dificilmente ele terá novamente. E uma das coisas mais legais foi ver que, mesmo assim, Barry continuou sendo aquele cara que se importava com todo mundo, com um coração enorme e disposto a fazer de tudo para ajudar aqueles que ele ama.

Claro, era tudo uma perfeita ilusão e não amor  e Eobard estava ali para nos lembrar disso. Nesse episódio, além de vilão, o Flash Reverso funcionou como uma representação corpórea da consciência de Barry; uma forma de lembrá-lo de que qualquer felicidade que ele pudesse vir a ter, estava construída em cima de mentiras, de uma vida forjada e de um belo mundo que nada mais era do que a expressão externa dos sentimentos guardados por Bar. Lá no fundo, era óbvio que Barry sabia disso. Ele não é burro, ele não nasceu ontem, mas ele iria se agarrar até o último momento à esperança de manter vivo aquele sonho – o seu sonho. Foi preciso que Wally quase fosse morto pelas mãos do The Rival e que ele começasse a perder sua força e suas memórias para que ele entendesse o que significa ter o tempo como inimigo. 

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E é doloroso dizer adeus a um sonho. É impossível não marejar os olhos no momento em que Barry se despede de Nora e Henry e agradece por cada momento de felicidade que passou com eles nos últimos 3 meses. É sempre chover no molhado falar que Grant Gustin é incrível quando se trata de drama, mas ele merece os elogios de novo, por uma construção contida, intimista e sem cair no dramalhão. Uma escolha que, sem dúvida alguma, impactou bem mais. No fim das contas, Eobard fez o que o tempo determinou que deveria ser feito e, com Nora Allen mais uma vez morta, a linha do tempo se ajustou… à sua própria maneira. 

Era óbvio que nada voltaria a ser o que era antes e é isso que torna a temporada tão empolgante. Ver a diferença nos pequenos detalhes, detalhes esses que Barry NÃO pode consertar voltando no tempo, é muito mais interessante que ver um evento cataclismático mudando tudo da noite pro dia e depois se ajustando. Se Iris e Joe, antes tão próximos, agora não se falam, imagina o que mais pode estar diferente? Como estão as vidas de Cisco? De Caitlin? Do próprio Wally? Descobriremos à medida que a temporada avançar e eu estou mais que pronto, e de coração aberto, pra isso.

Outras observações:

— Que feels de Fringe esse episódio trouxe!

— Não achei onde comentar no texto, então guardei pra falar aqui: Não faço ideia do que é esse Alchemist (não sou exatamente um especialista nas HQ’s da DC) e tô bem ansioso pra descobrir.

— Outra cena fantástica: Barry provando para Cisco que era de outra realidade ao contar a história dele e de Dante quando crianças.

— O sadismo de Eobard é incrível.

— Chorei de rir com Barry “sequestrando” a Caitlin e depois se surpreendendo por ela não ser cientista.

— Curiosidade: O capitão do Departamento de Central City do flashpoint é Julio Mendes, personagem que na primeira série do Flash, lá nos anos 90, era como o Cisco dessa nossa versão. Outro ponto curioso: O mesmo ator que o interpretou no passado, o interpretou nesse episódio.

— Cisco diz que não trabalhou com Iris e Wally porque não queria receber uma “vibrating hand”, referência a como ele acaba morto pelo Flash Reverso no episódio da 1ª temporada em que Barry volta no tempo pela primeira vez.

— Cadê o Harrison Wells do flashpoint, minha gente? Aliás, espero que mostrem um pouco desses 3 meses em flashbacks.

— Bora lá de novo em mais uma temporada! Prometo que nessa, vou responder os comentários de vocês mais rápido!

Fique com a promo de Paradox, episódio de semana que vem! Até lá, deixa seu comentário. Decepcionado ou satisfeito com o que foi o Flashpoint? 


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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