O que The Good Wife tem de melhor, mesmo quando oferece um roteiro morno como o de semana passada, são os personagens. Com um saldo de sete temporadas, essas criaturas feitas de pura ficção tem a capacidade nos encantar, surpreender ou apenas irritar. E se nenhum acontecimento bombástico aconteceu, Taxed, quarto dessa temporada, continua a consolidação das mudanças começadas mês passado clareando os objetivos dos showrunners para nós, do outro lado da tela.

Alicia se importa demais como diz Lucca ao fim do episódio. Esse é o problema, embora a própria advogada não o perceba assim. Aliás, essa postura de quem se importa, por parte de Alicia, é vista com orgulho. Ao se deparar com um caso em que o acusado se diz inocente, ela acaba entrando em atrito com os outros advogados da court bar e com o próprio juiz. A court bar, diferente dos tribunais, apresenta uma outra lógica. Aqui, a necessidade é absorver o maior número de casos possíveis (os EUA são um dos maiores sistemas prisionais do mundo) pouco importando se os clientes são culpados ou não.

Quando uma mulher acusada de roubo numa loja de departamento se recusa a aceitar o acordo, a ação começa. Contando com a ajuda de Jason Crouse (que se mostrou um personagem bastante forçado, com o tipo sedutor) a principal suspeita é de que a loja de departamento em questão seja racista e reforce a segurança em sua clientela negra. A investigação chega a um fim inesperado: realmente houve um roubo. A criminosa, entretanto, é a mãe da acusada. Se a justiça falha, isso se deve ao caráter complexo dos seres humanos. Num ato de misericórdia, a filha decide se declarar culpada para salvar a pele de sua genitora. Mas ela não é a única a agir no limite da moralidade.

Diane Lockhart protagoniza com Louis Canning um caso bastante interessante: ambos estão em lados opostos na decisão sobre eutanásia. Diane representa a família de uma paciente que decidiu cometer suicídio assistido. Há de se perguntar: ela realmente acredita nisso? A resposta é um sonora não. Mas essas são as coisas que advogados fazem para não perder clientes. A graça está em assistir a advogada usar de toda sua inteligência e ao mesmo tempo se contorcer a cada depoimento e cada “Objection“.

Do outro lado do front, Eli Gold e Ruth Eastman travam outra batalha, no qual a segunda é vencedora: após trabalhar arduamente para colocar a família Florrick em conflito duplo (entre si e com a agenda de Peter) Eli pensa ter ganho a rodada, afinal, Jackie e Grace discutem e discordam sobre eutanásia. O que ele não esperava era a lábia e docilidade de Ruth: lobo vestido em pele de cordeiro, ela conquista a confiança de mãe Florrick ao prometer mais acesso ao gabinete do filho  e de filha Florrick quando dá seu testemunho como uma boa cristã. As pessoas sempre compram as verdades que lhes são mais convenientes.

Taxed chega ao fim com o gostinho de quero mais e a capacidade de vislumbrar o quebra-cabeça que se explana nos próximos episódios.

Antes de acabar 

• Já na torcida pela Florrick/Quinn. Como esse pessoal é viciado em abrir firmas.
• A disputa pela lista mais “pesada” é só uma prova de que o ensino médio não acaba nunca.
• Como já disse antes, torcendo muito para Diane se tornar juíza ou então formar sua própria firma feminina.
• As cenas entre Diane e Louis Canning são sensacionais. Truque da bengala não funciona com quem já é experiente.
• Eli cada vez mais ardiloso. Vamos ver até onde isso vai.