Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

The Good Wife 7×08 – Restraint

Por: em 26 de novembro de 2015

The Good Wife 7×08 – Restraint

Por: em

the_good_wife_7x08_2

Bem lá no piloto de The Good Wife, quando Alicia chegava na finada Lockhart, Gardner & Stern (quem lembra do velho Stern que foi chutado da firma pela dupla dinâmica?) ela era acolhida por Diane. Não sei se acolhida é o termo mais correto. Fato é que Diane se mostrou uma mentora, alguém que estaria disposta a ajudar Alicia. Até aí tudo bem. O que me incomoda nesse episódio é a construção extremamente caricata de Diane. Ela é uma socialite pomposa, com risada extravagante, roupas chamativas e um pequeno cachorro a tira colo, como vemos em filmes. Essa, sem sombra de dúvidas, não é a Lockhart que conheço. Diane Lockhart é uma mulher inteligente, sábia, independente, destemida e extremamente politizada. Ela é o que pode ser chamada de progressista: defende a legalização do aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo…

De longe ela é uma dos meus personagens favoritos da televisão. Num ano cheio de Jessica Jones e Kimmy Schimidt esse é um grande, grande elogio. Sua moral, ou pelo menos, suas ideias de ética permanecem. Se tem algo que admiro é quando os posicionamentos de uma pessoa não mudam de acordo com as circunstâncias. Isso demonstra uma constância, uma firmeza, que poucos tem. Basta um olhar mais atento para o resto dos personagens de The Good Wife: Peter, Eli e até a própria Alicia. Todos eles tem valores fluidos, inconstantes. Estão acima da moral. Mesmo quando Diane defende casos com os quais não tem alinhamento político ela consegue fazer sua voz ser ouvida.   Assim, nada mais justo do que oferecer um episódio todo dedicado à essa mulher.

the_good_wife_7x08_1

Alicia é a protagonista da série, entretanto,  em Restraint sua atuação é toda pelas beiradas. Ela e Lucca estão desesperadas por clientes. Qualquer bico é visto com grandes olhos e quando Diane acaba entrando num caso polêmico, elas veem a oportunidade de abocanhar clientes importantes (e ricos). Mais uma vez conduzida por Evan Carter pelos seus limites morais e éticos, Diane precisa entrar num processo contra uma médica acusada de “vender tecidos de fetos”. A reclamante é uma mulher que fez aborto com a médica em questão. Mas esse é só o começo do problema: Diane é pró-escolha. O objetivo do caso, é vazar um vídeo onde a conversa sobre a venda de tecidos é gravada e acirrar a problemática e discussão em torno do aborto. A defesa pede que o vídeo não seja divulgado.

A sinuca de bico se instala exatamente aqui: embora pró-escolha, Diane é também contra a censura (e, claro, Carter paga bem). Proibir a veiculação de um vídeo é a melhor maneira de não servir munição aos pró-vida? A censura, nesse caso, é válida? O que eu penso é também o que Diane pensa. Não. Em dado momento ela diz que é melhor que o acesso ao vídeo seja liberado e que o debate em torno da legalização do aborto aconteça. Nenhum argumento válido precisa se valer de censura. Infelizmente grandes associações de mulher não concordam com Diane e decidem se retirar da firma e ir para os braços abertos, sempre solícitos, da nossa boa e velha esposa: Alicia Florrick.

the_good_wife_7x08_

O desespero pelos clientes é tão grande que vale tudo, inclusive Grace usando vídeos da internet para servir como barulho de firmas e pessoas conversando. Vale até Lucca se passar por espiã e ir até Canning se fingindo interessada em trabalhar com o vigarista para coletar informações de possíveis clientes e caçá-los. Eli, num ato de bondade (e para não prejudicar a campanha de Peter) oferece um pequeno serviço: Alicia poderia prestar uma pequena consultoria à Courtney Paige.

Courtney Paige essa que, inesperadamente, é o novo alvo de Eli. Depois de Natalie Flores é a primeira vez que vemos Eli interessado, romanticamente, em alguém. Se lá o envolvimento parecia mais orgânico, o atual soa como (um meteoro da paixão) algo forçado, quase. A cena do beijo fica no limite tênue entre o convencimento e a falta de graça.

Restraint teve a segunda pior audiência da temporada, marcando 0.9 no Nielson Ratings. Dessa vez a nota ruim tem uma explicação bastante plausível: o episódio concorreu com o American Music Awards. Faltam apenas dois episódios para a mid season finale que vai ao ar dia 13 de dezembro. Já é o segundo episódio consecutivo bom e fico feliz de observar essa caminhada. Lendo outras reviews  de outros sites, concordo plenamente com a autora de um deles. O final que os Kings almejam para a série é um final de calmarias. O que The Good Wife sempre teve a oferecer era uma série sagaz e com roteiro impecável. Reviravoltas, cenas de ação, dramalhões… Isso nunca foi prioridade da CBS. Tendo em comparação o final dos últimos episódios, essa é a jornada que podemos esperar. Resta esperar pelos dois próximos episódios e saber o que se passa na cabeça dos produtores.


Daniel Matos

Ex-gordo, fã de televisão e da Palmirinha.

Belo Horizonte

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

×