O Vale Cada Minuto nos leva à residência dos Goldbergs, na Pensilvânia da década de 1980, quando Adam F. Goldberg era criança e sonhava em ser um John Hughes. O garoto vivia com uma câmera na mão para gravar o cotidiano da família: o irmão trapalhão, a mãe superprotetora, e o pai ranzinza, que só andava de cueca pela casa. Naquela época, o pequeno Adam não poderia imaginar que, ali, já se embrionava sua futura carreira na TV – nos abraços esmagados da mãe ou nos gritos de “seu idiota!” do pai. Mas foi isso mesmo que aconteceu: hoje, aos 40 anos, o caçula da excêntrica família Goldberg tem o privilégio de remontar sua infância na telinha da ABC – com a quarta temporada marcada para 21 de setembro de 2016, junto com os queridinhos Modern Family e Black-ish.
As tramas não são lá muito originais, exatamente porque contam a história de uma família comum (ou “comum”, entre aspas, já que os Goldbergs da vida real são ainda mais escrachados do que aparentam na TV, revela Adam). Mas, como em qualquer family show de qualidade, nos garantem boas risadas: um grupo de amigos nerds que detestam Educação Física; a adolescente que tem uma reputação a zelar na escola; o rapaz que completa maioridade e quer um carro de presente; aquela espinha que aparece logo no dia do baile; primeiros amores e corações partidos. E tudo isso sem Pokémon Go nem Tinder.
O que você faria se tivesse a oportunidade de reviver sua infância? Cinéfilo de carteirinha, Adam aproveitou para dar uma apimentada na decoração de seu quarto: todos os pôsteres pendurados nas paredes realmente existiam, exceto Os Bandidos do Tempo e Star Wars VI. “Sempre quis esses dois, mas nunca encontrei. Me processem, mas agora realizei meu desejo,” brinca em entrevista. Ele participou pessoalmente da montagem do cenário e escolheu, um a um, todos os brinquedos e produtos que ficam à mostra. Alguns já pertenciam ao jovem Goldberg (que precisou vender parte dos bonecos antigos para pagar sua festa de casamento – romântico, vai?), outros foram comprados pelo eBay ou encomendados através de cartas que o produtor enviou às empresas (como as embalagens de alimentos que já não existem mais). Vale tudo por uma reconstrução de época impecável, que leva o público aos anos 1980 num piscar de olhos.
Além dos créditos de criador, roteirista e produtor executivo, Adam F. Goldberg também é protagonista e narrador da série – alguém tinha dúvidas? O ator Sean Giambrone interpreta sua versão mirim, enquanto Patton Oswalt faz sua voz adulta, hoje, pontuando as pérolas daquela época – parecido com Ted Mosby, de How I Met Your Mother, conversando com os filhos no sofá. Os episódios de The Goldbergs sempre começam com o bordão “lá nos anos 1980 e pouco…” e jamais definem o quarto dígito dessa data.
“Em geral, as pessoas não se lembram do ano específico em que as histórias aconteceram e falam assim naturalmente,” defende Adam. A frase virou uma estratégia inteligentíssima para os roteiristas poderem inserir inúmeras referências culturais e lembranças reais da família, diretamente do túnel do tempo, sem se preocupar com a cronologia.
Lá nos anos 1980 e pouco…
São 74 episódios no ar até o momento deste post – pode acreditar que a lista é longa! E a nova temporada vai estrear com um episódio em homenagem a Clube dos Cinco.
Curiosidades
- É claro que Adam guarda um enorme acervo da família, então, volta e meia, temos o prazer de conferir os Goldbergs de verdade.
- A série homônima de 1949 não tem relação com a família de Adam F. Goldberg.
- E este Adam também não tem nada a ver com o outro Adam Goldberg, ator.
- Adam realmente se fantasiou como um cubo de Kubrick para a festa de Halloween. “E em dois anos consecutivos,” lembra.
- A casa da TV é bem diferente da realidade. No cenário, o cômodo mais semelhante à antiga casa é a cozinha.
- Murray Goldberg, pai de Adam, morreu em 2008, antes de a série chegar à TV.
- Talvez você não tenha percebido (confesso que eu devo ter piscado neste momento!), mas rolou um crossover entre a série e The Middle: Barry Goldberg estava na mesma festa em que Axl e Sue Heck. Parece furo dos roteiristas, já que Barry deveria estar nos anos 80, e os Heck, em 2015, mas foi tudo parte de uma brincadeira de 1º de abril.
- Se, até agora, eu ainda não te convenci a ver The Goldbergs, segura essa: Adam F. Goldberg declarou interesse em produzir um crossover com a próxima temporada de Stranger Things, a série do Netflix que está bombando e também se passa nos anos 1980.
I am 100% game for a cross-over between @TheGoldbergsABC and @Stranger_Things. Waiting by the phone, Duffer Brothers. Call me: 707-67NERD6
— Adam F. Goldberg (@adamfgoldberg) August 3, 2016
Estou curiosa para saber o que você achou de The Goldbergs! Deixe seu comentário.