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The Good Wife 7×07 – Driven

Por: em 19 de novembro de 2015

The Good Wife 7×07 – Driven

Por: em

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“As pessoas são como oceano: ninguém nunca é o mesmo mais de uma vez.”

Com poucas alterações esse é um dos meus trechos favoritos de “O Oceano no fim do Caminho”, lançado há poucos anos por Neil Gaiman. The Good Wife não é uma pessoa mas já passou por tantas alterações que é difícil dizer que continua a mesma. Dinâmicas, personagens e ambientes surgiram e desapareceram, assim como as ondas no mar. O episódio dessa semana, 7×7, resgata um pouco dos tempos áureos da série, com um roteiro afiado e uma direção precisa e dinâmica. Episódios assim são lufadas de ar fresco numa temporada que arrastou-se até aqui.

Sicário, último filme de Denis Villeneuve, que esteve em cartaz no último mês em diversas salas do país tem uma protagonista bastante peculiar. Jogada no meio de uma guerra entre o poder oficial e legitimado e o poder paralelo, advindo do crime, ela percebe-se como uma bússola moral, vagando nos limites tênues entre o certo e errado, bem e mal. Ela não é forte. Ela não é um lobo, como um dos personagens afirma ao fim do longa. Muitas vezes para lutar contra monstros, é necessário tornar-se um. Por recusar-se a se tornar um lobo ela não pode combatê-los. Escolha sábia? Talvez. Precisamos de lobos no mundo para termos o privilégio de estar ao lado dos cordeiros. Esse é o caso de Alicia.

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Quem se lembra da santa e doce Alicia das primeiras temporadas? Arrastada pelo marido à arena midiática e política, tendo sua vida íntima exposta em diversas instâncias, traída, ela precisa voltar ao trabalho, num contexto que ignora as potencialidades dos mais velhos e das mulheres. Veja o episódio de semana passada. Os escritórios são lugares de homens brancos, jovens e bem sucedidos. Donas de casa traídas publicamente não são bem vindas. Alicia foi jogada aos lobos. Sem o privilégio de optar por continuar cordeiro, ela veste bem a pele de lobo. O pelo negro nela parece um casaco de grife. Sete temporadas depois, Alicia mudou assim como o oceano. Se ela não é a anti heroína da história, não podemos, entretanto, chamá-la de heroína, no sentido clássico, pois ela não o é.

O caso da semana envolveu com grande maestria as tramas de Lockhart/Argos e Florrick/Quinn. Um carro, preparado por um software cujo objetivo é evitar acidentes deixa uma mulher em cadeiras de rodas. O caso, em si, não é o mais interessante do episódio, mas abre espaços para outros grandes desenvolvimentos. O processo, que seria uma frente dupla entre o motorista do carro teste e da empresa, representada por Diane e Cary, contra a reclamante, defendida por unhas, garras e mulatas por Canning, reconfigura-se quando Louis sugere ao motorista que procure Alicia. O jogo, literalmente vira, e três frentes diferentes se formam, cada uma buscando seu interesse. A falha, afinal de contas, estava nos erros humanos e não nos softwares.

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A boa esposa mostra-se acima da moralidade e dos laços, escorregando entre uma argumentação e outra, procurando beneficiar seu cliente. É o que qualquer advogado faria. Mas não deixa de assustar perceber Alicia nessa posição, tão sarcástica e afinada. Sua vida além dos tribunais corre bem: o esquema de votações do partido já começou e, por estar devendo favores a Frank Landau, ela se encontra numa sinuca de bico: o que fazer quando se deve favores a alguém corrupto? Na vida pessoal, uma nova investidora decide apoiar Peter. Mas para isso precisa avaliar a vida conjugal desse casal, obrigando-os a viver como marido e mulher, dentro do mesmo lar. O que inclui sexo casual. A sequência onde Peter e ela fazem sexo, que começa com uma pergunta direta por parte dela (“Wanna get laid?“) e termina com seu pequeno monólogo sobre como é mais excitante fazer sexo sem amor mostra esse novo lado de Alicia.

Nas tentativas de agradar a nova investidora, pela qual Eli acaba sentindo algo (e nem me arrisco a dizer que ele está, de fato, apaixonado) um jantar é armado na casa dos Florrick para comemorar o aniversário de Grace (que é em março). Quando as coisas já estão estranhas o bastante, eis que Jackie e Howard decidem oficializar seu noivado.

Muito obrigado a todos os envolvidos nesse episódio. Finalmente a série está andando.

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Antes de acabar

  • Jason Crouse tem um fim eminente em The Good Wife: ele assinou um contrato para ser um vilão em The Walking Dead.
  • Dinâmica interessante entre Peter e Jason. Finalmente uma camada nessa figura chapada.
  • Watch it! Todo dia é 7×1, todo dia o jogo vira. Já acabou, Canning?
  • Alicia conversando com Eli sobre as diferenças entre sua antiga versão e sua versão atual.

Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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